domingo, 10 de agosto de 2014

Das emoções do outro lado dos olhos...



Era uma manhã bonita, os cachos do sol anunciavam festa! Sim, estava bela, vista do outro lado da janela já cinzenta. E ele pisou o chão em horas passadas....

E tudo se vestia de alegria.
Que alegria alegre menino!

Já se fazia tempo de mostrar tanto sorriso! De rodar por entre as alegrias vistas dentro da roda. E era uma roda linda! Cheia de negros e negras. Era uma roda cheirosa, com cheiros diversos. Passeava por suas narinas o cheiro de montanhas, paisagens com ares de distância que lembravam saudades nunca sentidas, mas prometidas como prazer digno de sentir!

Cheiro de carne suculenta que, tão logo sentira, já era presenteado com um nobre pedaço em seu estado quentinho, exalando suaves neves acaloradas, pronto para o deleite. E ele se deleitou!! Que menino deleitado! A alegria passeava na companhia dos cheiros e dos sabores!

Não se obrigada sentar em lugares exatos. Esse menino não era de lugar algum! Era de onde a paisagem abrigada daquilo que lhe dava gozo! Comidas, bebidas, cheiros, sabores, olhares, sensações... e gente!! Gente que o menino alegre abraçava com o calor das águas relaxantes. Que menino relaxado! Esse menino!...

Quando se percebia degustando a alegria de um idoso em seu cantinho discreto era só olhos transmitindo vida! Olhar que se misturava aos sorrisos alforriados daquela negra que se encantara com o seu terreiro em estado de graça! Saudade de um terreiro cheio de formigas alegres comendo de suas folhas deliciosas! Que menino comilão esse menino!

Aproveitava a alegria para ser alegre! Não perdia nenhum pedaço de alegria!

Êita esse menino...
é...
que menino esse...
...             ...                ...                  ...              ...

Decerto era uma manhã bonita...

Vista do outro lado de uma janela já cinzenta...

Em horas passadas...

O menino, de fato, gastara horas a fio fixando seu olhar numa paisagem inacabada... degustando suas agruras...

Gilson Reis
10.08.14




Um comentário:

  1. VOTO ESTRATÉGICO

    Teríamos nessas eleições alguma justificativa para votamos em um partido político e em seus candidatos? Para alguns a saída é voltar à administração inoperante tucana que dentro de oito anos privatizou nossos bens, mas do que qualquer coisa; outros estão se iludindo com uma suposta falsa alternativa, vendendo uma “nova política” que nem eles mesmos sabem qual é; e ainda os que radicalizam a política, dentro de um discurso coerente até, mas que precisa de um fortalecimento mais consciente da massa para se sustentar e se tornar viável.
    Nesse emaranhado de situações, arriscamo-nos a seguinte tese: o voto estratégico. Não queiram achar que estamos defendendo o voto no PT e na Dilma simplesmente. Passamos agora as justificativas do por que do voto estratégico: primeiramente acreditamos que seja necessário que o PT e o governo esgotem completamente sua crise e que deixe de fato de representar uma política de esquerda e popular. Quando afirmamos isso, queremos dizer, no imaginário popular, pois é verdade que para alguns movimentos sociais, o PT já não os representa mais. Se o mesmo não se transformou totalmente em um partido da “direita”, ao menos é preciso coloca-lo no “centro”, pois, nitidamente cada vez mais se sustenta da estrutura sindical burocrática e de movimentos tradicionais, e não mais da massa popular, daqueles sem voz e sem vez.
    Embora seja tese para muitos ainda dentro do PT e do governo, a importância de se continuar governando e fazer pressão por dentro para se realizar as reformas necessárias e construir uma administração popular e participativa. Cremos cada vez menos nessa possibilidade, devido às nuanças decorridas nesses anos de governo. Que deixemos claro e distinto nossa posição: o voto estratégico não tem essa finalidade, e sim, sua centralidade e objetivo é que o PT cumpra seu papel de aprofundar a crise como partido de esquerda, para que possamos criar de fato uma alternativa popular e de massa, capaz de sustentar as transformações na política brasileira.
    Imaginamos o seguinte: que o PT volte à oposição nesse momento. Certamente voltará como “bom moço” prenhe ainda de apoio, talvez até mesmo com o discurso de injustiçado de que muito fez e não foi reconhecido. Ficará numa oposição de centro e daqui a quatro ou oito anos volte nas graças da população (com Lula, quem sabe!!), mas com a mesma política atual de governar. Por isso, afirmamos ser importante o esgotamento total da crise. É esta a razão pela qual se justifica o voto estratégico.
    Por fim, duas conclusões: não queremos desmerecer a política social do PT. É justamente essa que os mantém no imaginário popular, e consequentemente impede o surgimento de uma alternativa plausível. Por outro lado, também não desmerecemos o esforço que alguns partidos de “esquerda” fazem para mudar o cenário político, somente que não deveriam focar suas energias em aparecimento de novas personalidades políticas e sim, numa alternativa popular, de massa e participativa, que os sem voz e sem vez tenham oportunidades reais de decisões emancipatórias, superando a inércia de apenas ficarem recebendo benefícios. Fomentar uma mobilização capaz de sustentar as transformações no país.
    Finalizamos. O voto estratégico é apenas um ponto do iceberg sem importância, haja vista, se não tivermos a força necessária para obrigamos o PT a continuar cumprindo seu percurso. A crise do PT e do governo será de curto ou de longo prazo, dependendo da correlação de forças dos movimentos sociais e partidos tidos como de esquerda, em saber explorar as contradições e aprofundar debates importantes com a população, construindo uma consciência popular em contrapartida ao um imaginário afetivo.




    José da Silva Oliveira – 01 de outubro de 2014.

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