sexta-feira, 13 de abril de 2012

A Lua Minguante de Hoje

"Quando a Lua míngua, sou Hécate de toda escuridão.
Busco a linguagem da alma e descubro ser eu mesma tudo aquilo que me ameaça.
Sou Hécate quando a solidão importa e quando o fim torna-se causa e razão.
Sou Hécate quando penso na morte e encontro o que sou
antes de tornar-me outra.
Assim sou Hécate."

quinta-feira, 12 de abril de 2012

XICO ESVAEL E COSTA SENNA

  
Este final de semana que se aproxima vai ser uma festa!! Sim, por que a minha agenda sorri! Olho pra ela e fico entusiamado ao vê-la sorrir! É que me encontrarei com alguns bons amigos, dentre eles os escritores deste Blog, Laudecir, Marli, Francisco, Luiza. Mas tambem com duas pessoas com as quais me sinto muito bem: Os Poetas e amantes da beleza,  Xico Esvael e o Costa Senna

Olha que agenda deliciosa!
No sábado, dia 14, o Costa Senna lança seu livro O LOBISOMEM DA AV. SÃO JOAO, não li e já gostei!! Na verdade, já li um pouquinho pois o Laudecir adquiriu o livro no sarau Pegando o Gancho, onde o Poeta estava, e esqueceu. O Lobisomem da Vila Guilherme pegou e começou a devorá-lo. A narrativa fictícia, conta-nos a história de Jano, um cidadão de vida simples, mas que o acaso fez com que se encontrasse com um tipo muito incomum para uma cidade: um lobisomem. No entanto, contrariando a lógica cartesiana da sociedade, selam amizade. A partir desse ato, desencadeia-se profunda transformação na vida de ambos.

O Lançamento se realizará em meio ao evento Bodega Brasil onde se reunem vários artistas e escritores da cultura popular para fazer o que gostamos: Homenagear a Poesia e a beleza!

Será no ESPAÇO CULTURAL PERIFERIA NO CENTRO DA AÇÃO EDUCATIVA Rua General Jardim, 660 Vila Buraque. Das 16h às 21h.

Vou dar uma passada prestigiosa por lá e em seguida pego a estação de trem para me deliciar com o Sarau que o Xico está organizando lá em Santo André. É o Sarau MTC, a história dos 50 aos do Movimento dos Trabalhadores Cristãos. Uma história contada com músicas, imagens, poesias, textos e depoimentos. Musica ao vivo com Xico Esvael, comidinha, bebidinha, bazar com livros, CD’s, souvenirs.

Será no MTC – um espaço TEMÁTICO, ECUMÊNICO, DESCOLADO E LÚDICO. Rua Fernao Dias, 14, uma quadra da estação de trem Utinga
Eu vou! Sinta-se convidado e convidada. Vamos combinar para irmos juntos ou nos encontramos por lá! Como é comum ouvir no Sarau do Pegando o Gancho... É GENTE DA MELHOR QUALIDADE!

Cheiro de Cultura e de beleza!

Gilson Reis
12.04.2012

Xico Esvael: xicoesvael@uol.com.br 
Fone: (11) 9503 6425

Fones: (11) 2552-2443 e (11) 9448-2049

quarta-feira, 11 de abril de 2012

SOZINHA

Quando Filipe (meu filho mais velho) estava no ensino Fundamental (hoje ele está com quase 25 anos), na matéria de literatura eles lançavam todo ano um livro de poesias chamado Pedacinhos. Acredito que estes exemplares ficam nas estantes do colégio, das famílias dos autores. Então vou publicar uma poesia de Ana Paula Cairo de 1996, ela estava na 8ª série naquele ano. Com licença Ana Paula.
Sendo um colégio particular localizado no centro de São Paulo, próximo a Estação de trem Luz é possível que esta menina tenha feito esta reflexão observando todos os dias na sua inda e vinda da escola, a realidade das crianças que por ali circulavam.
Eu mesma quando levava Filipe, encontrava todos os dias com uma menina dos seus 7 anos carregando em cada mão galões de água, ela morava próximo à delegacia 77 da Rua Glete que atravessa a Av. São João, não me lembro o nome dela. Onde está, o que faz, esta pequena que tão cedo ajudava a família a coletar água para sua casa em alguma torneira disponível naquela localidade?

Eu vendo chiclete no sinal vermelho
Seu moço compra um pouco de mim
Eu olho o seu carro, eu lavo, eu encero
Ó, tia, compra um doce pra mim
Eu carrego as compras por qualquer dinheiro
Ó, dona, dá um troco pra mim.

Minha mãe foi embora, meu pai não conheço
Na escola não deixam entrar
O meu sobrenome eu sempre esqueço
Com fome é difícil lembrar
Eu vivo, assustado, eu ando ligeiro
Com medo da polícia chegar.

Eu vi na TV o homem dizendo
Que a vida agora vai melhorar
E essa campanha que estão fazendo
Que diz que a fome vai acabar
Mas vem outro dia e tem gente morrendo
Meu Deus, eu nunca quero roubar.

Tá ficando tarde, o sono vem vindo
Parece que o frio não tem fim
Eu vou descansar na praça
Debaixo da ponte ou jardim
Eu rezo pra Deus e peço de joelhos
Dá uma família pra mim.

terça-feira, 10 de abril de 2012

FRANCISCAS E FRANCISCOS...

No último final de semana estive com uma amiga que costuma dizer “Eu sou de lá”. Foi ela que me apresentou o texto “Provocações”, de Luis Fernando Veríssimo. O texto retrata a vida do trabalhador, pelo menos da grande maioria, de qualquer parte do mundo, mas de maneira muito especial dos trabalhadores brasileiros, realidade que conhecemos um pouco melhor. Que o texto possa ajudar em uma reflexão profícua das artimanhas das relações de trabalho, propriedade, exploração, conformismo, consciência, resistência, esperança, etc.

A primeira provocação ele aguentou calado. Na verdade, gritou e esperneou.
Mas todos os bebês fazem assim, mesmo os que nascem em maternidade,
ajudados por especialistas. E não como ele, numa toca, aparado só pelo
chão. A segunda provocação foi a alimentação que lhe deram, depois do
leite da mãe. Uma porcaria. Não reclamou porque não era disso. Outra
provocação foi perder a metade dos seus dez irmãos, por doença e falta
de atendimento. Não gostou nada daquilo. Mas ficou firme. Era de boa paz.
Foram lhe provocando por toda a vida. Não pode ir a escola porque tinha
que ajudar na roça. Tudo bem, gostava da roça. Mas aí lhe tiraram a roça.
Na cidade, para aonde teve que ir com a família, era provocação de tudo
que era lado. Resistiu a todas. Morar em barraco. Depois perder o barraco,
que estava onde não podia estar. Ir para um barraco pior. Ficou firme.
Queria um emprego, só conseguiu um subemprego. Queria casar, conseguiu
uma submulher. Tiveram subfilhos. Subnutridos. Para conseguir ajuda,
só entrando em fila. E a ajuda não ajudava. Estavam lhe provocando.
Gostava da roça. O negócio dele era a roça. Queria voltar pra roça.
Ouvira falar de uma tal reforma agrária. Não sabia bem o que era.
Parece que a ideia era lhe dar uma terrinha. Se não era outra provocação,
era uma boa. Terra era o que não faltava. Passou anos ouvindo falar
em reforma agrária. Em voltar à terra. Em ter a terra que nunca tivera.
Amanhã. No próximo ano. No próximo governo. Concluiu que era provocação.
Mais uma.
Finalmente ouviu dizer que desta vez a reforma agrária vinha mesmo.
Para valer. Garantida. Se animou. Se mobilizou. Pegou a enxada e foi
brigar pelo que pudesse conseguir. Estava disposto a aceitar qualquer
coisa. Só não estava mais disposto a aceitar provocação.
Aí ouviu que a reforma agrária não era bem assim. Talvez amanhã.
Talvez no próximo ano... Então protestou. Na décima milésima provocação,
reagiu.
E ouviu espantado, as pessoas dizerem, horrorizadas com ele:
VIOLÊNCIA NÃO!

segunda-feira, 9 de abril de 2012

E continuamos na cracolândia...

Queridos leitores,
A história da cracolândia parece ter terminado. Não, ainda não terminou, porém meus amigos: Onde está a mídia que tanto falou da cracolândia? Depois de quase quatro meses após de ação policial, onde esta o resultado dessa ação? No que resultou essa ação? Alguém poderia me responder? Ei, tem alguém ai? ALGUÉM?. Nada não é mesmo. Ninguém sabe nada, ninguém fala mais nada. Mas precisamos falar algo sobre isso.
O que tenho percebido é que os usuários continuam nas ruas. A venda do crack continua a céu aberto e livremente “a feira do crack”, o que deveria a ser reprimido, mais não é. Outro questionamento que não posso deixa de fazer é sobre a verba disponibilizada pelo governo federal aos estados e municípios para combater o crack. Para onde foi? Acho que isso jamais saberemos a não ser que alguém consiga entrar no submundo das politicas ditas públicas.
Esses dias estava eu passando pela rua e um rapaz, desses que a gente sabe que vende crack para sobreviver, passando por mim ele disse: “Banco do Brasil” e aguardou a minha resposta. Eu virei, olhei para ele e lhe disse: “Não”. O rapaz voltou a caminhar sem olhar pra traz, logo entendi que era a nova senha de acesso à droga, antes a senha era “salve”, mas... banco do brasil é muita criatividade.
Existe uma forma de se vender a sustância, só quem entende e faz parte desse mundo é que sabe o que significa, ou ainda quem vive seu cotidiano nesse lugar. Mesmo depois da ação da policia, ainda continuo vendo cadeirantes, meninas grávidas, crianças, idosos comprando a substância descaradamente, abertamente. Agora a pergunta que não quer calar: ALGUMA COISA MUDOU? Eles dizem sim, mas não NADA MUDOU. Infelizmente.
Bois bem. Não tendo o que fazer, os seguranças de rua continuam espantando os usuários. Esses dias presenciei um deles dando cacetadas em um usuário, me deu dó, mas raiva também porque sinto que eles também não procuram uma forma de sair dessa situação. Lógico, eles não têm condições para enfrentar, mas tenho que confessar essa raiva, todavia não justifica a ação dos “seguranças”.
Pois bem. A PM colocou uma unidade móvel há um quarteirão de onde os usuários estão se reunindo. Lógico, tem lá um prédio reformado e que os apartamentos precisam ser vendidos, com o visual que eles encontram no momento no local, ninguém quer comprar. Assim aconteceu conosco, quando chegamos às imediações havia por lá uma unidade móvel, como já relatei há algum tempo atrás, logo após todas as unidades vendidas... Adeus! Assim os usuários, como bois nos pastos, ficam exatamente onde a PM os coloca, é como que “alí é permitido” e assim tudo continua igual. Isso tem remédio, mas dizem que o que não tem remédio, remediado está.
Reinildo.

domingo, 8 de abril de 2012

LUCIDEZ




















Confesso-me inconfesso

Renego a frustração que advém de tal proeza

E que seja carne ou que seja espírito

Admito o que hoje em mim fraqueja

E persigo a ilusão vital

Sem, entretanto, comover-me com tal nobreza.

Revisto-me de minhas impurezas

Confundindo-me em refém e gene de minha própria natureza

Que venham os filósofos,

Que rujam os tambores,

Meus temores,

Meu apavoramento,

Muito além do que de mim anseio

Meus legados amorfos

Signos legendados

Sonetos amaldiçoados pela ignorância letal

De quem morto se revela.

Essa cruel desesperança que de vingança se alimenta

E sua saborosa e pretensa razão de existência.

Permitam-me tamanha insensatez,

Lucidez de minha carne e ira de meus dentes.

Meu corpo, abatido pela dor da mortalidade,

Já mergulha em sua finitude

Mesmo que eu, negando-lhe ataúde,

De tempos em tempos, me ilude...


04/04/2012 – 23:28
Chiquinho Silva