quinta-feira, 18 de outubro de 2012

HOMENAGEM AO JOSÉ FREIRE

 


Eu vejo lágrimas nesta página! E sorrio de encantamento! Outro não poderia ser o sentimento diante do homenageado que ora vos apresento.

A ti, sensível José, minha mais nobre admiração!

Quando está diante da beleza alforria lágrimas de dentro da alma e as lança diretamente na alma de um outro. Sentimentos do José não se perdem com a despedida de suas lágrimas, mas se encontram, afetuosamente, no entrelace de quem as aconchega.
Eu te aconchego.

Meigo e intenso José, a poesia também é constituída de carne e osso quando ela se instala na própria pessoa. E ela resolveu bater na porta de teu coração por que os versos necessitam de colos e abraços quentes!

És “Lua, nua, que flutua e compactua”. Nas tuas veias a emoção grita!

Neste artista da terra, a emoção se agiganta e cicatriza-se nos olhos de quem vê! Diferentes instantes de beleza nos saraus arrancaram, visceralmente, lágrimas que, de tão engravidadas, fertilizaram a alma! E esta imagem é de uma grandiosidade tão nobre, como uma revolução do sentimento, que se aloja no corpo-vida pra reclamar a grandeza da simplicidade que nem sempre enxergamos.

Vejo as suas alegrias, e também as suas tristezas, como a beleza esculpindo uma obra de arte! Tantas vezes objeto de meu desejo em apreciar em tantos outros pôr-do-sol.

Eu sou mais feliz quando te vejo no Sarau. Não sei ao certo o que é felicidade. Conceitos nem me interessam neste instante. Escrever sobre ti é mais que uma vivencia racionalizada, é muito mais uma intensa experiência de espalhar lágrimas emocionadas sob a tela.

Gilson Reis
18.10.12
Foto: 10cinesp2.blogspot.com



terça-feira, 16 de outubro de 2012

"AO MESTRE, COM CARINHO"


Ontem foi dia dos professores. As datas comemorativas, além dos parabéns, das homenagens, são sempre ocasiões oportunas para uma boa reflexão, neste caso sobre essa profissão tão desgastada. Ainda pela manhã vi na televisão uma série de reportagens mostrando as péssimas condições de trabalho a que os professores, nas diferentes regiões do Brasil, enfrentam; desde as precárias condições matérias das escolas às dificuldades no relacionamento com alunos, pais, governo e a sociedade em geral. Entretanto, o que me chamou a atenção foi o texto de um amigo, Gerson, publicado no facebook, em que fez sua homenagem aos professores a partir de sua história. Conheci o Gerson há poucos dias em um Sarau e pode soar estranho chamar de amigo alguém que ser tornou conhecido há tão poucos dias. Entretanto, uso essa palavra no sentido em que entendo que Vinicius de Moraes atribui em um de seus poemas sobre o amigo quando diz: “... tenho amigos que não sabem o quanto são meus amigos... ...Muitos deles estão lendo esta crônica e não sabem que estão incluídos na sagrada relação de meus amigos. Mas é delicioso que eu saiba e sinta que os adoro, embora não declare e não os procure. E às vezes, quando os procuro, noto que eles não tem noção de como me são necessários, de como são indispensáveis ao meu equilíbrio vital, porque eles fazem parte do mundo que eu, tremulamente, construí, e se tornaram alicerces do meu encanto pela vida...  ...a gente não faz amigos, reconhece-os”.
Com sua autorização, segue aqui o texto na íntegra:
Lembro nosso primeiro encontro. Eu de camiseta branca, bermudinha e conga vermelhos, chorava atrás da porta da escolinha por me sentir sozinho, abandonado por minha mãe. Você sorriu, me afagou e me mostrou outras crianças como eu cheias de lágrimas e ranho nas carinhas.
Em outros encontros você me desafiou a chegar no limite de meu potencial quando jogou na minha cara que eu e meus colegas éramos educados para sermos mão de obra barata, que a escola pública estava abandonada. Tive raiva de você naqueles tempos, não entendi num primeiro olhar e no primeiro sentimento que era um alerta e ao mesmo tempo um desabafo de sua parte ao ver o descaso com a educação, com os educadores, com a nossa escola. Quando você me perguntou o que eu ia fazer no segundo grau e eu não soube direito o que responder, escolhi a escola mais porque queria reencontrar meu amigo querido do que por plano pedagógico.
Nós, os filhos dos trabalhadores, não tínhamos assim tantas opções. Percebi antes de me afastar que seu olho marejou, talvez por imaginar que mais uma vez a escola e a política de deseducação tinha ceifado mais um. No nosso reencontro para ser sincero eu já estava desestimulado, os meus sonhos não cabiam naqueles pavilhões que mais pareciam cadeia do que praça. Não fosse a música, não fosse a filosofia, não fosse a poesia que me arrebataram, não fosse o futebol de salão que tomava metade de meu expediente acho que não teria prosseguido. Mas você me apresentou Sócrates, foi um encontro muito feliz, porque passei a saber que o meu potencial era do tamanho do mundo que eu ignorava, e me reconhecer como ignorante ajudou a dimensionar a minha soberba. Você me apresentou Platão e eu consegui entender que o mundinho que eu conhecia e concebia eram projeções. Foi um grande prazer entender a origem de meu povo, entender como tanta gente foi parar nos sertões de onde vim, porque tantos sertanejos emigraram, o que eu e minha família viemos fazer nas periferias da metrópole. O momento mais especial deste reencontro foi quando revelei minhas aspirações, que talvez não combinassem com um moleque que passava metade das aulas na quadra de futebol, um quarto das aulas fazendo o que chamávamos de música. Você me ensinou o caminho e que no meio dele tinha não uma, mas muitas pedras. Me apresentou o cursinho pré-vestibular, a prova de bolsa, a convicção de que eu passaria no vestibular. Eu não tinha ideia de que para entrar na Universidade tinha que passar por isso tudo, foi você quem me alertou que não era só sentar e fazer a prova. E você teve convicção do tamanho da minha, que a medicina seria uma carreira que combinaria, e muito, com um menino que gostava tanto de poesia e ciências sociais. Não vou tratar de nosso terceiro encontro na Universidade, textos compridos demais dão sono até para quem escreve. Mas receba essas declarações com amor e com os meus mais sinceros agradecimentos, obrigado, não só pelo que representaram em minha vida, mas porque vocês, que são um grupo seleto dentro de uma corporação tão explorada, tão sofrida, conseguem fazer diferença na vida de milhares ou milhões de educandos, é por causa das professoras e professores como vocês que a barbárie ainda não prevaleceu e que podemos manter a esperança em dias melhores.
(Gerson Salvador de Oliveira)

Acredito que a história de muita gente está contemplada em suas palavras. Penso que os professores foram os profissionais que mais me cativaram ao longo da vida. A todos eles: PARABÉNS!!!
Fica aqui, mais uma vez, o convite para que você, Gerson, quando puder, esteja conosco no Sarau Coletivo Cultural Pegando o Gancho.

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

A Festa do Rosário pelo Centro de São Paulo

A Festa do Rosário pelo Centro de São Paulo
 
É em torno da Festa, à sua padroeira, Nossa Senhora do Rosário, que os Irmãos do Rosário mostram sua fé. Este ato que acontece desde o século XVII pelas ruas centrais de São Paulo, foi repetido ontem, domingo 14 de outubro, quando saíram em procissão em louvor e agradecimento à Virgem do Rosário. Mas uma vez saíram cantando e exibindo sua crença, história, suas riquezas. Hoje já não promovem mais seus jongos e caxambus, porém, trazem uma bonita e tradicional banda de música, que toca hinos religiosos em louvor a Nossa Senhora. Assim, os Irmãos, mais uma vez renovam sua fé dando testemunho da presença marcante do negro no centro da cidade de São Paulo. As fotos são da Igreja de Nossa Senhora do Rosário que fica no Largo do Paissandú, centro velho de São Paulo, da imagem da Santa e alguns momentos durante a procissão.