sexta-feira, 29 de julho de 2011

Para nosso filho de Xangô: Gilson Aurélio dos Reis


Os mensageiros de Xangô são a representatividade mais perfeita da força da Umbanda na quebra de demandas. Sua manifestação é tão forte e poderosa que chega a assustar iniciantes e assistidos que não estejam familiarizados com estas entidades das montanhas e pedreiras.

São caboclos, indígenas, que vivem ou viveram mais isoladamente e portanto possuem um comportamento mais rústico. Alguns ainda nem falam nosso idioma.Talvez por isso, pouco se pratica a Gira de Xangô na Umbanda, mas quem o faz e acaba então conhecendo melhor esta entidade, descobre um verdadeiro Pai.

São amorosos, preocupados e acima de tudo muito justos.
Gostam de um bom fumo e do Amalá (quiabo com camarão), de pinhão cozido e cerveja preta.
Também apreciam um
vinho tinto.

Se utilizam do Oxé, um machado de 2 lâminas, geralmente feito de madeira e pedra e dançam ao som do Alujá, o toque de atabaque específico do Orixá Xangô.
Para quem busca a justiça, ou deseja que esta seja feita, não pode perder uma gira de Xangô.

Kawô Kabiensilê, é o cumprimento de Xangô que segundo Pierre Verger significa "venham ver o Rei descer a terra". E ele é mesmo o nosso Rei da Umbanda

Reencontro

Foi como se água parada,
represada,
rompesse barreiras e
cruzasse areias, para lamber-me.

Eu,
ali sentada na soleira,
observando por entre os arcos,
o movimento calmo das águas paradas.

Sobressalto!
De assalto a espuma invade o quarto.

Pressinto ressaca.
Bem vinda!

quinta-feira, 28 de julho de 2011

MEU AMOR AO FILHO PRÓDIGO

Queridos Leitores.

O Laudecir, autor da terça feira, fez uma bela homenagem ao nosso amigo Lindomar.
Neste mesmo dia, tomando vinhos em casa com eles e a Luiza, conversamos calorosamente  sobre ética e moral...mas tambem, dentre outros prazeres, sobre a parábola do Filho Pródigo. Resolvi que minha postagem seria sobre este filho que sai, que vai, que volta, que vai sair novamente... que vive! que pulsa!...

É pra voçê caro Lindomar.
Boa Viagem de volta à Bahia.











Vai...  
Cuida bem de tua vida
Se aprendestes a  amar, então amas
Se aprendestes a servir, então sirvas.
Mostra tua face, tudo que és
No desconhecido que agora buscas.
Seja prudente.

Vai...
Leva contigo o que te pertence
Lembras com carinho
Que eu também sou teu.
A idade da liberdade é a mesma da responsabilidade,
Quando não o é, envelhece-se e arruína-se mais depressa.
Quero ser cúmplice de um vôo responsável
Mas se o mesmo não o for
Quero também ser colo e alivio para a dor da queda.

Vai...
Prefiro a tua ousadia em desatar os nós
E ir em busca do que ainda não existe.
Prefiro a tua iniciativa “cega”
Teu vôo sem destino pelos ares desconhecidos.
Prefiro tua coragem para enfrentar a caverna
Que outros não ousam aproximar-se.
Admiro tua decisão de ver um rastro de claridade
E dali almejares uma dimensão grandiosa.
Prefiro tua possível cara quebrada, sangrada.

Prefiro tudo isso a essa condição inexpressiva
De quem permanece no comum da vida
Seco.
Vazio.
Sem as novidades das tentativas
Sem as perspectivas dos ensaios e erros
Rotineiro.
Mecânico.
Num eterno caminho sem horizontes.
Como árvores sem galhos
Seca
Sem o pouso das aves
Para seu instante de canto e festa.

Vai...
E quando voltares
Seja como estiveres
Sei que acima de tudo
Te agradecerei a ousadia
Que nunca te fará estancar a vida
Teu Amigo
Gilson Reis

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Que madrugada ... !!!

Antes de postar meu tema deste dia devo pedir desculpas aos seguidores por não tê-lo postado a tempo para suas leituras na quarta feira, mas antes que passe da quarta para a quinta tomo essa liberdade, eis o que foi tema caloroso na madrugada de terça para quarta entre pensadores da área do direito, da religião e da filosofia e quero compartilhar com vocês.
A ética e a moral são temas complexos para tratarmos aqui, mas quero usar esta introdução sobre ela para então postar o poema a seguir de Elisa Lucinda.
"O homem vive em sociedade, convive com outros homens e, portanto, cabe-lhe pensar e responder à seguinte pergunta:
“Como devo agir perante os outros?”.
Trata-se de uma pergunta fácil de ser formulada, mas difícil de ser respondida.
Ora, esta é a questão central da Ética.
Como doutrina filosófica, a ética é essencialmente especulativa e, a não ser quanto ao seu método analítico, jamais será normativa, característica esta exclusiva da moral. Portanto, a ética mostra o que era moralmente aceito na Grécia Antiga possibilitando uma comparação com o que é moralmente aceito hoje na Europa, por exemplo, indicando através da comparação, mudanças no comportamento humano e nas regras sociais e suas conseqüências, podendo daí, detectar problemas e/ou indicar caminhos. Nesse sentido, a ética e a moral, corroboram para formar subjetividades, ou seja, o modo como cada pessoa se constrói (pensa, age, fala, etc.).
Eugênio Bucci, em seu livro Sobre Ética e Imprensa, descreve a ética como um saber escolher entre "o bem" e "o bem" (ou entre "o mal" e o mal"), levando em conta o interesse da maioria da sociedade. Ao contrário da moral, que delimita o que é bom e o que é ruim no comportamento dos indivíduos para uma convivência civilizada, a ética é o indicativo do que é mais justo ou menos injusto diante de possíveis escolhas que afetam terceiros."

Elisa Lucinda oferece de presente para nossa reflexão este poema instigante.

Só de Sacanagem
Composição: Elisa Lucinda

Meu coração está aos pulos!
Quantas vezes minha esperança será posta à prova?
Por quantas provas terá ela que passar?
Tudo isso que está aí no ar, malas, cuecas que voam
entupidas de dinheiro, do meu dinheiro, que reservo
duramente para educar os meninos mais pobres que eu,
para cuidar gratuitamente da saúde deles e dos seus
pais, esse dinheiro viaja na bagagem da impunidade e
eu não posso mais.
Quantas vezes, meu amigo, meu rapaz, minha confiança
vai ser posta à prova? Quantas vezes minha esperança
vai esperar no cais?
É certo que tempos difíceis existem para aperfeiçoar o
aprendiz, mas não é certo que a mentira dos maus
brasileiros venha quebrar no nosso nariz.
Meu coração está no escuro, a luz é simples, regada ao
conselho simples de meu pai, minha mãe, minha avó e
dos justos que os precederam: "Não roubarás", "Devolva
o lápis do coleguinha",
" Esse apontador não é seu, minha filhinha".
Ao invés disso, tanta coisa nojenta e torpe tenho tido
que escutar.
Até habeas corpus preventivo, coisa da qual nunca
tinha visto falar e sobre a qual minha pobre lógica
ainda insiste: esse é o tipo de benefício que só ao
culpado interessará.
Pois bem, se mexeram comigo, com a velha e fiel fé do
meu povo sofrido, então agora eu vou sacanear:
mais honesta ainda vou ficar.
Só de sacanagem!
Dirão: "Deixa de ser boba, desde Cabral que aqui todo
o mundo rouba" e eu vou dizer: Não importa, será esse
o meu carnaval, vou confiar mais e outra vez. Eu, meu
irmão, meu filho e meus amigos, vamos pagar limpo a
quem a gente deve e receber limpo do nosso freguês.
Com o tempo a gente consegue ser livre, ético e o
escambau.
Dirão: "É inútil, todo o mundo aqui é corrupto, desde
o primeiro homem que veio de Portugal".
Eu direi: Não admito, minha esperança é imortal.
Eu repito, ouviram? IMORTAL!
Sei que não dá para mudar o começo mas, se a gente
quiser, vai dá para mudar o final!


terça-feira, 26 de julho de 2011

Ao Amigo, Lindomar.

Querido, estou contigo para o que der e vier. Há algum tempo uma amiga me disse que o poema mais lindo, sobre a amizade, que ela já havia lido era o texto “Amigos”, de Vinicius de Moraes. Fez questão de imprimir uma cópia e me dar de presente. Tenho lido muitas vezes este poema. Acho que o mesmo se faz oportuno num momento como esse em que busco algumas palavras de apoio, carinho, companheirismo ao amigo do coração, Lindomar.

Tenho amigos que não sabem o quanto são meus amigos.
Não percebem o amor que lhes devoto e a absoluta necessidade que tenho
deles.
A amizade é um sentimento mais nobre do que o amor,
eis que permite que o objeto dela se divida em outros afetos,
enquanto o amor tem intrínseco o ciúme, que não admite a rivalidade.
E eu poderia suportar, embora não sem dor,
que tivessem desaparecidos todos os meus amores,
mas enlouqueceria se desaparecessem todos os meus amigos!
Até mesmo aqueles que não percebem o quanto são meus amigos
e o quanto minha vida depende de suas existências ...
A alguns deles não procuro, basta-me saber que eles existem.
Esta mera condição me encoraja a seguir em frente pela vida.
Mas, porque não os procuro com assiduidade,
não posso lhes dizer o quanto gosto deles.
Eles não iriam acreditar.
Muitos deles estão lendo esta crônica e não sabem
que estão incluídos na sagrada relação de meus amigos.
Mas é delicioso que eu saiba e sinta que os adoro,
embora não declare e não os procure.
E às vezes, quando os procuro,
noto que eles não tem noção de como me são necessários,
de como são indispensáveis ao meu equilíbrio vital,
porque eles fazem parte do mundo que eu, tremulamente construí,
e se tornaram alicerces do meu encanto pela vida.
Se um deles morrer, eu ficarei torto para um lado.
Se todos eles morrerem, eu desabo!
Por isso é que, sem que eles saibam, eu rezo pela vida deles.
E me envergonho, porque essa minha prece é, em síntese,
dirigida ao meu bem estar.
Ela é, talvez, fruto do meu egoísmo.
Por vezes, mergulho em pensamentos sobre alguns deles.
Quando viajo e fico diante de lugares maravilhosos,
cai-me alguma lágrima por não estarem junto de mim,
compartilhando daquele prazer ...
Se alguma coisa me consome e me envelhece
é que a roda furiosa da vida não me permite ter sempre ao meu lado,
morando comigo, andando comigo, falando comigo, vivendo comigo,
todos os meus amigos, e, principalmente,
os que só desconfiam ou talvez nunca vão saber que são meus amigos!
A gente não faz amigos, reconhece-os.

É isso meu querido. Aposso das palavras do poeta, por razões óbvias, para dizer o quanto tem sido importante para mim e para as pessoas que fazem parte do nosso circulo de amizade. Lindo... Mar...

http://www.youtube.com/watch?v=Hti8dKmkKag

segunda-feira, 25 de julho de 2011

O que vi no último sábado e que recomendo!

Amigos do Coletivo e leitores desse blog, demorei um pouco mais do que o normal para fazer essa postagem. É que pretendia não fazer a repetição da postagem publicada originalmente no meu blog. Contei, ontem, lá no meu blog, o que fiz no dia anterior.
Eu vejo a atividade blogueira como esse lugar especial em que contamos o que vivemos e que, claro, vale a pena compartilhar. Aliás, penso que a vida on-line deve ser um simulacro da vida real, mas no qual somente o que vale a pena ser visto e revisto é contado, partilhado.
Nada de novo aconteceu comigo desde sábado e que valesse a pena compartilhar.
Assim sendo, conto o que já contei alhures.
Como dizia, no sábado, fui ver a Saideira Hitchcock, no Cinesesc, o magnífico Janela Indiscreta. O fiz porque estava com saudades de Grace Kelly!
No entanto, cheguei muito cedo na região da Paulista. Como precisava matar o tempo, pensei: o que eu poderia fazer? Vou tomar um café no Viena, no Conjunto Nacional. Ao lado do café, vejo a Caixa Cultural e dentro da galeria todo um colorido nas paredes.
Trata-se dos trabalhos de um dos maiores pintores da arte brasileira contemporânea, um mestre do desenho, gravador, ilustrador e cenógrafo: Glauco Rodrigues.
A exposição O Universo gráfico de Glauco Rodrigues privilegia a linguagem gráfica, as mais de 100 obras ali expostas dizem respeito, na sua maioria, às soluções do artista para o processo serigráfico e litográfico, em que ele desenvolveu a mesma virtuose que encontramos na sua pintura.
São lindas, por exemplo, as imagens de São Sebastião (padroeiro da cidade de origem do artista, Bagé, no Rio Grande do Sul, e também da cidade em que ele viveu mais tempo, Rio de Janeiro).
Aliás, a brasilidade da sua obra é muito oriunda dessa experiência na cidade carioca. Há um vigor e uma alegria muito cariocas e que ali é representada: nas ilustrações do carnaval, do futebol, das garotas...
Pude concluir que a sofisticação na obra de Glauco se reveste da técnica e do bom gosto do artista, já a beleza vem da simplicidade dos tipos humanos representados, essa gente brasileira e feliz.
A exposição também inclui, obras de Glauco como designer, vale a pena conferir as suas capas para a revista Senhor e também as suas capas de disco: no tempo em que as dos LPs eram verdadeiros quadros!

Você não vai ficar em casa, sem fazer nada, em pleno domingo, quando poderia ir ver esse acervo magnífico, não é mesmo?








 

domingo, 24 de julho de 2011

LABIRINTO
















Direto.
Reto.
Assim...
Concreto.
Aberto.
Certo.
Em mim...
Quieto.
Estreito.
Feito.
Por mim...

Direito.
Proveito.
Pleito.
Por fim.
Aceito.

Seu jeito.
Imperfeito.
Assim!
Insatisfeito.
Mal feito.
Desfeito.
Conceito.
Enfim!

Sim!

Soneto?

Há em mim algo que de certo prevejo. Sei que em mim de forma direta ensejo um relâmpago que reluza o fim do que aí está. Se está? Como está? Na ira de meu assombro, remexo numa mescla de pureza e insana hipocrisia. Meu dia se esvai em idas e vindas. Em intermináveis lutas contra meu tédio e o tédio alheio que me encurrala e me distancia de mim mesmo. Receio estar aqui e degusto a palavra que me expõe e depõe contra meus labirintos, minhas frustrações mesmo porque, por Deus, humano ainda sou... E cá estou pra dizer isto em baixo e bom tom, sob um riso enclausurado entre o céu, os dentes e os lábios. Tonto que fui... Que sou... Que sei, ao revelar a mim próprio a concretude desta farsa chamada assim para frasear uma expectativa. Em verdade, uma experiência de sanidade libertina. Certamente, não me entenderão as vontades e os lamentos que evoco todos os dias, que falseio em rimas dispensáveis. Instáveis como eu próprio. Incontroláveis como a ira do Irã. São vãs tais palavras que nada dizem ou que tudo dizem sem dizerem absolutamente nada para muitos ou, por hipótese, que mergulham como adaga, em outros punhados. Indaga-te, então, do que te digo. Sigo, assim mesmo, numa reta rumo ao absurdo dos vocábulos inconclusos e pensamentos desvairados. Haverão os que me ouvem. Haverão aqueles que os traduzam. Haverão os inconclusos, como eu. Haverão os de pensamento em desuso. E, embora nada haja, haverá um soneto declarado neste labirinto poético. Patético, para alguns. Estético, para poucos.

21/07/2011 – 23:03
Chiquinho Silva

Em tempo...



Vale viver tudo agora?
Vale viver aos poucos?
Vale valer-se de artifícios de prazer?
Vale conter-se?
Vale ser o que se é?
Vale viver?
Vale morrer?

HOMENAGEM AO TALENTO, À VIDA E À MORTE!

23/07/2011
Chiquinho Silva