sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Pegando o gancho nos 100 anos de Jorge Amado (SALVE JORGE!)

No PAÍS DO CARNAVAL,
dono de um imenso legado,
nasceu em 1912
um escritor muito Amado.

Em SÃO JORGE DOS ILHÉUS,
este homem sem igual,
trilhou caminhos divinos
colhendo SUOR e plantando CACAU.

Em ÁSPEROS TEMPOS,
na AGONIA DA NOITE
batalhou pela verdade,
vendo a LUZ DO TÚNEL
nos SUBTERRÂNEOS DA LIBERDADE.

JUBIABÁ ia lá e via...
Jubia...Bahia!

Ia ver e sentir
do CRAVO o cheiro,
do gosto a CANELA
que só encontrava em GABRIELA.

Nas TERRAS DO SEM FIM,
dentro da TENDA pedia MILAGRES,
para ver ressurgir um MAR MORTO,
que um dia pertenceu
a um CAPITÃO DE LONGO CURSO
e hoje, entregue aos CAPITÃES DA AREIA,
que mostram uma FACE OBSCURA
na TOCAIA GRANDE.
No fundo só anseiam por um final emocionante
em uma HISTÓRIA DE AMOR
entre um GATO MALHADO E UMA ANDORINHA SINHÁ.

Os PASTORES DA NOITE
vestem FARDA, FARDÃO, CAMISOLA DE DORMIR
numa TEREZA BATISTA CANSADA DE GUERRA,
que sonha dom seus DOIS MARIDOS, como DONA FLOR,
e uma TIETA DO AGRESTE
perdida de amor.

Levando consigo a chave
capaz de abrir a universalidade,
por não ter respondido as manobras de reanimação,
cremou-se no cemitério Jardim da Saudade.

Viveu por amor,
morreu em Salvador,
e no Bairro do Rio Vermelho,
há quem afirme com convicção,
que em uma mangueira de seu quintal,
nasceu uma manga em formato de coração.

Quando eu estiver a vadiar e olhar a primeira estrela da tarde,
relembrarei Jorge e sem mágoa,
saudarei o inesquecível
QUINCAS BERRO D'ÁGUA!

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

PEGANDO O GANCHO NO CENTENARIO DE LUIZ GONZAGA

LUIZ+GONZAGA.jpg (624×451)
Eu era pivete quando comecei a ouvir falar desse sujeito chamado Luiz Gonzaga, também, pudera, ele completaria 100 anos este ano e eu tenho apenas 42. Quando ouvia, pivetinho, aquele toque da sanfona de não sei quantas cordas, já era ocasião de “saculejar” o corpo magro e franzino. Não era raro o “saculejo”, afinal, nasci no nordeste, numa cidade situada na grande Recife, de nome Camaragibe. Falar em nordeste é o mesmo que escrever forró! Santo Antonio, São João e São Pedro. Mas este “cabadapeste" do Luiz não se amostrava somente nestas ocasiões, já era um artista popular. Eu é que não era lá grande coisa, ainda não entrava na minha cuca que um “caboquim” daquele, com cara de pobre do brejo, pudesse escrever letras tão sublimes! Sublime pra hoje, pois naquela época nem dava nas “oiças”. Apenas dançava.
vaqueiro001.jpg (2048×1536)
Até que o Luar do Sertão adentrou a minha alma de tal forma que ela “se alumiô” e o que era simples desfrute se transformou em admiração. Não se pode ficar indiferente ao Luar do Sertão. Não que eu ainda não tivesse escutado, é que há tempos em que os ouvidos não estão preparados para a música e a música fica no subsolo do corpo, querendo invadi-lo até o ponto de se expandir nas corrente sanguíneas.
Viajei agora!
Mas viajar é o que mais faço quando escuto Luiz Gonzaga, pois há uma “desbunde” de imagens poéticas na letra deste Gonzagão. Que intimidade! E elas me remetem aos caminhos de sol rachando a terra e construindo caminhos de pele no rosto ainda jovem dos sertanejos. Imagens das aves em vôo livre, cantarolando Asa Branca. Ispie só! Até as aves captaram a essência do Luiz!
cdd6f75ce6bb879d4ea02572213906a356.jpg (700×467)
As letras me remetem aos pés pisados em calo, frutos de noites dançantes, de sorrisos largos, “maimotas”, “inchiriçes”... me remetem ao cair da tarde, sol se despedindo, a escuridão pedindo licença e a oração da Ave Maria, seguida dos sons de sua sanfona entoando cantos de tristeza num sertão em pele e osso.  
Eu tenho muitas lembranças de instantes em que Luiz Gonzaga era a trilha sonora, faria um blog somente delas, mas eu quero finalizar esta postagem com a poesia imagética da mais bela interpretação do Luiz,  A TRISTE PARTIDA, canção, de Patativa do Assaré, que rasga a alma pra “despois num tê mais condição de custurá”.
retirantes.jpg (295×360)
Cheiro de Lui cumi seu mi!
Gilson Reis
27.09.12     

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

IDA SARTORI

Hoje apresento o poema desta amiga que é "gente da melhor qualidade".

Eu que não posso ver um mote sem glosar,
Fui até um dia antigo pra buscar
Nós dois meninos ainda em calções,
Entre esperanças, canções e gestos sem jeito,
Brincamos vastas emoções 
E pensamentos imperfeitos.

Nos mares e ventos de ontem e dantes,
Jovens entre sonhos, birutas e sextantes,
Inspirados em Rocha Pombo e Camões,
Nossos corações ainda leigos,
Navegamos vastas emoções
E pensamentos imperfeitos.

Se de voar e navegar cansamos
Ou bons amores em terra encontramos,
Logo nos vimos às desilusões...
Tornamos ao arado, caminhando a eito
Pra despachar as vastas emoções
E pensamentos imperfeitos.

O amadurecer, embora inexorável,
Também traz sensatez até agradável...
Novo barco, leme e outras monções
Enfunam velas e no balanço meigo
Berços de filhos, netos, vastas emoções...
Leis e magnetos somam-se
Aos nossos pensamentos imperfeitos.

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Estamos nos organizando para mais um sarau. Com muito prazer, será na minha casa. E como todas as vezes anteriores em que rolou uma energia super agradável, essa não será diferente. Claro, todos estão convidados. "Gente da melhor qualidade", como diz nossa amiga Odê.  Se possível confirmem a presença para que possamos melhor nos organizar. 

Quem puder, traga, na medida do possível, aspectos da vida e das obras desses mestres para compartilharmos... 
Afetuosamente, Lau.

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Existem Pretos na História da Construção da Sociedade Paulistana?


Existem pretos na história da construção da sociedade

e da cidade de São Paulo?

 Sim. Entre eles, os Irmãos da Irmandade do Rosário de Nossa Senhora dos Homens Pretos. Mas infelizmente, apesar de suas famosas festas religiosas, dos imóveis que possuíam e da participação na vida social da cidade, eles ficaram limitados, nesta história a prestadores de serviços e ainda hoje, invisibilizado na cidade. A marca deixada pela escravidão relegou este povo a eterna condição de discriminação e inferioridade na cidade. Mesmo o Irmão do rosário, “que era negro social” como disse D. Cacilda, lendária irmã do Rosário. O fato de ser negro aliado à especulação imobiliária que “norteou o crescimento da cidade”, segundo Frugoli, expulsou os irmãos do chamado centro velho. Entretanto, com toda esta limitação, eles permaneceram firmes nos propósitos de seus ancestrais, que era a luta pela dignidade de ser homem – mulher negro/a e de valor. Apesar de não ter o respaldo dos poderes públicos para isto para o reconhecimento de sua ação enquanto cidadão da cidade, a fé em Nossa Senhora do Rosário e a identidade que estas pessoas têm com a cidade, fez com que, eles continuassem a defender seu espaço. Porque para eles, a igreja não é apenas um lugar religioso, é também e, principalmente um espaço de resistências. Ainda segundo Frugoli, “a cidade foi se expandindo sob a égide do investimento privado, dotando futuras áreas de moradias apenas de mínimas condições”. É para estes bairros que os irmãos do rosário irão se deslocar. Assim, São Paulo formará regiões que representam uma verdadeira segregação sócio-espacial imposta pelos poderes públicos e privados. À medida que o tempo passa a distribuição territorial dos Irmãos, será definida pelo poder aquisitivo de cada um. Os Irmãos do Rosário que conseguiram superar as barreiras de aceitação social foram residir nestes bairros, que ficavam na periferia do centro velho. Porém, outra grande parcela destes foi para regiões mais distantes, como a região leste. Muito mais desprovida de infraestrutura básica, mas que em função de sua distância era possível construir uma moradia e viver com dignidade apesar de continuar trabalhando na cidade. Através destes pequenos textos é possível percebermos que a cidade que acolhe milhões de pessoas de todas as partes do mundo e que as incentiva a preservarem sua cultura, não tem o mesmo olhar para os descendentes dos Irmãos do Rosário que aqui estão desde o século XVIII.