quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

A VIOLINISTA DE LA CALLE LA MONEDA



Santiago em plena efervescência teatral. Que bom! Chegar em Santiago no meio daquela manifestação artística só pode ser um espetáculo. A programação não era apenas em espaços fechados, assim, as ruas foram tomadas pelos artistas de diferentes países do mundo, uma vez que o festival era internacional. Alias, Santiago estava muito internacional, na Universidade Santiago do Chile se realizava o Congresso Internacional do conhecimento: Ciências, Tecnologia e culturas que minha amiga Rosa participou.

Mas longe de mim, em plenas férias, trocar a expressão artística pela acadêmica, assim, volto a falar da arte e agora cheiro de emoção ao rememorar aquela jovem artista no meio da rua, próximo ao teatro de fantoche que faziam a todos sorrirem. Uma imagem misturada e tão diferenciada numa paisagem discreta e explicita. Digo discreta por que a Violinista tocava seu suave instrumento enquanto os transeuntes passavam, as vezes sem ouvir a beleza que dela emanava. Passavam também os cachorros, visão muito comum da paisagem urbana e central de Santiago. Acho que volto a escrever sobre eles.

Eu me posicionei na roda do fantoche, mas meu coração escutava Violino. Meu corpo se fixara por entre crianças, jovens e adultos... e também cachorros, mas meus olhos atravessava a ponte que desembocava no movimento harmônico da Violinista quase solitária... Eu a apreciava tocando uma musica de Carlos Gardel – El dia que mi quieras - do outro lado da ponte, atravessada por caminhantes de olhares diversos como toda cidade de grande extensão, quase alheia à beleza dos detalhes que nela se manifestam.

Acho que férias têm este mérito. O de proporcionar que o olhar esteja mais descansado para ver a beleza! Sentir a sua capacidade de “visceralizar” o sentimento. A cotidianidade por vezes é tão fria. Passamos pela beleza, mas a sua luminosidade parece já não ser mais a mesma. A beleza, para continuar existindo, depende do número de vezes em que passamos por ela? Ou ela continua ali, bela, sem necessidade dos nossos olhares tão vulneráveis?  

Rosa e Adilson, com os quais me deliciei nesta viagem, estavam um pouco á frente, sinal de que o caminho estava aberto para ser explorado... Eu parti com os olhos deslizando até que os ouvidos se despedissem daquela melodia e os olhos, daquela imagem... acho que ainda continuo a escutar e apreciar.

Até a próxima quinta feira com mais histórias sobre a cidade, os personagens, as paisagens e outros detalhes...

Gilson Reis
24.01.13

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

INTERNAÇÃO

Tudo igual...

todos iguais aparentemente
todos de cabelos curtos
todos sentados
todos falam baixinho
todos escrevem
todos pensam
todos de cabeça baixa
todos fitam o papel
quem sabe o que pensam?
quem sabe o que sentem?
provável que as lágrimas estão presas
por tanta emoção, por tanta saudade
alguém ocupa lugar nas mentes e nos corações
com certeza a mãe, a namorada quem sabe!
Ei moleque travesso
Vê se aprende a lição
Procure viver de pé no chão
Desista de tanta ilusão
Escute com simplicidade
O que tem no seu coração!

Luiza André



terça-feira, 22 de janeiro de 2013

DIA NACIONAL DE COMBATE À INTOLERÂNCIA RELIGIOSA

Depois de alguns dias ausente nas publicações neste blog, retomo com um tema bastante oportuno, ou seja, O Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa, celebrado no dia 22 de janeiro. Vários atos religiosos ecumênicos aconteceram pelo País, momento em que autoridades religiosas, da sociedade civil, governamental, artistas, enfatizaram a necessidade de uma convivência harmoniosa, pacífica.
Todos sabem que a pluralidade religiosa no Brasil é um fato. O processo de colonização e de cristianização do País não deu conta de eliminar as tradições religiosas indígenas, africanas, que foram intensamente combatidas, inclusive com atos de violência. Daí poder afirmar, com certeza, o poder de sobrevivência dos valores religiosos e culturais de um povo.
Pode-se dizer que o Brasil é um País sincrético (uma espécie de mistura de várias crenças, práticas religiosas), por mais que alguns grupos religiosos tentem negar essa realidade. Dificilmente se encontra um praticante religioso católico  ileso das crenças e práticas religiosas de matrizes africanas, e vice-versa. Só para citar um exemplo. O mesmo pode-se dizer de qualquer outro grupo religioso: protestante, evangélico, pentecostal, neopentecostal, etc. De forma que o povo brasileiro não crê nisso ou naquilo. Crê nisso, naquilo e naquilo outro! E a  prática religiosa não é diferente! Nisso se caracteriza o sincretismo religioso.
Entretanto, é preciso considerar a dimensão conflitante nesse processo de sincretização, muitas vezes alimentada por líderes religiosos e ou praticantes fervorosos de um determinado grupo religioso, igreja. E nesse processo a matriz religiosa africana merece destaque. As prática religiosas de matrizes africanas foram associadas a rituais malignos, coisas do mal, para fazer o mal.   Em grande medida essa ideia fora difundida e alimentada pelos padres católicos, pastores protestantes, e mais recentemente, esse mesmo olhar tem sido intensamente enfatizado pelos grupos religiosos pentecostais e neopentecostais. 
Os resultados dessa prática são gravemente negativos. De acordo com a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência, o número de denúncias de atos de intolerância religiosa no Brasil, no ano de 2012, cresceu "mais de sete vezes", comparando com o ano de 2011.  A ministra Luiza Barros afirmou que "os ataques às religiões de matriz africana chegaram ao nível do insuportável", sendo necessária uma ação mais enfática por parte do Estado pois "'não se trata apenas de uma disputa religiosa, mas, evidentemente, de uma disputa por valores civilizatórios".