Como
resultado de anos de luta da população negra, através de entidades e movimentos
civis pelo respeito, dignidade e igualdade, iniciamos as comemorações do mês da
Consciência Negra – em que celebramos a vida do líder negro brasileiro Zumbi
dos Palmares. Apesar disto, o “dia” da consciência negra ainda causa muita
polêmica. Muitos ainda se perguntam o porquê deste dia. Diante da complexidade
desta pergunta, a resposta é simples: ser negro no Brasil não é só uma questão
de cor da pele, é uma questão da consciência que se tem do valor de ser negro em
seus diversos gêneros. É orgulha-se de sua negritude, assim como a noite não é
menos importante do que o dia. É valorizar a luta dos nossos antepassados pela verdadeira
liberdade da população negra em nosso país. É reconhecer que nossa história está
entrelaçada com a história dos diversos povos africanos, que foram trazidos forçadamente
para estas terras, a ancestralidade negra e orgulha-se dela, se indignar com a
exclusão e o preconceito com que milhões de pessoas ainda convivem nos dias de
hoje. Parece que ainda podemos ouvi os tambores africanos que soam timidamente,
mas de forma insistente, em nossa sociedade clamando espaço, respeito e
dignidade. 20 de Novembro quer que todos nós recordemos a luta travada durante
todo o período de escravidão. Quer tirar do anonimato homens e mulheres,
verdadeiros heróis, que ao longo de nossa história foram invisibilizados pela
sociedade dominante branca. É o dia de celebrarmos nossas conquistas, de sair às
ruas e se orgulhar de ser negra – negro, povo que jamais abandonou sua luta,
nem fugiu do desafio que lhes é imposto diariamente. Temos muito mais coisas para
celebrar: o reconhecimento da desigualdade social em função da exclusão desta
população, através da aprovação das cotas para negros no funcionalismo público;
a oficialização das cotas nas universidades públicas federais; os 10 anos da
aprovação da Lei 10.639, que obriga todas as escolas de nível básico a ensinar
a História da África e da Cultura Afro-Brasileira, que faz 10 anos em 2013. Estas
conquistas são resultado da luta iniciada, junto com o começo do tráfico
negreiro. O assassinato de Zumbi, líder do Quilombo dos Palmares, em 20 de
novembro de 1695, e que construiu no Brasil a primeira democracia marca esta
história de resistência. Zumbi dos Palmares não morreu, ele vive na alma
daqueles lutam em prol da construção de uma sociedade verdadeiramente livre e
justa, onde não haja mais diferença entre as pessoas por causa da cor da sua
pele. Ele vive em cada um de nós que acreditamos na verdadeira democracia.