sábado, 27 de agosto de 2011






Cacimba

(Verte)d’ouro branco,

Líquido do solo oco,

Vaso arrumado, quisto e não quisto,

Nascíturo verbolíquido (trans) à parentes...

Seus vivos e (de)pedentes seres: eu, tu, ele,

Nós, vós e eles(quidificados).

Hagá dois Ó, ômega grego salgado de Poseidon,

Acqua que queluz re flex fixa mítica a imagem,

Líquida dos temps, moments, factum, domus,

Musgular, intempérie, floco cristal enevoada,

De quando sobes evaporada e desce-nos trúcula,

Trépida, tenebrosa, torrente e tornada lágrimas naturais.

Concavidade (em)crusta dá, da mata, o que (des)sedenteia,

Na língua, da boca, oca, sede tu e sede de tu: o vapor,

Não vacuado dos átomos elementais de todos,

Que do ar que fostes, em nós ocupa maior espaço.

(Turbo)lenta nos seixos ex eixos magmoterrestres,

Crosta nos custa limpa, elomiente, liquefeita,

(Turbo)rápida acalha no leito, lama, lar,

Dos cascais, semiseixos, microeixos, deixemos-te,

Íntegra.

Retentora das cores prisma(i)maculadas, flores, (ó),(ô)dores,

Dos fruídos hormonohipofísicointelectoafeto,

Temperada de (uso)frutas e ácido termofermético,

(Trans)muta-te in VINO.

Embriaga-nos ó inebriante água turva, (per)(fume)mática,

Tranporta-nos Bacamente às alturas totens nimbus estractus,

Caiamos por chuvas, retornantes ao berço terra,

Pois somos água, e, à água voltaremos.

M. Malquebedeche

Dedicada a G.Félix._

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Colagem Rodriguiniana

Um casamento feliz era o de DOROTÉIA com O HOMEM PROIBIDO. Apesar de todo conflito mundial, ela que era A MULHER SEM PECADO, manuseava O ÁLBUM DE FAMÍLIA enquanto ele escrevia o manual ANTI-NELSON RODRIGUES.

Descobriu-se um rio sob o Rio Amazonas e o fato não abalou nem um pouquinho A SENHORA DOS AFOGADOS.

Na GRANDE RESENHA ESPORTIVA, o assunto era a coroação do SONHO DE AMOR, com o nascimento do herdeiro do craque cujo lema era MEU DESTINO É PECAR.

Diferentemente do BEIJO NO ASFALTO, em vídeo, PM xingava violentamente um baleado agonizante, que implorava ao ANJO NEGRO que o levasse do ASFALTO SELVAGEM, onde acontecia A VIDA COMO ELA É.

Enquanto isso, um peão, na festa que acontece a cada ano, deixou um bezerro paralítico, para desespero da CABRA VADIA.

No mundo cada vez mais animal, Dilma nega faxina, mas promete providências no caso dos 7 GATINHOS abandonados num beco sem saída, por uma moça ENGRAÇADINHA, porém, BONITINHA MAS ORDINÁRIA.

O DESCONHECIDO convidou A DAMA DO LOTAÇÃO para viagem num caminhão médio, com a qualidade Hyundai, visto que caminhão tem que dar lucro, não despesa.

Sônia Braga aceitou com a seguinte condição: compre-me um VESTIDO DE NOIVA, prometa-me um O CASAMENTO sem TRAIÇÃO, pois sou VIÚVA, PORÉM HONESTA e não resistirei a outra NÚPCIAS DE FOGO. SOMOS DOIS a dançar a VALSA N. 6 e POUCO AMOR NÃO É AMOR.

Exigências aceitas, o sujeito que tinha por nome SOBRENATURAL DE ALMEIDA, deu um beijo com sua BOCA DE OURO na moça e ensinou-a COMO GANHAR NA LOTERIA SEM PERDER A ESPORTIVA. Verdadeiras almas GÊMEAS.

Na última hora, Maluf, A SERPENTE, desistiu de admitir um crime e A FALECIDA Amy admitiu que TODA NUDEZ SERÁ CASTIGADA, principalmente quando o corpinho de madona já exibe sinais de estrias e celulite.

No manual do homem, CONTOS E CRÔNICAS.

No álbum da mulher, MEMÓRIAS.

A MORTA SEM ESPELHO implora: PERDOA-ME POR ME TRAÍRES.

Enquanto tremor de 7 graus ocorre perto do Brasil, greve geral de 48 horas paralisa parte do Chile.

O Estado de S.Paulo, 25 de agosto de 2011.

Minha reverência a Nelson Rodrigues, o maior dramaturgo brasileiro, que escandalizou fascinando e inovou com maestria.

DA NOBREZA EM CONVIDAR E BEM SERVIR...


A nobreza de um ato se mede pela disponibilidade em fazê-lo... este valor fala por si mesmo. Quando posso representa-lo por intermédio de uma pessoa, nem sempre é dificil definir a quem... acho que é bem fácil identificar quem, do seu lugar afetuoso, fez de um instante da vida, uma vivência de acolhida gratuita!
Falo de minha amiga Marli.
No sábado passado fiz com ela e alguns amigos do Coletivo Pegando Gancho, o caminho de Pirituba (bairo da zona norte paulistana). Não é Compostela (que nunca senti) mas teve um alcance afetivo-espiritual cativante!
Se fosse enumerar os passos desta nobreza, começaria pelo ato de convidar (Há pessoas que nao convidam ninguem à sua casa...). Depois destacaria a disponibilidade em buscar o grupo de carro (há quem prefira deixa-los dentro de uma gaiola enferrujante...). Da casa do Laudecir saimos no caminho de Pirituba e ao chegar no ninho onde habita esta fada madrinha do sarau, ritualisticamente, brindamos o encontro. Mais um passo! Sublime! Taças, vinhos, olhares abraçados e a delicadesa de acolher!
Bem... fomos convidados para uma carangueijada! Mais de 12 anos sem empreender aquele pequeno esforço de quebrar patas, com martelo ou nos dentes, para desfrutar breves pedaços de sabor! Para alegria de alguns, que o diga o Laudecir, intimo apreciador de carangueijos, e para recusa de outros... aprendizes diante do ato de degustar este estranho morador dos mangues.
Não faltou cerveja (que delicia heim Junior!!), nem mesmo sem alcool, pronta para o deleite da Luiza ausente, fartura de vinhos multicoloridos, eu me joguei! Chiquinho, Adriana e Marcelo tambem. E depois de travessas e travessas de carangueijo, eis que chegou a hora de ... almoçar! Como assim!?
Vou servir o cardápio de meu casamento – Disse a anfitriã.
Que fino! Ou que honra? Expressão de dia especial! Gente especial! Assim me senti neste instante. Êta sentimento bom, né bichim! ?
Final de tarde...
E a pauta do teatro Chiquinho? Já era mais que hora! Hiiiii... esta é uma outra história. Por hora eu só quero falar desta MULHER nobre, por que se banha de afeto pra encarar a terna dura carga de um tempo fragilizado e de caminhos cansados no rosto, mas tambem para a entrega amorosa do encontro...
Sabe aquela turma que você nao se delicia a tempos ?
Pois é... fica ai a dica!
Cheiro de Marli com arroz e largato ao molho madeira...

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

DEDICATÓRIA

Peço licença a todos, principalmente ao autor do vídeo que vou usar para esta postagem.
É um presente para minha irmã caçula Luciane.


Outro dia ela revelou que já assistiu muitas vezes o filme PEQUENO PRÍNCIPE,
como também leu muitas vezes o livro.
Gostei de saber porque não conhecia este lado romântico dela.
Se outros gostarem, ofereço para vocês também.

Não se esqueça de ligar o som antes de clicar.


Pessoas que cativei, sintam-se felizes
você que me cativou, sinta-se feliz.
Amizade, sublime, gesto profundo
Meio pelo qual nos relacionamos
Sem cobrança, sem manobras
Na amizade somos reciprocamente gratuitos.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Lenhadores e Jardineiros

sunflower

Os noticiários, televisivos ou não, estão longe de serem programas atrativos para quem tem livre alguns minutos do seu dia, seja por conta das inúmeras matérias de violência ou pelo excesso de notícias sobre corrupção, sobretudo na esfera política.

Assunta só: “A prefeitura de Campinas cassa o mandado do prefeito Hélio de Oliveira Santos (PDT). A decisão saiu na madrugada de sábado, após cerca de 45 horas de sessão ininterrupta na Câmara. Apenas o vereador Sérgio Benassi (PC do B) foi contrário à decisão. Outros 32 vereadores votaram pela cassação do chefe do Executivo”. Assim sendo, o vice-prefeito, Demétrio Vilagra (PT) assume o cargo de prefeito. Estaria bom, caso Vilagra também não estivesse entre os “investigados do Ministério Público por suspeita de envolvimento no esquema de fraudes em contratos.” Pergunto: Dá pra ser feliz? “Que País é esse?” Dorme com um barulho desse!

Tenho trabalhado em sala de aula com meus alunos, do ensino médio, sobre o tema Política. E para esse desafio lanço mão de um texto que li há alguns anos do poeta, educador e psicanalista Rubem Alves, cujo título é Sobre Política e Jardinagem, que de alguma forma pode nos servir de alento. Começa o texto dizendo que “de todas as vocações, a política é a mais nobre”. Em seguida faz uma abordagem etimológica das palavras Vocação e Política.

"Vocação, do latim vocare, quer dizer chamado. Vocação é um chamado interior de amor: chamado de amor por um ‘fazer’. No lugar desse ‘fazer’ o vocacionado quer ‘fazer amor’ com o mundo. Psicologia de amante: faria, mesmo que não ganhasse nada.‘Política’ vem de polis, cidade. A cidade era, para os gregos, um espaço seguro, ordenado e manso, onde os homens podiam se dedicar à busca da felicidade. O político seria aquele que cuidaria desse espaço. A vocação política, assim, estaria a serviço da felicidade dos moradores da cidade."

O grande problema, segundo Alves, é que as pessoas não assumem sua verdadeira vocação. As opções de trabalho são regidas por uma lógica capitalista, mercadológica, em que as pessoas fazem suas opções profissionais tendo como horizonte, algumas vezes, o retorno financeiro como elemento central. E como vivemos em uma sociedade em que algumas profissões “valem” mais que outras, no sentido de que dão um retorno financeiro melhor, a questão vocacional fica em segundo ou terceiro plano. Eu diria ainda que, outras vezes, as pessoas sequer têm a liberdade de escolherem estudar e exercerem a profissão para a qual se sentem vocacionadas. Profissionalizam-se no que sua condição socioeconômica permite, e quando permite.

Assim sendo, vale a pena pensarmos nas oportunidades ou na falta delas para que as pessoas exerçam a profissão a qual são vocacionados. Pensando no Brasil, desde seu suposto descobrimento, naquela selva encontrada quando os Portugueses por aqui chegaram, Alves destaca que

“Aquela selva poderia ter sido transformada num jardim. Não foi. Os que sobre ela agiram não eram jardineiros. Eram lenhadores e madeireiros. E foi assim que a selva, que poderia ter se tornado jardim para a felicidade de todos, foi sendo transformada em desertos salpicados de luxuriantes jardins privados onde uns poucos encontram vida e prazer”.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Pardon me!

Children Dancing at a Party (Pardon Me), 1918, oil on canvas.
Norman Rockwell 
Ontem, alguém me dizia que culpa é diferente de sentimento de culpa, assim como promessa é diferente de compromisso!
Segundo esse amigo, a culpa é aquilo de que te acusam, e, então, é mesmo necessário todo o aparato daquela área do conhecimento que aprendemos a chamar de Direito para lidarmos de fato com uma culpa. Ou seja, se te acusam culpado, haverá um advogado de acusação e você pode ter um advogado de defesa, para defendê-lo da culpa que te imputam e assim, quiçá, poderá ainda provar sua inocência. É claro que se você, de fato, cometeu determinada falta poderá ser provada sua culpa. Mas a culpa continuará sempre sendo aquilo que lhe imputaram, algo que veio de fora. Somos culpados de crimes que, por um consenso e por vivermos em uma sociedade, de determinada época, chamamos de crime. E, certo, está tudo bem que seja assim, ao menos por um tempo: o da condenação penal.
Já o sentimento de culpa é matéria de foro íntimo. Eu crio o meu sentimento de culpa.  Tanto é assim, que posso me preocupar com o que o outro está sentindo em relação à determinada atitude que julgo injusta e que tomei no trato com ele. Muitas vezes, mesmo pedindo perdão por uma falta, e ainda mais se o outro não me perdoa, continuo me sentindo culpado. Isso não deveria acontecer (na ausência do sentimento de culpa de fato não acontece), afinal o problema é de quem não me perdoou. Há casos bizarros de pessoas perdoadas pelo ofendido e que continuam se sentindo culpadas.
Outra coisa interessante, e que esse meu amigo também me disse, foi acerca da promessa. Fazê-la é simplesmente pedir para ter problema com o outro: não prometa nada a ninguém. Você será cobrado, necessariamente, portanto, não deveria ter prometido, sobretudo se não desejava cumprir a promessa. O descumprimento da promessa, o que quase sempre acontece, é já o início de um processo de sentimento de culpa, nesse caso absolutamente desnecessário, pois bastaria simplesmente não prometer jamais.
E por fim, há o compromisso. Trata-se aqui de uma sutil nuance e naquilo que o diferencia da atitude precedente. Mas, que coloca novamente o que é de foro íntimo em circulação, agora, porém, em sua faceta positiva. Se você quer assumir um compromisso, isso não será mais uma promessa, mas o seu próprio desejo em movimento. Não deveríamos deixar de considerar um compromisso, pois quando nos comprometemos já não prometemos apenas, somos a promessa antecipada e que se nota por essa nossa atitude e ação. Por meio dessa atitude só poderia resultar algo que chamaríamos de "culpa", se ela não fosse um compromisso com o bem comum.

domingo, 21 de agosto de 2011

NÓIA
















Pai!! Ainda existe em mim uma espessa camada de sonhos que fazem sombra ao meu já desgastado e submerso mundo. Respiro. Olho entorno. Suspiro. Prefiro seguir. Ir. Paragens que desconheço e frestas que não domino. Sou pleno de vazio e inútil pensamento. Alguns que invento na ânsia de ser eu mesmo em minha meta. Estático. Mítica desesperança. O mundo mergulhado em fumaça. O nariz esbranquiçado de pó. A cabeça sucumbida ao nada. Nada. Fatalidade da alma. Fato consumado de sina sem consolo. Sou só. Zumbi. Zumbido adormecido. Vago para esquerdas e direitas, tenho sono e fujo dele, tenho dor e não me entrego. Nego. Nego a vida que em mim se mascara. Nego a negritude esculpida em lápide branca. Meu nó. Meu mocó. Minha coberta, coberta de vergonha. Meu papelão armado como tenda cigana. Minha esquina delirante. Pária. Paranoia. Latente desejo de vingança de minha fraca temperança. Farsa. Chuva fina sob minha lama. Cana. Canto. Cato. Lixo esculpido em saco preto. Saco. Soco. Meto. Mão. Cabeça. Corpo inteiro. Cheiro de urina, de madrugada. Gente sem mente. Sem nome. Com fome. Sem dente. Corpo esculpido em osso. Meu poço. Mente e dente podres. Pobre estopa. ROTA. Calçada imunda que funda em mim seu tentáculo, tabernáculo do que fui, do que fiz. Infeliz. Fétido enlace. Classe: rato. Mato. Minto. Sinto. Estúpida fadiga. Creio. Pedra. Pó. Ponta desigual. Arsenal maldito. Grito. Morro...

Vejo-os aos montes.
Pela vidraça. Pela fresta. Pelos cantos.

Contemplo-os com a palidez de quem faz nada.
Cauteloso, retorço os olhos incrédulos de vergonha.
Vago na sua solidão.
Estão por toda a parte.
À parte. Quase nada.
Invisíveis em para-brisas.
Sigo-os silenciosamente em sua ruina.
Esquina. Dia a dia. Noite adentro.
Visíveis que são em telas sombrias e escandalosas.
Centro.
Tele... Visão.
Escuridão.

Igualmente sou nada.
Penso nada.
Penso...
Penso...
E...
Nada...
Pai..
Pater nosso...

17/08/2011 – 22:59
Chiquinho Silva