sábado, 15 de outubro de 2011
CHUVA
Mas a labuta que a mim implora
Corre pra fora, arregaça as mangas
põe sua bota e limpa seu chão.
De sol a sol, de semana a semana
O curso da vida, não para não
O corpo cansado pedindo descanso
O lamento do dia não para não
Chuva gostosa majestosa e limpa
Me ensine a limpar sem muito cansar
purifica meu dia com a mais pura maestria
que eu quero de novo sem muito cansar
viver este dia, no meu labutar.
Pinga que pinga, despeja sem dó
sua límpida água tirando o pó
O ar está puro, posso respirar
alivia o cansaço, posso continuar
No estalar dos pingos um mesmo refrão
Melodia suave nesta linda canção
Fortalece meu dia me empurra senão
Daqui desta cama não saio não.
sexta-feira, 14 de outubro de 2011
A praça é do povo como o céu é da maritaca
quinta-feira, 13 de outubro de 2011
MINHAS FLORES E MEUS BARCOS
No jardim das violetas
terça-feira, 11 de outubro de 2011
Gol preso na garganta
O poema “Gol Contra” de Sérgio Vaz, escritor, poeta e morador da Zona Sul de São Paulo, autor do mais novo livro “Literatura, pão e poesia”, propicia uma reflexão interessante sobre a vida, os sonhos, a ilusão. De maneira brilhante o autor faz uma severa crítica ao futebol, ou mais precisamente sobre a ilusão (no sentido mais negativo do termo) que o futebol gera na cabeça de milhares de crianças e adolescentes e adultos.
Faz-se necessário dizer que a ilusão é uma dimensão indispensável da condição humana. Fundamental.
Mas o que o autor critica é essa ideia simplista, abraçada sobretudo pelas crianças e adolescentes, e muitas vezes, legitimada pelos adultos, em ser jogadores de futebol a qualquer preço. Ou melhor, a um preço (R$) bem alto, haja visto os altíssimos salários de alguns atletas que diariamente os meios de comunicação fazem questão de destacar, mais parecendo um insulto, dada as condições precárias de trabalho que a maior parte dos brasileiros tem que se submeter desde o momento em que deixam seus lares e partem em busca do pão de cada dia.
Os jogadores parecem ter a vida que “todas” as pessoas gostariam, ou pelo menos a maior parte, em especial o público juvenil. Muito dinheiro, carros importados, fama, mulheres, trabalho pouco (vamos convir!), estudar quase nada, etc. Talvez seja aí que se esconde a dimensão perversa da ilusão, a armadilha. Há muitos alunos dizendo: “Estudar pra que professor? Eu vou ser jogador de futebol.”
Pois bem. O poeta afirma que também sonhou em ser jogador, ainda que naquela época, em sua adolescência, o futebol não dava tanto dinheiro como hoje em dia. Aliás, não sonhou sozinho, pois recorda que muitos de seus amigos partilhavam do mesmo sonho. O fato é que hoje, décadas passadas, o poeta constata que “não conhece ninguém de seus amigos daquela época que sequer tenha passado na peneira de algum time profissional.” E para completar afirma que muitos deles não lerão o seu poema. “Se é que vocês me entendem?” Pergunta o poeta num tom de ironia e tristeza.
Como se não bastasse, Vaz afirma que o campinho esculpido com suas próprias mãos e as mãos de seus amigos, transformou-se, hoje, num grande cemitério. E muitos dos seus amigos estão ali, enterrados.
domingo, 9 de outubro de 2011
CILADA
Vamos dizer um pouco de nada!
Pra que nada adiante seja cilada
De um jeito teimoso, maneira encontrada,
Desconte e desfrute desta empreitada.
Que tal se a revanche da sorte enjeitada,
Conforte o vazio da forma moldada.
Escória esculpida e de vida roubada,
Recoste n´algum peito a cria clonada
Vagueie na noite de lua prateada,
Como se romântica fosse a sina fadada.
De mesma emoção, de breve jornada,
Descubra o temor e de tão maltratada,
A vida reencontre a cor desprezada.
Que traga o alívio, doença sanada,
Em instante sereno, no fim desta estrada,
Um ar, um respiro e a mão espalmada,
Tateie no escuro a esperança furtada.
08/10/2011 – 00:25
Chiquinho Silva