quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

DA PAZ - MARCELINO FREIRE

Caros Leitores e Leitoras!
Bom início de ano com os textos deste Blog!

Como puderam perceber, terminei o ano de 2011 falando de Paz, através da Campanha do Desarmamento Infantil. Seguirei, nos próximos dias de 2012, a falar do memso assunto e apresento, nesta postagem, um poema para reflexão sobre a Paz.
 

Imagem: portalodm.com.br

Eu não sou da paz.

Não sou mesmo não. Não sou. Paz é coisa de rico. Não visto camiseta nenhuma, não, senhor. Não solto pomba nenhuma, não, senhor. Não venha me pedir para eu chorar mais. Secou. A paz é uma desgraça.

Uma desgraça.

Carregar essa rosa. Boba na mão. Nada a ver. Vou não. Não vou fazer essa cara. Chapada. Não vou rezar. Eu é que não vou tomar a praça. Nessa multidão. A paz não resolve nada. A paz marcha. Para onde marcha? A paz fica bonita na televisão. Viu aquele ator?

Se quiser, vá você, diacho. Eu é que não vou. Atirar uma lágrima. A paz é muito organizada. Muito certinha, tadinha. A paz tem hora marcada. Vem governador participar. E prefeito. E senador. E até jogador. Vou não.

Não vou.

A paz é perda de tempo. E o tanto que eu tenho para fazer hoje. Arroz e feijão. Arroz e feijão. Sem contar a costura. Meu juízo não está bom. A paz me deixa doente. Sabe como é? Sem disposição. Sinto muito. Sinto. A paz não vai estragar o meu domingo.

A paz nunca vem aqui, no pedaço. Reparou? Fica lá. Está vendo? Um bando de gente. Dentro dessa fila demente. A paz é muito chata. A paz é uma bosta. Não fede nem cheira. A paz parece brincadeira. A paz é coisa de criança. Tá uma coisa que eu não gosto: esperança. A paz é muito falsa. A paz é uma senhora. Que nunca olhou na minha cara. Sabe a madame? A paz não mora no meu tanque. A paz é muito branca. A paz é pálida. A paz precisa de sangue.

Já disse. Não quero. Não vou a nenhum passeio. A nenhuma passeata. Não saio. Não movo uma palha. Nem morta. Nem que a paz venha aqui bater na minha porta. Eu não abro. Eu não deixo entrar. A paz está proibida. A paz só aparece nessas horas. Em que a guerra é transferida. Viu? Agora é que a cidade se organiza. Para salvar a pele de quem? A minha é que não é. Rezar nesse inferno eu já rezo. Amém. Eu é que não vou acompanhar andor de ninguém. Não vou. Não vou.

Sabe de uma coisa: eles que se lasquem. É. Eles que caminhem. A tarde inteira. Porque eu já cansei. Eu não tenho mais paciência. Não tenho. A paz parece que está rindo de mim. Reparou? Com todos os terços. Com todos os nervos. Dentes estridentes. Reparou? Vou fazer mais o quê, hein?

Hein?

Quem vai ressuscitar meu filho, o Joaquim? Eu é que não vou levar a foto do menino para ficar exibindo lá embaixo. Carregando na avenida a minha ferida. Marchar não vou, ao lado de polícia. Toda vez que vejo a foto do Joaquim, dá um nó. Uma saudade. Sabe? Uma dor na vista. Um cisco no peito. Sem fim. Ai que dor! Dor. Dor. Dor.

A minha vontade é sair gritando. Urrando. Soltando tiro. Juro. Meu Jesus! Matando todo mundo. É. Todo mundo. Eu matava, pode ter certeza. A paz é que é culpada. Sabe, não sabe?

A paz é que não deixa.

Marcelino Freire nasceu em 20 de março de 1967 na cidade de Sertânia, Sertão de Pernambuco. Vive em São Paulo desde 1991.
Visitem www.eraodito.blogspot.com e conheçam melhor o escritor e sua obra.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

2012

2012.
Uns dizem o ano par é melhor, outros dizem o ano impar é melhor.
Independente de par ou impar estamos no novo ano que é par, 2012.
FELIZ ANO NOVO A TODOS.
Não tenho o que reclamar de 2011 no que se refere a mim, porque sei que nem tudo foi bom no mundo, no país e certamente para muitas pessoas. Considerando os anos de 2005, 2006, 2007, 2008, 2009, 2010, que luta, que sufoco, UFA!!!
Ainda bem que estes anos já passaram e estão mortos. Passei 2 anos fazendo terapia pra não sofrer com os traumas que eles me causaram.
Lindo, maravilhoso, delicioso 2011! Quanta coisa boa, quantas alegrias, quantas bençãos!!! OBRIGADA.
Não quero esperar nada de 2012, depois da carta para o papai noel postada pelo Laudecir, não vale a pena esperar nada, resolvi que viverei, independente de qualquer coisa, viverei.
Viverei simplesmente, alegremente meu dia a dia, na certeza que ao final de cada um saberei agradecer a Deus por mais um dia vivido.
Todos vocês meus amigos que farão parte de minha vida neste ano que inicia minha gratidão desde já.
Assim como fechei com chave de ouro 2011, abri 2012 em festa junto de minha família, que não é pequena. Minha mãe começou o ano com uma bela oração, num agradecimento sem fim por todos nós, seus filhos, netos, bisnetos que disse ser motivo de sua alegria e agradecimento a Deus. Fiquei deslumbrada com as palavras dela. Ela finalizou sua fala dizendo: Vocês tem que saber agradecer a Deus pela suas vidas porque todos dias não durmo enquanto não dirijo a Deus meus agradecimentos pela vida de cada um de vocês.
Dai pra frente só festa, muita comida, muita cerveja, muiiiiiiiiiiiiiita gente boa, claro, minha família.

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

RITUAL

Ano Novo. Novo? O que muda exatamente? Talvez, nada! Ou muito! Já disse em outra ocasião sobre a importância em celebrar as datas. O quanto são significativos os rituais, sobretudo aqueles que remetem à passagem de uma condição da vida à outra – da gestação para o nascimento, da infância para adolescência, dessa para a juventude, depois para a vida adulta, chega a velhice, passagem da vida para a morte, etc. Cada um desses momentos da vida tem suas peculiaridades, seus significados. Estão marcados por símbolos específicos.
O ritual de passagem de ano faz com que haja uma ruptura na noção do tempo. É como se um novo tempo começasse e consequentemente cada pessoa fosse convidada a avaliar, replanejar, recomeçar, fazer tudo outra vez, e agora, melhor que antes. Seria insuportável imaginar um tempo que não houvesse fim. Em parte, é por isso que tantas pessoas buscam as praias, o mar, as florestas, lugares supostamente carregados de boas energias, apropriados para se colocarem diante de Deus, seja lá qual for, e assim, agradecer pelo tempo que passou e ao mesmo tempo apresentar pedidos, desejos. As mais diversas formas de relacionamento com o Divino explicitam-se através dos rituais - jogar flores e frutas no mar para Iemanjá, pular as sete ondas, rezar Pai Nosso, Ave Maria, acender velas, dar as mãos, abrir bebidas, muitos abraços, etc.
Que os desejos expressos na música “Sem Mandamentos”, de Oswaldo Montenegro, possam a cada dia do ano de 2012 tornarem-se concretos.

Hoje eu quero a rua cheia de sorrisos francos
De rostos serenos, de palavras soltas
Eu quero a rua toda parecendo louca
Com gente gritando e se abraçando ao sol
Hoje eu quero ver a bola da criança livre
Quero ver os sonhos todos nas janelas
Quero ver vocês andando por aí
Hoje eu vou pedir desculpas pelo que eu não disse
Eu até desculpo o que você falou
Eu quero ver meu coração no seu sorriso
E no olho da tarde a primeira luz
Hoje eu quero que os boêmios gritem bem mais alto
Eu quero um carnaval no engarrafamento
E que dez mil estrelas vão riscando o céu
Buscando a sua casa no amanhecer
Hoje eu vou fazer barulho pela madrugada
Rasgar a noite escura como um lampião
Eu vou fazer seresta na sua calçada
Eu vou fazer misérias no seu coração
Hoje eu quero que os poetas dancem pela rua
Pra escrever a música sem pretensão
Eu quero que as buzinas toquem flauta-doce
E que triunfe a força da imaginação

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Só Queria Amar





Como é complicado esse negócio de amor. Por mais românticos e poéticos que sejamos não inventaram uma formula para que esse fenômeno seguisse um curso mais tranquilo. Para algumas pessoas, viver o amor é algo desafiador. Aparece uma gama de sentimentos e emoções que lhes causa a impressão de algo impossível de se dar conta. Mentira, fantasia, impossibilidades, insegurança, querer mais do que pode dar ou dar mais do que precisa ser oferecido, onipotência, criatividade e o medo – o grande medo - do sofrimento. Nesses dias entrei em contato com uma amiga que me confidenciou algo que esta acontecendo em sua vida. Ela tem uma grande vontade de se relacionar com alguém. Algo intenso, verdadeiro, apaixonante que seja para a vida toda. Não queria uma relação momentânea, ela queria que fosse algo profundo, envolvente. Mas o “príncipe” parecia distante. E ela me perguntava se um dia ela viveria essa realidade e afirmava sempre para si própria: “meu namorado esta para chegar, Deus o esta preparando”. Mas eu sempre achei estranha essa demora e questionava: “mas será que você está aberta para chegada desse príncipe?”. Esse era o seu sofrimento, não conseguia viver o conto que idealizava com o seu príncipe. Certo dia, assim como do nada, apareceu um rapaz em seu trabalho, cujo contato visual, foi reciprocamente estabelecido, como se dissessem um para o outro: estou afim de você! Esse tipo de manifestação é bem explicado pela etologia, ciência que estuda o comportamento humano e seus signos. Ambos emitiram sinais que se traduziam em algo afetivo, mas ela simplesmente não soube lidar com essa legitimidade de possibilidade e não permitiu o encontro entre ela e o possível príncipe. A partir desse momento, essa amiga começou a se questionar, porque isso lhe acontecia, porque não ficou no local onde estavam para que pudessem conversar e quem sabe... sei lá... Como dizia ela. Quanta incompreensão. Porque esses desencontros que lhe causavam tanto sofrimento? Assim ela resolveu tentar indiretamente outro possível encontro e resolveu mostrar-se novamente ao possível príncipe. E quem sabe... sei lá... Então se autorizou para escrever-lhe essas poucas palavras, sinceras e profundas: "Em 2011, eu ri, cresci, me iludi, chorei, aprendi, errei algumas vezes. Li alguns livros, fui ao cinema, viajei, desconstruí paradigmas, me arrependi, trabalhei muito. Busquei arranjos novos, mudei, me arrependi do que eu não fiz. Fiquei triste quando deixei de fazer o que mais desejava, calei-me quando precisava falar, sonhei, realizei, sofri, me decepcionei, briguei, pedi desculpas. Dancei, distribui afetos, lembrei, fui lembrada, fiz novos amigos. Apaixonei-me, fugi quando mais desejava ficar... Mas não perdi as esperanças. Em alguns desses momentos você esteve presente. Um beijo".
E assim essa amiga esta tentando rever suas posturas para saber lidar com o amor que se acumula dentro de si e quer apenas quer vive-lo como qualquer outra pessoa comum. E assim... sei lá.... Apenas viver.
Essas palavras foram entregues ao seu príncipe como um presente acompanhado de um lindo livro. “O Pequeno Principe”. BOA SORTE!!!



Reinildo de Souza.