sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Retroalimentação

Acorda menina!!!
Levanta enganchados!!!
Põe de lado a preguiça,
vá comprar e fatiar a linguiça.
Reserve.
O feijão carioquinha já deverá estar cozido,
o bacon picado,
assim como o tomate.
Não, não pare de repente,
parta a cebola em grandes pedaços
e pique do alho, um dente.
Abra a gaveta do armário
de onde devem sair
todas as mágoas e aborrecimentos
e entrar o azeite,
que aromatizará o ano que se inicia.
Cuidado com a pimenta,
pimenta da ambição
faz mal ao coração.
Sal o quanto baste,
que sal é dom.
A farinha de mandioca crua
e a de milho, amarela,
misturadas na panela.
Pensando bem, no momento,
a bisteca,
o ovo frito
servem de acompanhamento.
Lembro do ano passado,
o maço refogado,
da couve mineira,
manteiga derretida.
Para evitar a surpresa,
a banana à milanesa
deve agradar ao sentido,
para ser saboreada
junto com arroz cozido.
No mês de janeiro
não há quem resista,
comer um virado
junto com o seu amado.
Virado a Paulista.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

PENELOPE

Olá Leitores e Leitoras!

Aqui, de Buenos Aires, envio meu forte abraço e cheiro de bons fluídos!

Sinto que uma das delícias de viajar é conhecer os personagens do lugar. E há muitos! Bastam algumas poucas olhadas, até despretensiosas, pois eles estão por aí, para quem quiser apreciar, admirar, refletir, interagir...

Estou nesta grande capital argentina com meu amigo Naldo. Após nos deliciarmos com uma feira de diversidades em San Telmo, onde compramos alguns mimos, descansamos na sombra gostosa de uma grande árvore, localizada em frente à Casa Rosada, habitação da Presidente Cristina, quase vítima de câncer. Depois, ainda sem saber como chegar ao hotel onde estamos hospedados, decidimos perguntar a uma mulher que atravessava a rua em nossa direção. Ao terminar seu ato gentil de nos informar, perguntou-nos se éramos brasileiros. Tão logo afirmamos, disse-nos com entusiasmo: Zezé de Camargo e Luciano!!!!!!!!! É… tratava-se de uma pessoa apaixonada pela história da dupla, sobre quem fala com paixão.

Fomos conversando. Não sei ao certo qual sua direção, mas seguiu o mesmo caminho que nos indicara. No trajeto dialogamos sobre música, artistas brasileiros, cultura norte americana, a posição do Brasil como sexta potência econômica mundial e, dentre outras, a que mais me interessa nesta postagem, a sua visão sobre os povos peruanos em Buenos Aires. Neste momento instaurou-se um pequeno conflito, ela não sabia que estava diante de duas pessoas com algum senso crítico acerca da realidade escrava vivida por imigrantes, em especial, bolivianos e peruanos.

Impressionou-nos tamanha rejeição que expressava pelos peruanos e disse ser muito comum o desgosto dos argentinos por este povo, pois não se admitia que alguém saísse de sua terra para viver pedindo dinheiro, comida e se submetendo a qualquer condição inferior em outro país…

Pois é… não vou aqui descrever toda breve discussão que empreendemos com aquela boa pessoa que muito bem nos acolheu na rua ainda desconhecida por estes dois turistas. Vale aqui apenas o lamento de sentir que as culturas não dialogam no sentido de um convívio pacífico, pobres argentinos preferindo cuspir peruanos para fora de seu país. Tudo faz lembrar das realidades dos nordestinos frente a alguns sulistas e dos bolivianos que só servem enquanto escravos de senhores coreanos, e até mesmo bolivianos, bem sucedidos no Brasil.

Chegamos à rua do hotel. Ali descobrimos que seu nome era Penelope. Também revelou seu amor aos discos de vinil e seu desprezo ao ser humano…

Penelope é um homossexual que um dia sonhou um amor perfeito… de tão perfeito… nunca existiu.

De Gilson Reis


terça-feira, 10 de janeiro de 2012

ETIMOLOGIA

Janeiro? De onde vem essa palavra? Esse nome?

No site da USP há um link que recebe o nome Janus. Na mitologia romana, Jano (em latim Janus) foi um deus romano que deu origem à palavra Janeiro. Jano é o deus que representa a passagem do antigo para o novo; tem duas faces, uma olha para o passado e a outra para o futuro, representa o início de um novo ano, de uma nova era.

Conta a mitologia que esse deus teria vivido na montanha, daí os nomes Montanha Jano e Rio Jano. Tornou-se um deus muito conhecido em vários países do mundo (Grécia, Itália) e sua imagem, de duas faces, passou a ser impressa nas moedas de troca.

Caso alguém deseje conhecer melhor esse universo, veja: http://www.gnosisonline.org/mestres-da-senda/deus-jano/

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

VIDA INTIMA...

Foto: Macchu Picchu/Peru

Prezados,
Quero apresentar hoje o retrato de um ex-paciente que me entregou essas palavras, sem título, para falar sobre as suas dificuldades existenciais. Existem coisas na vida que ferem e marcam. As marcas deixadas pela vida, coisas do passado presente às vezes quando não elaboradas vão acompanhando a pessoa como um prego perfurando um pouco a cada dia. Uma vivência doída cuja realidade, por mais longe que pareça estar no tempo, sempre volta a burilar as emoções de forma a não se suportar.
Esse paciente viveu coisas que foram profundamente neurotizadas pelo tempo e, portanto, difíceis de serem arrancadas. Marcas de um tempo, de um mundo infantil. Horrorosas, sofredoras, absurdas, incongruentes e incompreensivas. “Ninguém nunca pode imaginar o que é uma dor como essa, o senhor me entende?” As lágrimas escorriam pela sua face marcando a pele antes ressecada pelo vento e caiam no peito. O silêncio estabelecido naquele momento, dizia tudo que as palavras jamais poderiam expressar.


“Porque aquele incidente volta sempre em minha mente e tenta se fazer sempre presente?parece poema, poesia, mas é uma triste sinfonia.gostaria que não fosse assim,por que isso pra mim?
não posso esquecer, posso entender...mas não posso aceitar, não consigo aceitar...Tento disfarçar, mas no fundo é uma triste lembrança...Lembrança não corriqueira que estraga minha pequena vida passageira.mas porque?Por quê?O que isso quer me ensinar?O que isso quer me mostrar?Como posso querer viver, se não tenho motivos para me alegrar?!Gostaria de não - estarFicaria de não - ficarFugir, desaparecer sei que não resolveria...Tentar morrer não adiantaria...Mas por que?Há sempre um por que...e esse porque se parece a essência de meu serMas no fundo é só mais uma pergunta que não terá respostaOu se a resposta vier positiva Me fará olhar a vidacom olhos de esperança,Mas no fundo está sempre na lembrançaAquela cena imerecidaQue no fundo é uma ferida,um pesadelo da minha doce e amarga vida.Espero que olhe para mim e veja o que sinto quase todo o dia...Perdi a minha liberdade e ficou na minha saudade,a ternura daquela idade Que me deixou menos a vontade,com minha fidelidade,de sentir virilmentee saber que sou (não sou) potente.Ter sempre presente, aquela cena indigente,que no fundo só me trás infelicidade(s)”.

domingo, 8 de janeiro de 2012

DISRITMIA




Onde a felicidade faz moradia?

De que maneira se erradia?

Seria um assombro fantástico?

Ou o que seria?

Um dia de sol ou de ártico?

Um belo sorriso ou as lágrimas de um impulso fanático?

É o agora ou a nostalgia?

É o inusitado ou a normalidade do dia-a-dia?

Uma manhã aberta de céu azul ou a quietude da calmaria?

É tudo? Ou tudo, de certo, se repetiria?

Moveria como nuvem ou desfrutaria como pedra contida, estática?

São os acordes de um piano ou o turbilhão da bateria?

Seria o profano ou o sacro da elegia?

Onde a felicidade faz moradia?

Diria: aqui, acolá...

Como água de chuva,

Quando açoita...

Ou é paz

Ou é disritmia...



07/01/2012 – 17:15
Chiquinho Silva