Durante os dois últimos meses, eu, como muitos brasileiros e brasileiras
estivemos refletindo sobre os eventos políticos nas ruas do nosso país. A
grande maioria perplexa porque, acostumada a fazer uma leitura, análise dos
fenômenos sociais no Brasil, desta vez não sabia o que estava acontecendo.
Nunca o Brasil tinha visto, em toda a sua história contemporânea, algo igual. Outra
parcela da população, pela primeira vez tinha a oportunidade, de também pela vivenciar
verdadeiramente a democracia, porque influenciado por milhares de pessoas, também
saiu às ruas, e pode demonstrar sua insatisfação, frustração, revolta, raiva,
desilução pela política no Brasil. Então saíram à rua mesmo. Tinha gente que
não sabia o que estava fazendo ali, além de caminhar; mas uma coisa tinha
certeza, fazia número... e isto não é pouco. Como sabemos, os motivos para
justificar as manifestação são muitos e justos. Os políticos da nossa nação precisavam
desta sacudidela. Porém, voltando aos black bloks à brasileira, é assim que eu
os chamo, ou seja, aqueles que no meio da multidão, desde a primeira
manifestação no dia 06 de junho, estavam mascarados e vestidos com roupas
pretas, e que protestam, como os da década de 80 e 90, contra o capitalismo e a
globalização sua máxima representação e que se materializa nas corporações
multinacionais. Porém, como escrevi na segunda feira passada, me
surpreende este movimento aparecer só agora em nosso país. O Brasil vive um
momento também jamais imaginado pelos mais céticos. Para muitos talvez em 2100
nós chegássemos onde estamos hoje. Já somos uma nação emergente. Há ainda uma
grande desigualdade que precisa ser reparada. É preciso tirar milhões da
pobreza. Levar a escola onde as crianças ainda precisam trabalhar para
sobreviver. Porém, na última década avançamos. Não está na hora de protestarmos
por escola pública de qualidade para todos, desde a primeira infância até o
ensino superior? Dias atrás no site da UOL tinha uma manchete sobre o aumento
da verba de gabinete da Alesp. Logo que cheguei em casa busquei nos telejornais
alguma notícia de manifestações sobre mais este gasto público desnecessário,
não vi nada. No Rio de Janeiro ficaram na frente da casa do governador durante
dias para protestar. Porém, jovens negros continuam sendo barbaramente
assassinados em todo país. Nunca vi nenhuma manifestação por isso. Em São Paulo
as favelas são queimadas, e os favelados se tornam sem tetos; também sem
manifestações que os defendam. Então a quem servem os Black blocs à brasileira?
Não está na hora dos integrantes deste movimento se voltar para as questões
sociais mais gritantes do Brasil e que ainda precisam ser tratadas com
responsabilidade e a participação de todos?
Nenhum comentário:
Postar um comentário