Amigos enganchados, saudade do blog!
Hoje dedicarei a postagem para a amiga mais recente, Eleni Garcia, companheira de hostel e que me incentivou a assistir o monólogo interpretado pela excelente Ana Maturano, "Cora Coralina", espetáculo que fechou com chave de ouro minha maratona teatral pelo Fringe 2014.
Vive dentro de mim uma cabocla velha de mau olhado,
acocorada ao pé do borralho, olhando para o fogo.
Benze quebranto, bota feitiço...Ogum. Orixá. Macumba, terreiro, Ogã, pai de santo...
Vive dentro de mim a lavadeira do Rio Vermelho.
Seu cheiro gostoso d'água e sabão. Rodilha de pano. Trouxa de roupa, pedra de anil.
Sua coroa verde de são-caetano.
Vive dentro de mim a mulher cozinheira. Pimenta e cebola. Quitute benfeito.
Panela de barro. Taipa de lenha. Cozinha antiga toda pretinha. Bem cacheada de picumã.
Cumbuca de coco. Pisando alho sal.
Vive dentro de mim a mulher do povo. Bem proletária. Bem linguaruda, desabusada, sem preconceitos,
de casca-grossa, de chinelinha, e filharada.
Vive dentro de mim a mulher roceira.
Enxerto da terra, meio casmurra. Trabalhadeira, madrugadeira, analfabeta.
De pé no chão.
Bem parideira. Bem chiadeira.
Seus doze filhos.
Seus vinte netos.
Vive dentro de mim a mulher da vida.
Minha irmãzinha... tão desprezada, tão murmurada...
Fingindo alegre seu triste fado.
Todas as vidas dentro de mim:
na minha vida -
a vida mera das
obscuras.
Lindo poema! Cora Coralina é uma poetisa que eu gostaria de tomar um café com ela nas ladeiras de Goiás. Eu, Você e ela. rsrsr Cheiro
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