quinta-feira, 23 de agosto de 2012

LAUDECIR EMOCIONANTE!


O poder não é habilidade de todos! Vamos combinar que todos podem ter direito ao poder, mas muitos não os têm! Nem me interessa agora saber o por quê, uma vez que eu só quero falar do Laudecir. Confuso heim! Se quero é só falar do Laudecir pra quê esta embolação sobre o poder!?

É que o conhecido LAU tem um poder especial que a muitos encanta! Os que o conhecem devem está buscando definir quais, dentre tantos que têm, mas eu quero ressaltar, nele, o poder de emocionar!

O convidei para um encontro de formação da ONG onde atuo, realizado na Câmara Municipal de São Paulo. Um momento em que Educadores Sociais discutiram acerca dos impactos da escolha de Vereadores e Prefeito. Propus-lhe um poema político e ele escolheu “Provocações”, se não me engano, já publicado neste Blogg. Mas também não me interessa publicar agora, uma vez que a força emotiva que ele esbanja não se resume apenas a este poema.

Laudecir chegou no meio do encontro, quando falava uma mulher “peituda” do movimento Voto Consciente. Quando lhe anunciei a hora de entrar em cena, acho que sentiu aquele friozinho que só ele pode dizer ao postar seu comentário neste Blogg.

Ao apresentá-lo aos Educadores Sociais disse:

“Este, o Laudecir, que vocês ainda não conhecem, veio para expressar mais provocações, iniciada com o poema Operário em Construção, recitado na abertura pelo Ator de Teatro. Vai Lau, enlouqueça!”

E ele enlouqueceu!
Recitou e até cantou! Mas acima de qualquer coisa... EMOCIONOU!

A “peituda” saiu de sua cadeira, na mesa de convidados, e se laçou em seus braços, para abraçá-lo. Ela foi protagonista em ações contra a ditadura militar. Sabe exatamente o que significa EMOÇÃO!

Valeu Lau
Jóia rara do Coletivo Cultural Pegando o Gancho


quarta-feira, 22 de agosto de 2012

CÂNTICO DOS CÂNTICOS, O QUE É DE SALOMÃO




Vamos continuar falando de amor viajando pelos textos de Antonio Medina Rodrigues traduzindo Cântico dos Cânticos de Salomão.

Ó filhas de Jerusalém, sou negra,
E bela como as tendas de Quedar,
E alfaias do rei Salomão.

Não estranheis que eu seja negra,
Pois é que o sol me há cobiçado,
Contra mim os filhos de minha mãe ralharam,
Me mandaram guardar vinhas,
Minhas vinhas não guardei.





Fala-me de quem minha alma adora!
Onde apascentas o gado,
E onde o meio-dia tu repousas?
Errante não mais perambule
Em campos dos amigos teus.

Se desconheces a ti mesma,
Ó formosa entre as mulheres,
Vai à trilha dos rebanhos,
Renete às tendas pastorais,
E dá a postar as tuas ovelhas.





Orquídeas do quintal de minha amiga Regina.

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Através do Sarau Suburbano Convicto, na pessoa de Alessandro Buzo como o “maquinista do trem”, expressão carinhosa utilizada por seu amigo Tubarão, tive a oportunidade de conhecer muita gente boa, amantes da poesia. Entre essas pessoas está o poeta  Ni Brisant, autor do livro “Tratado sobre o coração das coisas ditas”.  Morador da Zona Sul de São Paulo, região onde realiza alguns eventos culturais, zona pela qual demonstra-se apaixonado.  Ni Brisant é definido autor “dotado de talento e sensibilidade, utiliza-se de linguagem despida de preconceitos, com o despojo inerente a tudo o que é bom, para falar de algumas das agruras e angústias da existência humana.” Definição dada por Jamilson Silva.
Nos poucos e intensos encontros poéticos que tive com o autor sinto que a definição acima não deixa a desejar. Torna-se mais verdadeira à medida que leio seus poemas.  Segue aqui um deles para que ruminem juntamente comigo.

  Destes dias

Amanhã todos os sonhos serão lembrados
quando a chuva deixar o tempo em previsão de luz
e  o tédio devorar as horas de quem não conhece o amor.

Quando só restar coragem e uma chance pouca,
a grandeza dos melhores atos derrotará tua sina,
mas não desonre esta conquista tomando-a por milagre.

Num itinerário que sabota todos os esquemas,
o perigo surge do medo que te rouba e te cala
sem deixar ver quem sempre esteve do teu lado.

Toda primeira é vez que acontece apenas uma
e abre contagem desleal feita para se perder,
pois todo fim traz valor nunca dado antes.


segunda-feira, 20 de agosto de 2012


O Centro da Cidade Também é dos Pretos do Rosário

 Semana passada fiz uma homenagem aos Irmãos do Rosário dos Pretos do Largo do Paissandu em São Paulo, com um fragmento de um texto de Jean-Paul Sartre. Hoje, fazendo Memória daqueles que apesar do tempo, continuam invisibilizado no centro da cidade, fazem parte da história de nossa cidade, apresento alguns depoimentos de algumas irmãs, e que mostra como a Irmandade se relaciona com a cidade. Estes depoimentos nos mostram claramente que os irmãos têm consciência de sua fragilidade frente à cidade, mas também têm ciência da força da irmandade. Quando D. Cacilda diz “já tentaram nos tirar daqui”, ela está se referido à coletividade, ao poder do grupo que juntos enfrentam as diversas situações que atinge a irmandade. Sobre esta relação, Conceição Prudência, nos diz que “nesta fase de construção e reconstrução da cidade, “por várias vezes foi tentado tirar a igreja do Largo do Paissandu”. Já quiseram tirar a irmandade de lá. Ela iria para a Barra Funda. Mas por intervenção de um prefeito, cuja mãe ajudava a irmandade que a igreja continuou onde está até hoje. O local aonde eu ouço dizer que seria a igreja da irmandade, é onde está hoje mais ou menos o hospital da Barra Funda. A estátua do Duque de Caxias é que ficaria no lugar da irmandade”.  D. Cacilda também confirma estas afirmações. Ela nos diz que: “Já tentaram nos tirar daqui. Se nós tivéssemos aceitado, tinha ido à primeira vez, para onde hoje está a estação do metrô Paraíso, bem em frente à Ortodoxa. Depois tentaram levar agente para a Rua Vitorino Camilo, também não foi. Depois ofereceram a Praça Princesa Isabel. Então agente ia ficar exatamente onde está o cavalo de Duque de Caxias. Era aí onde agente estaria”. Todavia, as transformações da cidade que não conseguiram remover a igreja do local onde ela ainda se encontra, foi gradativamente afastando para os bairros vizinhos, os irmãos, que ainda insistiam em morar no centro da cidade, para outros bairros. Os depoimentos seguintes nos mostram que a identidade com este local era tanta que valia lutar para permanecer o mais próximo possível do Largo do Paissandu. Para os irmãos, sua permanência ali, é mais que uma vitória, é uma questão de honra. De honra porque, na tradição dos seus ancestrais, os/as filhos/as devem dar continuidade aos ensinamentos de seus pais; e isto não é apenas regra, é lei. Não importa quanto humilhante era viver neste local, o que importa é não abandoná-lo. O importante é dar continuidade ao que um dia foi iniciado.