sábado, 31 de maio de 2014

NALDO - Saudade

Que me venha Cora Coralina! Venha! Eu também “não sei se a vida é curta ou longa demais para nós”! Certeza eu tenho que é preciso “Tocar o coração das pessoas”, e ai vive-se eternamente.
                                 
6 anos que o Naldo realizou a travessia para o mistério. Fio da P nem deu mais notícia! Deve estar ocupado com as travessuras que tanto prendia as atenções de quem o via travessurar. Permito-me inventar expressões, afinal falo de Naldo, cuja criatividade não cabia no coração mais largo. Eu travessurava com ele.

Hoje me peguei pensando o que teria vivido se estivesse cá... nada disso tenho como certo, afinal a vida, aqui, também é um labirinto de travessias e mistérios. Mas eu me imaginei sorrindo! Sim, a vida com Naldo só cabia dentro da magia do sorriso! Mas não só. Por isso me imaginei despedindo-se de lágrimas engravidadas! Sim! Por que a vida com o Naldo só cabia dentro do que era intenso e visceral! E tudo engravidava! Acho que parimos sonhos a dar de vista! Pois cada encontro com ele era uma oportunidade degustada com requintes de intensidade. Até no silêncio.

E eu também me imaginei mais feliz! Sim, por que apensar de questionar a felicidade, era dela que se servia no banquete das amizades. Não precisava de muitos motivos para vivê-la, afinal, como disse Carlos Drummond de Andrade, ser feliz sem motivo é a forma mais autêntica de felicidade. Sinto que é o mesmo que Guimarães Rosa expressa ao dizer que Felicidade se acha em horinhas de descuido.

Não sou mais feliz hoje, que há dois anos passados. Não se pode. Impossível! No mínimo, sou mais otimista. O pedaço de felicidade que o Naldo ocupava está ai...num vácuo que não se preenche nunca. A Alma de quem perde é visitada por uma tristeza profunda. Mas tristeza é inspiração desmedida! Como assim sentiu o Poeta Vinícius de Moraes que de-li-ci-o-sa-men-te escreveu e cantou que “Pra fazer uma samba com beleza é preciso um bocado de tristeza, se não, não se faz um samba não...”. Invadido por tão expressivo sentimento, pode-se lançar-se a ele como um compositor apaixonado que se embriaga, perseguindo a beleza e, assim, a intensidade da perda guarda uma aprendizagem grandiosa.

Amigo é pra ser ter como preciosidade, portanto eterno. Pedaços deixados por eles não se ocupam! E agora nem importa entender! Clarice Lispector eternizou o sentido da existência quando registrou que não nos preocupássemos com o ‘entender’ pois, viver ultrapassa todo entendimento. A Poetiza do não entendimento fala da Rosa como “flor feminina que se dá toda e tanto que para ela só resta a alegria de se ter dado”

É isso, querido Naldo...
Obrigado pela alegria de se ter dado!

Gilson Reis

31.05.18

2 comentários:

  1. Que momento delicioso o de lembrar nas suas ricas expressões o Naldo. Ao mesmo tempo que momento triste lembrar que não conseguirei mais vê-lo, abraça-lo mesmo tirando do lugar meu braço quebrado, tamanho e gostoso era seu abraço. Sublime momento este!

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  2. Querida e também eterna Lucia! Até o dia de minha morte escreverei sobre o Naldo... Acho que escreverei mais ou menos 150 textos.. rsrsrsr

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