Houve um tempo em que a leitura da poesia, filosofia e estética Rubem alveana era, pra mim, a graça em seu estado de ternura inquietante. Eu me debruçava por entre os seus versos floridos de Ipê amarelos, rosas, brancos, somente para me cobrir de uma beleza a mais serena e mais vital.
Eu entendia a vida como um mergulho na poesia de Rubem Alves que lida com a mesma como quem se deleita por sobre sangue e se embriaga dele.
Alguns outonos depois, selecionando textos e livros poéticos para o aniversario de 9 anos do Coletivo Cultural Pegando o Gancho, me ocorre abrir algumas deliciosas páginas do livro As cores do crepúsculo: A Estética do envelhecer. E eis que o reencontro acontece me envolvendo de saudade, assim mesmo, como o Poeta diz: A saudade deseja que tudo seja um eterno retorno. Assim, de uma saudade desejante de eternidades...
Me coloco diante desse encontro como uma gestação de dentro de um novo ventre! Mas gerindo-me no estágio de envelhecer, sinto que desejo nascer velho, não para fazer o inverso, voltar a uma infância quase inútil, mas para me distanciar do ato de morrer.
Sim!
Eu antecipo a velhice para sentir a morte mais distante.
Essa descoberta, realizada no mergulho poético com Rubem Alves, é uma ode a vida, acho que envelhecer mais jovem me arranca a sensação da tristeza por que tristeza é juventude fúnebre.
Boa ideia.
Gilson velho.
E já!
Por que velhice é crepúsculo, eu me apreciando como uma eternidade-saudade, digno de eternidade-presença por que insano diante da vida que se despede vazia ou que nao se despede por que negada sua orgia vital.
Esta reflexão não tem fim.
Me sintonizo com a saudade e o seu desejo de eternidade.
Tenho a velhice inteira para continuar degustando a página atual que leio.
Gilson Reis
09.11.11 - 19.07.14
Não tinha entendido o cheiro de mofo que irritou o nariz da Isa e nem mesmo o adjetivo velho vindo da Marli. Lendo seu texto pude me deliciar de uma maneira eterna, pois realmente envelhecer é embelezar a vida. Sem sombra de dúvidas ficamos mais belos mais velhos, me sinto assim, somos mais sábios, mais uma porção de coisas. Vale a pena né veinho!?
ResponderExcluirSublime Luiza!
ResponderExcluirVou aprofundando esta reflexão e vontade de estar velho! Rubem Alves está me iluminando e você tambem.
Cheiro de calmaria
Gilson,
ResponderExcluirSó hoje estou lendo seu texto e os últimos postados no blog. Confesso que não ententi o que você escreveu, aliás acho que não é que não entendi, é que não vejo essa beleza na velhice. Ao contrá, muito ao contrário. E vamos rezar pra que ao menos tenhamos uma velhice com saúde, ah... e que quando ficarmos doentes (algo muito mais comum entre as pessoas idosas - os planos de saúde sabem disso) que tenhamos ao menos um lugar digno para sermos atendido. Haja visto o que tenho vivido desde sexta feira acompanhando meu pai na Santa Casa de Misericórdia, que não deveria ter esse nome porque é uma absoluta contradição, pelo menos do que compreendo como Santa, Casa e Misericórdia. Ah... gosto dos textos de Rubens Alves.
Lau, sei do que você está falando. Outro dia recebi um e-mail com o título: Vamos colocar nossos velhos na cadeia!!! E eles também sabiam sobre o que estavam falando. Ô mundo tão desigual, e às vezes, tão igual. E desigual.
ResponderExcluirMarli Pereira
De que velhice estão falando...
ResponderExcluirNão é a que sonho.
E que existe.
Eu quero ir para alem do que concebo e do que vejo.
Na minha frente há a possibilidade de realização e de desilusao. Como em toda infancia, adolescência, juventude ...