sexta-feira, 13 de abril de 2012
A Lua Minguante de Hoje
quinta-feira, 12 de abril de 2012
XICO ESVAEL E COSTA SENNA
quarta-feira, 11 de abril de 2012
SOZINHA
terça-feira, 10 de abril de 2012
FRANCISCAS E FRANCISCOS...
No último final de semana estive com uma amiga que costuma dizer “Eu sou de lá”. Foi ela que me apresentou o texto “Provocações”, de Luis Fernando Veríssimo. O texto retrata a vida do trabalhador, pelo menos da grande maioria, de qualquer parte do mundo, mas de maneira muito especial dos trabalhadores brasileiros, realidade que conhecemos um pouco melhor. Que o texto possa ajudar em uma reflexão profícua das artimanhas das relações de trabalho, propriedade, exploração, conformismo, consciência, resistência, esperança, etc.
A primeira provocação ele aguentou calado. Na verdade, gritou e esperneou.
Mas todos os bebês fazem assim, mesmo os que nascem em maternidade,
ajudados por especialistas. E não como ele, numa toca, aparado só pelo
chão. A segunda provocação foi a alimentação que lhe deram, depois do
leite da mãe. Uma porcaria. Não reclamou porque não era disso. Outra
provocação foi perder a metade dos seus dez irmãos, por doença e falta
de atendimento. Não gostou nada daquilo. Mas ficou firme. Era de boa paz.
Foram lhe provocando por toda a vida. Não pode ir a escola porque tinha
que ajudar na roça. Tudo bem, gostava da roça. Mas aí lhe tiraram a roça.
Na cidade, para aonde teve que ir com a família, era provocação de tudo
que era lado. Resistiu a todas. Morar em barraco. Depois perder o barraco,
que estava onde não podia estar. Ir para um barraco pior. Ficou firme.
Queria um emprego, só conseguiu um subemprego. Queria casar, conseguiu
uma submulher. Tiveram subfilhos. Subnutridos. Para conseguir ajuda,
só entrando em fila. E a ajuda não ajudava. Estavam lhe provocando.
Gostava da roça. O negócio dele era a roça. Queria voltar pra roça.
Ouvira falar de uma tal reforma agrária. Não sabia bem o que era.
Parece que a ideia era lhe dar uma terrinha. Se não era outra provocação,
era uma boa. Terra era o que não faltava. Passou anos ouvindo falar
em reforma agrária. Em voltar à terra. Em ter a terra que nunca tivera.
Amanhã. No próximo ano. No próximo governo. Concluiu que era provocação.
Mais uma.
Finalmente ouviu dizer que desta vez a reforma agrária vinha mesmo.
Para valer. Garantida. Se animou. Se mobilizou. Pegou a enxada e foi
brigar pelo que pudesse conseguir. Estava disposto a aceitar qualquer
coisa. Só não estava mais disposto a aceitar provocação.
Aí ouviu que a reforma agrária não era bem assim. Talvez amanhã.
Talvez no próximo ano... Então protestou. Na décima milésima provocação,
reagiu.
E ouviu espantado, as pessoas dizerem, horrorizadas com ele:
VIOLÊNCIA NÃO!
segunda-feira, 9 de abril de 2012
E continuamos na cracolândia...
A história da cracolândia parece ter terminado. Não, ainda não terminou, porém meus amigos: Onde está a mídia que tanto falou da cracolândia? Depois de quase quatro meses após de ação policial, onde esta o resultado dessa ação? No que resultou essa ação? Alguém poderia me responder? Ei, tem alguém ai? ALGUÉM?. Nada não é mesmo. Ninguém sabe nada, ninguém fala mais nada. Mas precisamos falar algo sobre isso.
O que tenho percebido é que os usuários continuam nas ruas. A venda do crack continua a céu aberto e livremente “a feira do crack”, o que deveria a ser reprimido, mais não é. Outro questionamento que não posso deixa de fazer é sobre a verba disponibilizada pelo governo federal aos estados e municípios para combater o crack. Para onde foi? Acho que isso jamais saberemos a não ser que alguém consiga entrar no submundo das politicas ditas públicas.
Esses dias estava eu passando pela rua e um rapaz, desses que a gente sabe que vende crack para sobreviver, passando por mim ele disse: “Banco do Brasil” e aguardou a minha resposta. Eu virei, olhei para ele e lhe disse: “Não”. O rapaz voltou a caminhar sem olhar pra traz, logo entendi que era a nova senha de acesso à droga, antes a senha era “salve”, mas... banco do brasil é muita criatividade.
Existe uma forma de se vender a sustância, só quem entende e faz parte desse mundo é que sabe o que significa, ou ainda quem vive seu cotidiano nesse lugar. Mesmo depois da ação da policia, ainda continuo vendo cadeirantes, meninas grávidas, crianças, idosos comprando a substância descaradamente, abertamente. Agora a pergunta que não quer calar: ALGUMA COISA MUDOU? Eles dizem sim, mas não NADA MUDOU. Infelizmente.
Bois bem. Não tendo o que fazer, os seguranças de rua continuam espantando os usuários. Esses dias presenciei um deles dando cacetadas em um usuário, me deu dó, mas raiva também porque sinto que eles também não procuram uma forma de sair dessa situação. Lógico, eles não têm condições para enfrentar, mas tenho que confessar essa raiva, todavia não justifica a ação dos “seguranças”.
Pois bem. A PM colocou uma unidade móvel há um quarteirão de onde os usuários estão se reunindo. Lógico, tem lá um prédio reformado e que os apartamentos precisam ser vendidos, com o visual que eles encontram no momento no local, ninguém quer comprar. Assim aconteceu conosco, quando chegamos às imediações havia por lá uma unidade móvel, como já relatei há algum tempo atrás, logo após todas as unidades vendidas... Adeus! Assim os usuários, como bois nos pastos, ficam exatamente onde a PM os coloca, é como que “alí é permitido” e assim tudo continua igual. Isso tem remédio, mas dizem que o que não tem remédio, remediado está.
Reinildo.
domingo, 8 de abril de 2012
LUCIDEZ
Confesso-me inconfesso
Renego a frustração que advém de tal proeza
E que seja carne ou que seja espírito
Admito o que hoje em mim fraqueja
E persigo a ilusão vital
Sem, entretanto, comover-me com tal nobreza.
Revisto-me de minhas impurezas
Confundindo-me em refém e gene de minha própria natureza
Que venham os filósofos,
Que rujam os tambores,
Meus temores,
Meu apavoramento,
Muito além do que de mim anseio
Meus legados amorfos
Signos legendados
Sonetos amaldiçoados pela ignorância letal
De quem morto se revela.
Essa cruel desesperança que de vingança se alimenta
E sua saborosa e pretensa razão de existência.
Permitam-me tamanha insensatez,
Lucidez de minha carne e ira de meus dentes.
Meu corpo, abatido pela dor da mortalidade,
Já mergulha em sua finitude
Mesmo que eu, negando-lhe ataúde,
De tempos em tempos, me ilude...
04/04/2012 – 23:28
Chiquinho Silva