quinta-feira, 1 de novembro de 2012

AOS 10 ANOS...

Com um papel cortado em tamanho pequeno e uma caneta na mão, somado ao tempero da afetividade... escrevemos, no sarau de 10 anos, estas belas memórias de nossa infancia...
Aos 10 anos eu estava brincando de boneca de milho, pulando corda, pulando amarelinha... Brincava, brincavam brincava... de mãe da rua, mamãe polenta, volley, queima, futebol, passa anel... ah que saudade! Varria o quintal em dia de vento. Passava o rodo o jardim em dia de chuva. Andava de bicicleta, caia e levantava como se nada tivesse acontecido.

Aos 10 anos estava colhendo algodão. Mas também brincando de queimado com os colegas. Ah! Era minha brincadeira preferida! Eu também estudava... em meio a muitas dificuldades. Lembro-me das cocadas feitas na pedra que mãe fazia. Carrinhos feitos por mim com toco de madeira e tampinhas de sevem up. Um pastor do quartel comeu as roupas intimas de minha Irma.

Aos 10 anos eu pescava com meu pai num rio de caverna. Tocava as jumentas para a roça e brincava com as ovelhas do vovô, cortava lenha, buscava água nas cabaças e latas na cabeça. Na cidade, só pagava mico as portas dos bancos. Lembro que Joguei um pedaço de paralelepípedo na cabeça de um moleque que me xingava todos os dias de negrinha. E fiquei escondida o dia inteiro na casa com medo de tê-lo matado. Adorava subir na mangueira do quintal de minha avó para colher mangas. Corria temerosa de uma pedra que eu dizia “encantada”. Comia amora e tudo quanto era de “boa aparência.” Falava sozinha. No campo, subia no cupim e ficava com medo de descer. Morria de medo de vaca, até hoje. Pegava terra num barranco com uma vaca me sondando. Aprontava na escola.

Aos 10 anos... me lembro da presença amiga de minha professora, companheira, sempre muito gentil. Perdi o ano escolar por causa de uma doença. Estudava na quarta serie e estava ansiosa para ir a quinta serie que tinha as aulas separadas. Eu ia ter historia e geografia pela primeira vez. Reunia os amiguinhos no quintal para dar aulas, ouvia o tocar dos sinos e sabia: É hora da catequese. Em nome do pai, do filho e do espírito santo. Amem.
Morava no Paraná, subia em arvores e andava sobre uns tambores. Pegava rabeira nos caminhões que carregavam cana. Estudava e cantava. Adorava cantar. Pensava: Quando eu crescer quero ser cantora, mas mal sabia que eu já era. Já cantava muito com meu irmão Paulo e com meu colega da escola João de Deus, muito tímido. Fiz uma apresentação na escola e envergonhada não disse pra ninguém em casa. Minha tia que lecionava na escola me dedurou.

          
Aos 10 anos fui a uma vaquejada nas brenhas do sertão em companhia de minha mãe e amigos de infância. Saiamos de madrugada rasgando a caatinga. Corria pelas ruas... não gostava de acordar pela manhã, mas adorava tomar leite com café e comer bolacha de maisena.

Aos 10 anos achava que com trinta anos estaria casado, com filhos e morando em São Paulo. Hoje, com 29, percebi    que quero apenas morar em São Paulo... Fui morar em outro bairro com meus pais e irmãos, pensei que não ia gostar, mas foi uma experiência muito boa. Minha primeira mudança, a primeira de muitas outras. Sai de minha cidade tão pequena com casas tão pequenas, mas gigante para uma garota de dez anos. E viajei para a selva chamada São Paulo. Que lembrança maravilhosa que tenho do cheiro da dama da noite, que senti quando aqui cheguei.

Meus 10 anos de idade não estão muito longe. Então fica mais fácil me lembrar. Eu costumava ler muitas revistas, gostava de ler relatos da vida das pessoas simples que venceram na vida.




















Aos 10 anos coloquei um ponto de exclamação na tristeza de minha tia: “Meu Deus! Ele copia os croquis do Clodovil!”

Aos 10 anos... eu...
Não faço a mínima ideia!


Coletivo Cultural Pegando o Gancho
Aniversario de 10 anos – 27 de outubro de 2012

terça-feira, 30 de outubro de 2012

VIDA LONGA

No último final de semana comemoramos 10 anos de História do Coletivo Cultural Pagando o Gancho. Foi ocasião oportuna para relembrar os acontecimentos mais significativos dessa trajetória, marcada por poesia, afeto, amizade, comida, bebida... Muitas pessoas, "da melhor qualidade", fazem parte dessa História. Uns deram sua contribuição e, por motivos diversos, se distanciaram, dessa forma, acompanham as atividades do grupo de maneira menos intensa. Foi significativo contar com a presença de algumas dessas pessoas no último sábado, vê-las na exibição das fotos e vídeos!  Outras pessoas se aproximaram do grupo e, de maneira apaixonada, sinalizam para a continuidade do CCPG por muitos e muitos anos... O importante é saber que a bagagem do Coletivo conta com um pouquinho de cada pessoa que por ele passou ou está presente! 














segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Cotas Raciais - Por que há no Brasil?


Cotas Raciais – Por que há no Brasil?

Hoje trago para refletirmos o assunto: Cotas Raciais. As cotas foram primeiro foi para as universidades, e agora, oficialmente no serviço público. Porém, toda vez que este tema surge, nos mais diversos meios sociais tem sempre um pelotão de pessoas para se colocar contra. Muitas, às vezes não sabem por que as cotas passaram a existir, mas são contra. Os argumentos para justificar sua opinião são os mais estapafúrdios possíveis. É óbvio que por trás de grande parte das pessoas que são contra está o racismo, ou seja, aquele que se manifesta da maneira mais perversa que pode existir, que é o preconceito velado. A justificativa mais comum é que seria preconceito com as pessoas negras; e dizem “assim é que elas (as pessoas negras) serão realmente discriminadas”, porque estariam recebendo um “favor” e não mostrariam que são capazes de conseguir sozinho o sucesso. Outras pessoas são mais radicais, e dizem então tem que ter contas para os brancos também.  Outras ainda insistem no fato que talvez devesse ter cotas para pobres; e perguntam: por que tem que ser para negros?  Resposta simples de responder – quem, no Brasil são os pobres mais pobres? Os negros. Então, porque não podemos ter cotas para negros e sim, para os mais pobres? Obviamente que por trás destas falas está o desconhecimento da verdadeira história do Brasil e como os negros, que foram trazidos da África à força foram inseridos em nossa sociedade. E depois, do processo de exclusão e negação desta parcela da população brasileira durante séculos. As cotas para negros e índios, hoje tem o papel de reparar a ação do Estado que relegou os descendentes destes dois povos à margem da sociedade brasileira. Logo, não é favor, mas obrigação do Estado brasileiro dar oportunidade àqueles que durante séculos ficaram alijados dos benefícios que são oferecidos à população brasileira. Desta forma, segue abaixo, links com várias matérias do jornal Folha de São Paulo, que tratam deste assunto. É evidente que este tema não se esgota aqui. Há muito que se falar e escreve sobre as cotas raciais no Brasil. E a forma mais adequada para uma conversa aberta e franca é conhecer os verdadeiros motivos da implementação de cotas raciais no Brasil.




Estas três matérias de jornal, nos dão um painel do porque da criação de cotas hoje. É imprescindível que se conheça a história da formação da sociedade brasileira para se entender porque as cotas são necessárias. De outra forma, muito dificilmente seremos de fato uma democracia. Há que se pensar se vivemos em uma democracia realmente, se temos tantas pessoas ainda excluídas da sociedade por causa da cor da pele.