sábado, 20 de agosto de 2011


Ei!?...
Pega na minha mão e apeeerta bem,
Vorta pra cabeça e pensa na roda da vida,
Centreia, centreia, circu centreia nu miolu
Da frô...
Dispetala, dispetala, dispetala,
Nu bem mi quer, má mi quer, du arrudeiu du AMô.
Ela!
Vira, vira, vira ÔMI vira, virÁ! Vira, vira lubisomi!
Num pensa e roda, fia du ômi pai,
Arrudeia a vorta, trupica mais num cai!
Calôooa u omi/muié da frente e arrasta us de trais...
Que trais mai genti, que puxa mai genti, que arrasta nóis, qui num sai!
Eitcha!
Somu muitchus ô 1 sór? Se misturêmu?
Ondi cumeça tua mão e termina a minha?
Nossu caaardo e sangi si trocô!
Num quero di vorta minha fulô...
Atchim!
Ispira, atira a...
Puêra si levantô, nossu zóiu si tampô,
Mai da roda nóis num si disviô, pu quê amô,
Inspira...
Pu quê o tempu num pára, num pára, NÃO!, num pára.
Cófi, Cófi, Cófi...!
Corri mininu, minina, ômi, muié, (ô importante disimbagadô..)
Serpenteia nu distinu da parma di minha mão...
Cruza us dêdu, us deis di nóis, SINHÔ,
Nossu distinu é uma coisa só!?
Gluti... Gluti... Gluti... gluti!
U qui fizemu di nossa arga dôci? venenu? Ô arga sargada ?U nossu suôr!?
Éssa lizêra, que corri nas cáia das minha digitaar...
Repréza nas parêdi dus teu capilaaaar!
Tutuqui, Tutuqui, Tutuqui, Tutuqui, Tutuqui...
Toqui, toqui, toqui du meu curação,
Senti as batida nu chão du meu pião supapadô,
Pega meu amô, senti o bicho de sangi du ômi sinhô,
Supapa, Supapa, Supapa Papam!
Gorgeia, gorgeia
gorgeia, gargantilha de roda fulô....
Gogó afinado num fala di .
Checo, checo, Checo...
O casco, a sola, u chinelu, num tem tupô,
Fecho a roda cum todo calô,
Sou bicho acoitado pelus meus sem temô,
Saioentro, vouevolto, bambu-leiu eu vivo u AMÔ.
Marcelo Malquebedeche

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Troca entre Terrenos no Terreiro do Oficina

Dia 16 de agosto de 2011, o Teat(r)o Oficina comemorou suas Bodas de Ouro da Arte Teatral. Cinquenta nos de um teat(r)o concreto numa selva de pedra, festa urbana no caos, incorporador da arte, provocador de mistérios gozosos, seguidor da religião Órfica Oswaldiana Tântrica, segundo José Celso Martinez Corrêa, o Zé.
Como presente para a cidade, o espetáculo inspirado no "Manifesto Antropófago" de Oswald de Andrade, Macumba Antropófaga Urbana de Sampã, estará em cartaz até o dia 02 de outubro de 2011, sempre aos sábados e domingos, às 16:30hs. na Rua Jaceguai, 520 - Bela Vista.
Ao Oficina, um brinde dionisíaco:

A matrix
simulacro da existência, renasce gigante,
exigindo resposta, definição, toques, desligamentos, reiniciação.
Sejamos o vírus do povo neo,
lutando contra a americanização.
Painéis idênticos se sucedem,
querendo ser diferentes e cada vez mais iguais,
transformando a alma em mercadoria.
Contra tudo isso, um BERRO, uma tarefa, uma revolta.
Tal qual Fênix, ressurjo do fogo,
mergulho no fundo do poço,
na reVOLTA,
encho de ar o velho novo pulmão, e GRITO:
NO Shopping.
Shopping NÃO.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Pode a beleza ser triste e a tristeza ser bela...

São tão diferentes as sensações diante de uma obra de arte! E ela se agiganta  na proporção dos sentimentos que o apreciador expressa, uma vez tomado de espanto diante dela! Tudo da obra se “liberta” dela e pra ela retorna! Este instante em que sai de si a beleza, seja ela triste ou alegre, cicatriza-se nos olhos de quem vê!

Já estive diante de muitas delas. Com algumas libertei sorrisos desequilibrados! Diante de outras dançaram meus pelos no palco de meu corpo! Há aquelas que me incomodaram gerando um silêncio monástico... Tantas outras arrancaram, visceralmente, lágrimas que, de tão engravidadas, fertilizaram a alma! Esta revolução se aloja no corpo-vida pra reclamar a grandeza da simplicidade que nem sempre enxergamos...


Diferentes obras de arte poderiam ser listadas aqui, mas nesta quarta feira revi, pela décima vez, um triste e belo curta-metragem de nome “Vida Maria”.  Este curta, como define o Diretor Marcos Ramos “mostra personagens e cenários modelados com texturas e cores pesquisadas e capturadas no Sertão Cearense, no Nordeste do Brasil, criando uma atmosfera realista e humanizada. Maria José, uma menina de 5 anos de idade, é levada a largar os estudos para trabalhar. Enquanto trabalha, ela cresce, casa, tem filhos e envelhece...
Tratando de aspectos como a educação, a tradição, a cultura, a família, dentre outros, nos revela a beleza que pode haver na tristeza e a tristeza companheira da beleza.

Mas em que dimensão se encontra o belo no triste ou a tristeza na beleza? Não ouso responder! Não quero! Adoro músicas e filmes tristes só por que a beleza existe! Vejo a alegria como a beleza dançando! Não sei se “todo grande amor só é bem grande se for triste” tampouco se o “poeta só é grande se sofrer”... o que sinto é beleza escorrendo nas veias de uma imagem exuberante da tristeza bela de Maria... mistura-se, portanto, o triste e a felicidade... há uma felicidade diante da obra triste! Não sei descreve-la no instante...

Acho que vou para por aqui...
Cheiro de silêncio...



quarta-feira, 17 de agosto de 2011

QUÃO GOSTOSO É O ABRAÇO!

Pegando o gancho do Laudecir

Não tinha lido ainda a postagem do Laudecir, já pensava em postar algo em homenagem ao Dia dos Pais. O que me motivou foi uma cena que assisti no grande teatro da vida.

É um homem simples, modesto, no entanto cheio de sabedoria.
Quando jovem foi um desafortunado
Viveu na violência do Rio de Janeiro
até participou dela, ora sendo violento
ora sendo violentado.
Muitos anos de sua juventude gastou
nesta realidade.
Repete sempre, poderia estar morto
mas estou vivo.
Estou vivo porque tenho por companheira, a Bíblia.
De um jeito autêntico, nada piegas
Vive as palavras que estão impressas
no livro que com tanto carinho
beija como se fosse sua amada.
Dedica-se inteiramente, intensamente
no resgate de pessoas abandonadas, esquecidas pela sociedade,
mais precisamente na zona da cracolândia.
Local onde atua na companhia de sua parceira de luta
Soninha, carinhosamente assim a chama.
Nas segundas feiras oferece uma hora de sua
vida aos jovens da Fundação Casa.
Num gesto inesperado quis abraçar cada jovem como se fosse seu filho.
Quem consegue fazer isso com tanto desprendimento?
Não teve o abraço de seu filho biológico por estar longe
Nem ele, nem o filho puderam se locomover para se encontrarem neste dia dos pais.
Ofereceu-se como pai dos jovens que lá estavam.
Num gesto simbólico, teatral, mas infinitamente real,
Postou-se em pé na frente deles e lhes ofereceu um abraço de pai.
Timidamente um por um nem todos, mas a maioria foi abraçá-lo
Parecia que realmente eram pai e filho se abraçando, cada um deles.
Causou emoção nos presentes, até mesmo nos seguranças que ali estavam.
Em seguida cantou lindamente para eles esta canção.

NOS BRAÇOS DO PAI

Pai, estou aqui, olha para mim
Desesperado por mais de ti
A Tua presença é o meu sustento
A Tua Palavra, meu alimento
Preciso ouvir a tua voz dizendo assim

Vem, filho amado, vem em meus braços descansar
E bem seguro te conduzirei ao meu altar
Ali falarei contigo, com meu amor te envolverei
Quero olhar em teus olhos, tuas feridas sararei

Vem filho amado, vem como estás.

Enquanto cantava com uma voz linda, sofrida e cheia
de sentimentos, alguns jovens despencaram em prantos
um deles chorava quase que no mesmo tom da voz do canto
em soluços desesperados, que só ele sabia porquê.

Foi então que pensei em homenageá-lo postando um pouco de sua história
neste mês dedicado aos pais.

Sr. Virgílio, FELIZ DIA DOS PAIS.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Das Migalhas de Machado de Assis às Migalhas de todos nós

Josafá lembrou de mim ao ler Migalhas de Machado de Assis. Não sei se entendi essa relação das máximas de Machado de Assis com as coisas que digo ou penso. De qualquer forma, lembrar de mim ao ler Machado, tá bom, vamos combinar?!
No primeiro momento, quando li as máximas de Machado achei engraçadas, confesso que me reconheço nelas, mas fiquei de certa forma numa postura interrogativa, querendo entender. Depois li o comentário do Chico, então me senti mais tranquilo, porque ele não falou de pessimismo em relação às máximas, Chico uso a palavra “realidade”. Gosto dessa palavra. Disse: "Também não bastam esperanças, a realidade é sempre urgente. E cá estamos nós saindo do Jardim das Esperanças e retomando a realidade urbana da convivência e da poesia ‘concreto’. Grande Machado!! Quem não acompanhou as postagens da semana anterior, certamente, não sabe do que estamos falando. É preciso acessar o blog, voltar às postagens, caso queira entender. Desculpe! Gostei muito dessa brincadeira com as palavras, que você, Chico, faz tão bem. Achei o máximo essa sacada ...saindo do Jardim das Esperanças e retomando a realidade... Valeu Chico! Valeu Josafá!

Quando comecei a pensar em minha postagem desta terça-feira havia decidido que falaria do Dia dos Pais, correndo o risco, é óbvio, de parecer piegas. É que essa data me faz retroceder no tempo e ter memórias difíceis de traduzir em palavras... Meu pai, Jonas José da Silva, era uma pessoa extremamente alegre, sorridente, divertidíssima, gostava de cantar, trabalhador. Acho que a palavra trabalhador é a que melhor traduz o que ele foi. Minha mãe deve ter se casado com ele, em parte, por conta disso. Ela sempre fez questão de ressaltar que meu pai “não rejeitava trabalho”, “podia ser trabalho duro”, “a qualquer hora”... É verdade! Eu pude ver e participar de tudo isso. E, por isso, dou testemunho: meu pai foi um homem muito trabalhador! Ainda o vejo capinando, sujo de terra, encharcado de suor...
Hoje, quando olho para meu pai, sentado em uma cadeira de rodas, falando tão pouco, bate uma tristeza no peito, uma série de interrogações me vem à cabeça. Trabalhou tanto para quê? Para quem? Com quem ficou o lucro do teu trabalho? O que restou? Migalhas? Cadê a justiça? Ética? Moral? Deus? Machado de Assis tinha razão quando disse: "Nem tudo é ótimo nesse mundo".

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Migalhas de Machado de Assis

Quando eu tinha quinze anos comecei a ler Machado de Assis. Penso que passei os quatro anos seguintes lendo o autor que, portanto, fez parte da minha formação na adolescência. Não acho que tinha maturidade, então, para entender todas as suas finas ironias. Mas como aprendi com o bruxo! Até hoje, sinto que devo a ele tudo o que sei do português, essa língua na qual devemos nos expressar bem, se quisermos nos fazer entendidos.
Depois, voltei ao Machado no curso de Letras. Tive dois semestres na graduação dedicados a sua obra: quando reli seus principais romances, contos.
Agora, tenho tido vontade de reler Machado o que não me dirão seus livros nessa minha meia idade?!
Antes, porém, de voltar às obras, vou reaproximar-me, por meio dessas Migalhas de Machado de Assis, que é como foi chamado esse livrinho e que ganhei de uma amiga em um dos meus aniversários.

Hoje, o peguei na estante e lendo algumas dessas migalhas, lembrei-me de Laudecir, um colaborador desse blog e amigo querido desse Coletivo. Laudecir, acho que você e Machado têm muito em comum.
Veja lá essas máximas, e responda-nos se não são hilárias e também coisas com as quais você concorda ou que você mesmo poderia ter dito:

Aos quinze anos há até certa graça em ameaçar muito e não executar nada.


Nem tudo é ótimo nesse mundo.


As pessoas valem o que vale a afeição da gente, e é daí que mestre Povo tirou aquele adágio que quem o feio ama bonito lhe parece.


A razão é o perfeito equilíbrio de todas as faculdades; fora daí só insânia, insânia e só insânia.


Não era verdade, mas nem só a verdade se deve dizer às mães.


Não é a ocasião que faz o ladrão; o provérbio está errado. A forma exata deve ser essa: A ocasião faz o furto, o ladrão nasce feito.


No trabalho é que se conhece o trabalhador.


Também não bastam esperanças, a realidade é sempre urgente.


As boas ações que praticamos não passam da nossa rua, mas as más ações que nos atribuem vão de um extremo a outro da nossa cidade.


Se és feliz escreve; se és infeliz, escreve também.

domingo, 14 de agosto de 2011

DELICADEZA


Jardins existem.
Alguns são apenas por serem, por florirem.
Jardins são jardins pela estética que produzem,
Pela explosão de seu propósito ou, tão somente, por seu estado de graça.
Jardins existem.
Também existem jardins imaginários que, de qualquer modo: sim, eles existem...
Inventados para o adorno dos sonhos de quem os vê ou mesmo de quem os vive.
Jardins também podem parecer com um amontoado de casebres, 
E assim mesmo são Jardins.
E, ainda, contraditoriamente, podem ser floridos,
Muito embora quase sempre não o sejam
Mas, de algum modo o são, mesmo que na primavera de uma conquista.
No domínio de um pedaço de chão onde se possa recostar e ter-se como próprio
Para cobrir-se do frio e do sol, para compor a própria estética e compor-se de gente.
Jardins existem.
Alguns são ungidos pelas batalhas conquistadas e floridos com tamanha delicadeza
Que parecem naturalmente moldados ali pela interferência divina,
Ou pelo toque etéreo de tamanha força, de tanta esperança e de imenso prazer.
Jardins são jardins.
Por vezes floridos, por outras, inibidos e algumas, esquecidos.
No entanto, permanecem jardins.
Robustos em sua roupagem.
Simples em sua sutileza.
Completos em sua conquista.
Jardins sempre existirão.
De flores e arbustos esculpidos pelo impulso da terra,
Ou plastificados pela massa humana que, inexplicavelmente,
Não pode mais mantê-los vivos.
Jardins podem emanar-se na imensidão de um campo vasto e fértil.
Jardins podem conter o mesmo significado em apenas uma única flor e seu adorno.
Quando dizemos jardim, dizemos, enfim,
Delicadeza...

11/08/2011 – 23:50
Chiquinho Silva

Escrita especialmente dedicada à Iza e ao Dagô, aos amigos do
Coletivo Cultural Pegando o Gancho, num brinde ao encontro vivido...