quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

NÃO GOSTO DAS NUVENS


Abrindo espaço para os sentimentos dos amigos e amigas, convidei o Poeta Zezinho para expressar sua veia poética através deste Poema.

 
Não gosto das nuvens
Aquelas que impedem o brilho da lua
Também detesto o sol
Quando me queima a pele
Ao sair pelas ruas
Às vezes adoro a chuva
Sentir-la cair no chão
Tornar verde a relva
E aromar a terra
Não gosto de sentir dor
Nem ter que falar de amor
Ouvi uma canção fúnebre
Não quero ser chamado
A dar explicações fúteis
No juízo final
Tampouco fazer perguntas
A quem quer que seja
Só para me sentir bem
Gosto da vida
Assim como há de ser
Zombar do amigo (a)
E receber-lhe um abraço
Quero andar pelas calçadas
Na noite iluminada
Apenas pela minha imaginação
Sentar no banco da praça
E contar estrelas
E se aproximar alguém
Que seja alguém interessante
Para que me conte uma história
Sem presa...
Sendo a noite...
Nossa única companhia
Gosto mesmo é da vida
Assim como há de ser
Não gosto de água da piscina
Dar-me impressão de afogamento
Que prende o grito sonoro
Prefiro as cachoeiras
Espelham-me a liberdade
Lava a alma
Não gosto de música
Prefiro as canções
Que me fazem descobrir
Mundos distantes
Gosto demais é da vida
Assim como há de ser
Cutucando a esperança
Não gosto de Parmênides
Seu ser inerte
Admirável é Heráclito
Do movimento intenso
Me deixa inquieto
Não gosto da razão
Mesmo que dela tire
O sustento da argumentação
O coração também
Tem suas certezas
Há de quem ir contra elas!!
Não gosto de minhas pernas
Quando tenho que andar tanto
O preferível é o caminho
A me deixar lembranças
Nem gosto do meu soluço
Quando entalo
O gostoso é o suspiro
Atrás da orelha
E do coração amado
Não gosto de me ver sozinho
Se a multidão está na rua
Gritando
Quero ser parte
E do todo construir
Gosto do presente
Que o passado está junto
E o futuro sempre latente
E mais ainda da vida
Assim como há de ser
Diferentemente
Como os dedos da mão
Mas vivo acolhendo
Com um abraço o outro

Zezinho
28.02.13
Parabéns e Obrigado amigo!


terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Há uma rosa vermelha para Ariana !!!

No último sábado houve sarau em minha casa. Recebi amigos pra lá de especiais, mas gostaria de destacar a presença de Meu Amigo Mestre Julião (Capoeirista), que conheci durante minha passagem como Educador pela Fundação Casa. Confesso que conheci poucas pessoas na vida com tamanha grandiosidade humana. Olha que conheço muita gente boa! As atitudes do Mestre, dentro e fora da Fundação, enquanto educador, era um ensinamento a todos. Julião é daquelas pessoas que sua presença e atitude fala por si. Suas atitudes são Atos de Conversão para quem presencia. (Ainda agora emocionado com olhos cheios de lágrimas de lembrar...). 

Contei também com a presença do amigo Guiga Andrade, que assina o texto que segue.

Cheguei apressado naquela noite de mais um Sarau “pegando o gancho” na casa do amigo Laudecir. Recebendo-nos na sala verde de esperança e muito convidativa. Uma casa cheia de energia poética e sentimentos presentes em torno de um prosaico poeta Vinicius de Moraes. O tempo convergia para as apresentações de veteranos e calouros imberbes na poesia, mas doutores na vida.
No decorrer da noite poética, houve um acontecimento seguido de farpas e espinhos e lições de humildades entre duas rosáceas poderosas.  A vermelha, com seu poderio esnobe, porém de plástico (coitada) e a branca com sua modéstia sem fim não se dando conta de seu Criador.  Depois de um dia agitado com chuva, sol, trânsito, pessoas, descanso quase nunca, deparo-me com uma rosa atrevida da cor de carmim, Nossa como tu és bela!!! Mal sabe ela que sua origem é o plástico. Da melhor qualidade?  Sua rival uma belíssima rosa branca, ainda sobrevivendo às intempéries da natureza, chuva, sol, adubo e enfeitando belíssima cerimonia de enamorados em qualquer data do calendário mais próximo.  Sendo ovacionadas na pessoa de meus amigos Spel Lorca e Laudecir.  Como se não bastasse, as duas regadas a vinho, quitutes e convidados faceiros e tímidos, num recinto aconchegante, preparado pelos deuses poéticos e um anfitrião emotivo, sensível (me surpreendeu). Gentil como sempre recebendo a todos com seu carisma nato. A pedante rosa da cor de carmim no seu  exuberante  magnetismo, é recebida pelos poemas de Vinicius de Moraes  digeridos pelos afoitos leitores em suas participações  nostálgicas. Porque hoje é sábado!
Foi então que vibrei havendo em mim um furor poético das noites de Sarau do Brás de 10 anos atrás ainda profundamente vivo.  Só então no brindar das taças de Baco, comemorando a vida, a capoeira, a amizade, entre outros pedidos, aventuras no Chile, lembrei-me de momentos felizes neste grupo. Fechei os olhos do coração e ouvi as taças tilintando e imaginei as folhas caindo, os rios correndo, os troncos pulsando, as flores se  abrindo sendo  visitadas pelas  borboletas multicores refletindo o olho da coruja presente. Um brinde ás rosáceas vermelhas e brancas de todo poeta. Um brinde à Ariana, a mulher. Porque hoje é sábado.                            (Guiga  Andrade)

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

“Uma dívida, muitas dívidas – os afro-brasileiros querem receber”,


Retomando minhas publicações semanais neste Blog, ciente que estou em dívida com o mesmo – há tempo estou ausente – vou publicar, a partir da próxima semana, resenha do livro “Uma dívida, muitas dívidas – os afro-brasileiros querem receber”, obra do Atabaque – Cultura Negra e Teologia, grupo multidisciplinar e inter-religioso de pesquisadores (as) negros, das várias áreas das ciências humanas. Este Grupo tem como objetivo principal analisar e pesquisar a situação e a contribuição da população afrodescente ao longo da história do Brasil, da América Latina e Caribe. Esta publicação foi feita por muitas mãos, ou seja, é formada por pequenos artigos que abordam as várias dívidas do Estado brasileiro para com a população negra. Foi impressa pela Editora Loyola, São Paulo, em 1998. O resumo biográfico dos autores acompanhará a resenha do artigo. Na Apresentação desta obra, Pe. Antônio Aparecido da Silva, nosso querido Pe. Toninho lembra que a “escravidão é, por certo, uma dívida impagável. Entretanto, é necessário que a sociedade como um todo e seus dirigentes em particular, tenha a consciência do dever e responsabilidade para com aqueles e aquelas que tendo sido vítimas de tão horrenda situação, carregam até os dias de hoje marcantes consequências. É preciso, sobretudo, buscar soluções para os problemas que emergiram desde o regime escravista de total submissão e que ainda perduram, gerando cada vez mais exclusão. (...) Os vários aspectos da dívida do Brasil para com a comunidade negra, são abordados e analisados nesta sugestiva e (ainda) oportuna publicação. O que se espera é que a sensibilidade despertada possa concretizar-se em projetos de “política e ações afirmativas”, que embora não eliminem a dívida contraída, corroborem para a devida inserção do negro na sociedade e no pleno exercício da sua cidadania.” Veja você que, hoje, fevereiro de 2013, existem muitas ações afirmativas que visam reverter à situação mostrada no livro, porém ainda nos deparamos com o desconhecimento da real necessidade dessas ações, o que provoca discussões totalmente desfocadas. A publicação semanal, certamente ajudará a esclarecer o verdadeiro motivo das Ações Afirmativas em prol da população negra brasileira, que ainda é a mais pobre entre os pobres, e aqueles e aquelas que superaram esta situação, diariamente sofrem discriminação e exclusão.