Esta semana resolvi falar através de música e imagens. Espero que a mensagem destes dois vídeos que montei há algum tempo para aulas de Literatura possa tocar a sensibilidade de vocês.
Isa Oliveira
Esta semana resolvi falar através de música e imagens. Espero que a mensagem destes dois vídeos que montei há algum tempo para aulas de Literatura possa tocar a sensibilidade de vocês.
Isa Oliveira
Chegamos ao fim de novembro, mês dedicado à Consciência Negra, ocasião oportuna para um momento de reflexão, conforme disse em postagem anterior. As datas são quase sempre um momento de parada pra se reviver, repensar, celebrar, etc., daí se dá o advento, datas de aniversários, fazer memória de um herói, dia disso, dia daquilo...! É claro que tem também o interesse comercial. E, algumas datas esse apelo parece soar mais forte do que o próprio sentido da comemoração.
Fecho o mês de novembro com uma história sobre Ser Negro que ouvi de uma amiga de trabalho. Dizia ela que outra amiga, por ocasião de seu ingresso no curso de pós-graduação em uma universidade renomada de São Paulo, fez a seguinte reflexão: quando era criança e morava na periferia da cidade e foi para escola nas primeiras séries recordava que havia muitas crianças negras na sala. Depois foi promovida para o ginásio (ainda usava-se esta expressão), notou que havia menos alunas negras na sala. Passados alguns anos foi promovida para o segundo grau, notou que havia ainda menos alunas negras na sala. Mais tarde foi para a universidade, notou que eram apenas duas alunas negras na sala. Foi para o mestrado, e então, notou que era a única negra. Concluiu dizendo que suas amigas foram sumindo ao longo do caminho acadêmico e que tinha medo de desaparecer também.
Estou contanto essa história porque ela me fez lembrar de uma situação vivenciada por mim na Santa Casa de Misecórdia de São Paulo. Meu pai esteve lá internado por dois dias... Um tormento! Minha mãe fez companhia ao meu pai durante toda manhã e quando cheguei ao local ela disse:
- a médica deu alta para seu pai...
- qual médica mãe? Perguntei.
- uma dessa que está passando aí pra lá e pra cá
- será aquela? Apontei.
- parece que é... elas são todas iguais, tão branquinhas, tão bonitas...
Imediatamente lembrei da autora Delcele Mascarenhas Queiroz, professora da Universidade Federal da Bahia, quando disse que em alguns Cursos Superiores no Brasil, de visibilidade social, como medicina por exemplo, é praticamente inexistente a presença de negros.
Bom, o fato é que durante os dois dias que estive na Santa Casa não vi nenhuma médica negra. Acho que era disso que a amiga de minha amiga, que mencionei no início do texto, estava falando quando disse que suas amigas de infância foram sumindo ao longo do caminho acadêmico e que ela tinha medo de desaparecer também.