Sinais de Natal

O azevinho, o visco e a hera

mantém-se verdes em pleno inverno.

Tal qual a esperança nos corações

que desconhecem a morte nas estações,

e tornam a vida um bem eterno.

Com sapatos na janela,

ansiosas por presentes

que recebem no Natal,

as alegres criancinhas

saúdam São Nicolau.

O pinheiro simboliza a longevidade

e também a imortalidade,

evolução e elevação

intermediário entre o céu e a terra

entre os deuses e os homens.

À deusa Minerva, galhos da oliveira,

a Júpiter, o carvalho,

ao deus Baco, a videira.

Evoé!

Para a consciência das qualidades

que prendem o homem ao eterno,

ao ciclo de nascimento e mortes,

a guirlanda mágica

enfeita a porta básica.

Símbolo da sabedoria

associada ao Sol,

revestimos da cor dourada,

os enfeites da nossa morada.

Poder de regeneração

tem a cor verde.

Capta energia solar,

transforma em energia vital.

A cor da renovação.

Fogo e amor divino,

vermelho contém paixão.

Cor do sangue do menino.

Luz permanente,

anjos guardiões

são as estrelas,

a brilhar nos corações.

Vamos acender as velas,

com a chama que traz luz,

pois finalmente Dezembro,

nos traz menino Jesus.

Ele acaba de nascer,

aqui no exato momento,

em que a natureza adormece para renascer

em cada preparação para este nascimento.

INTERGERACIONAL.

Hoje estou inspirado para falar de encontros. Quem me conhece – BEM – sabe do prazer e  do apreço que tenho pelo encontro. Encontrar-se, seja com o outro ou consigo mesmo, é uma das formas mais sublimes de estar em sintonia com o dinamismo da vida. Essa mesma que numa determinada fase se entrega à segurança dos braços afetuosos, noutra brinca as “5 pedrinhas”, depois se enamora perdidamente e em algum lugar de sua paisagem, se olha com serenidade e um ar de infinito buscando as paisagens que deixou pra tras e que o constitui.   

Pois é... ouvimos muito dizer que ao envelhecer, o velhinho se torna novamente criança. Nao é outra coisa senão um novo encontro. É quando uma vida quase inteira se encontra com um pedacinho dela. Que o diga minha amiga Cida, mãe do Laudecir, ao preparar-se para, pacientemente e, mais que todo, amorosamente colocar as fraudas em seu velho esposo. Aliás, que imagem linda heim Laudecir! Mas acho que você está rindo de mim agora. Kkkk

Mas há outro encontro na direção de uma presença afetiva e respeitosa, que acontece quando o velho toca o novo e deste se retroalimenta. Mas tambem  quando o novo toca o velho e este toque é como luminosidade! Como se a vida abrisse uma porta larga, vista pelo novo na sua estreiteza, mas larga! E o futuro desfilasse pelo olhar da criança.

Recentemente algumas crianças da ONG onde trabalho visitaram um Casa de Acolhimento para Idosos. Não sei ao certo o que cada um, a partir de seu lugar – de criança e de idoso – sente... só sinto que deste encontro não se pode sair vazio, pois há uma vida parida mas, permanentemente, engravidada de sonhos e realizações, e tambem de perdas, que abraça uma outra vida ainda verdinha, gestada para a aprendizagem da vida observada por entre as portas.

Eu já fui com alguns adolescentes em cumprimento de Liberdade Assistida encontra-se com Idosos do Jardim das Alamedas. Lembro-me, com a clareza de uma janela campestre exposta ao sol, da força apaziguadora daquele encontro, quando adolescentes em seu estado de fulcões, aqueceram a delicadeza e a tristeza saudosa daqueles idosos.

Encontrar-se... Não tem preço!

Quero esta graça pra mim enquanto viver! Por que não há graça em viver sem encontrar-se!

Cheiro de descobertas!

Gilson Reis

08.12.2011

 foto: blogdogusmao.com.br

O VALOR DE SE TER UM AMIGO

O ano passou depressa demais da conta diria o mineiro. Passou mesmo. O interessante que percebi que em meio a tantos afazeres, correrias, mudanças o que não foi perdido foi o tempo que usamos com os amigos. Tantos encontros, saraus, reuniões, eventos, tudo isso foram oportunidades para de algum modo estar com os amigos. Para mim a amizade é algo tão precioso que não abro mão de ter amigos.

As vezes converso com algumas pessoas que dizem não ter amigos. Como conseguem sobreviver sem amigos? Eu digo eu tenho muitos graças a Deus. É graças a Deus mesmo, porque foi por causa de Deus que cultivei muitos amigos e amigas.

Renato Teixeira traduziu com muita sabedoria o que é a verdadeira amizade.

Aprendi esta música quando morei em Jacarezinho no Paraná e toda vez que penso em amizade logo me vem à lembrança esta música que vou postar como uma homenagem a amizade e aos amigos.

Todos vocês que fizeram parte de minha vida neste ano, que me foram e são caros lhes dedico esta canção.

Amizade sincera é um santo remédio
É um abrigo seguro
É natural da amizade
O abraço, o aperto de mão, o sorriso
Por isso se for preciso
Conte comigo, amigo disponha
Lembre-se sempre que mesmo modesta
Minha casa será sempre sua
Os verdadeiros amigos
Do peito, de fé
Os melhores amigos
Não trazem dentro da boca
Palavras fingidas ou falsas histórias
Sabem entender o silêncio
E manter a presença mesmo quando ausentes
Por isso mesmo apesar de tão raros
Não há nada melhor do que um grande amigo.

OUVINDO E APLAUDINDO

No dia 4 de março de 2010, meu amigo Josafá Crisóstomo publicou em seu blog - blogdojosafacrisotomo (sugiro que entrem no blog) - um texto em homenagem à poetisa Tula Pilar, cuja matéria o mesmo intitulou "Você precisa ouvir Tula Pilar e aplaudi-la". A matéria se deu após o mesmo ter ouvido uma entrevista da autora, cedida à Rádio Unesp.
Após ler o livro “Palavras Inacadêmicas”, de Pilar, em que a mesma dedica um de seus poemas “Se liga aí moleque” ao seu filho, Pedro Lucas, por ocasião do aniversário de 12 anos, com o qual tive a oportunidade de falar neste dia, senti que deveria publicar o poema em que é homenageado.

Aí moleque
Ouça o que sua mãe diz
Tome banho
Limpe o ouvido e o nariz
Agora não é hora de jogar essa bola
Não enrola, vai pra escola
Seja inteligente
Não faça prova copiando cola
Caminhando ou de lotação
Vá pedindo informação
Pra chegar ao curso (grátis)
Lá no Capão
À tarde tem obrigação
Cuida do irmão
Pode crer de coração
2 vezes por semana tem jogo de basquete
Sem poder mascar chiclete
Pega carona no carro da Ildete
Carregando uma estratégia
Pra quadra de basquete
Corre moleque, pegue o tênis
Calce uma meia soquete
Leve câmera pra filmar
E grave tudo em disquete
Melhor não se precipitar
Há de ter hora certa pra namorar
Não assista pornografia
Pra depois amiguinhas querer agarrar
Tem que sonhar, planejar, estudar,
Quando for um homem vai trabalhar
E tudo que sonha poderá comprar
Não se drogue, não beba, nem fume
Faz perder a infância e vira costume
Abre um imenso buraco, leva ao narcotráfico
E a vida vira um fiasco
Campo Limpo, Capão Redondo, Taboão...
Veja lá, ouça o que sua mãe diz
Jamais deixe de ser um aprendiz

Pilar, a você minha homenagem! Parabéns pelo poema, pela família, por sua garra...
Esperamos por você mais vezes em nosso sarau.

ADVENTO: Tempo de conversão

Nesse domingo vivemos a espiritualidade da conversão. O evangelho escolhido foi de Marcos 1,1-8. Ascendemos a segunda vela da coroa do advento como símbolo da proximidade do nascimento do Salvador.

“Preparar os caminhos do Senhor” nos pede a liturgia desse domingo. Marcos vai nos mostrar que antes de Jesus houve um precursor, um mensageiro chamado João Batista. Este mensageiro nos tem muito a ensinar com humildade, fé, integridade e fidelidade ao projeto de Jesus.

Marcos, pela figura de João, vai relatando que o caminho do Senhor tem que ser preparado. Por isso o João batiza muitas pessoas numa atitude de conversão, preparando o povo para a vinda do messias. É notável que João reconhece o seu lugar na história, ele mesmo diz, segundo o relato de Marcos que  "Eu batizei vocês com água, mas ele vos batizará com o Espírito Santo”, pois o batismo no Espirito cela nossa fé em Deus e aceitamos o Cristo como Salvador. Com essas palavras, João dá testemunho da vinda do salvador. O batismo nos prepara para a mudança de atitude, de pensamento, de postura com relação ao processo histórico que vai se firmando, pois já está muito próxima a vinda de Jesus e isso implica numa tomada de decisão.

 

imagensbiblicas.wordpress.com

Para Marcos, a pregação de João Batista indica um rumo na  vida de seus seguidores. O batismo é um elemento indispensável para a conversão, para uma vida de retidão e justiça. João se põe fiel a essa proposta, por isso falava com firmeza a seus seguidores, pois acreditava na vinda do Messias.

O profeta Isaias no capitulo 40 já apontava sobre a vinda do Salvador, ele mostrava através das palavras de Deus que o tempo de expiação já havia terminado e o povo estava liberto da escravidão, por isso uma voz gritava “preparai no deserto o caminho do Senhor” e João ratifica as palavras do profeta.

Nessa perícope, João nos deixa uma grande lição de vida: a confiança, humildade, fé e esperança. Viver o que se diz é o lema de João, convertidos pelo batismo poderemos encontrar o Messias. Mas onde? Nos irmãos marginalizados, nos usuários de drogas abandonados pelo capitalismo, nos doentes nas filas dos hospitais, na criança abandonada e nas mães sofredoras. O batismo da clareza aos nossos olhos e a conversão toma uma dimensão da entrega ao projeto de Deus. Que juntos possamos preparar os caminhos do Senhor!

Reinildo de Souza.

PRUMO

Sou este e aquele.

Fui isto e aquilo.

Estou isto e aquilo.

Presente e passados...

Aos poucos me dou conta de tantos idos.

São têmporas que desvelam os contrastes de meu tempo,

As memórias teimam em revelar instantes distantes,

Impondo novos ritmos aos pés, aos braços, as curvas...

E, inevitavelmente, aos pensamentos...

Que já se impõem em delineamentos não tão frívolos.

Minha puerícia, acomodada vagamente em retratos ainda incolores,

Firmemente resiste num olhar, num sorriso, num detalhe,

Mesmo digeridas tantas décadas, lágrimas e sorrisos,

Equívocos e conquistas...

Sigo este e aquele.

Sonho isto e aquilo.

Aprumo isto e aquilo.

Idos do presente...

Idas ao futuro...

Voltas ao passado...

Assim, inevitavelmente.


03/12/2011 – 17:50
Chiquinho Silva

Nota - Imagem: O hiper-realismo do artista Ron Mueck, que tem lidado com temas como nascimento, infância, juventude, adolescência, maturidade sexual, a meia-idade, velhice e morte. Suas esculturas hiper-realistas são feitas em fibra de vidro, silicone, rezina acrílica e poliéster, em variadas dimensões.