quinta-feira, 17 de maio de 2012

SOL QUENTE SOB O INVERNO FRIO


Cedinho
No friuzinho preguiçoso da matina
Meu amor acena de longe
Onde os raios de sol levanta e desperta
Como “flechas de fogo”

O toque soou por entre os ares gelados
E o impulso me lançou à fonte
De onde os raios de sol escaldava
Meu amor me salda!
E a distância se explicita
Como carne viva!

E a saudade de novo se despe
Essa nudez é como verde da cana
Cortando a alma

O sentimento de sangue em corte
Se liquidifica
Ao do estado de graça
Por que o meu amor
adentrou meu recinto frio

...

mas o meu amor se foi
e de novo
um nevoeiro frio se alastrou
e a saudade...fiel companheira
era meu único cobertor.

Gison Reis
17.05.12

Foto: Guest House Recanto do Sol

quarta-feira, 16 de maio de 2012

MAMÃE

"Ela é a dona de tudo
Ela é a rainha do lar
Ela vale mais para mim
Que o céu, que a terra, que o mar
Ela é a palavra mais linda
Que um dia o poeta escreveu
Ela é o tesouro que o pobre
Das mãos do Senhor recebeu
Mamãe, mamãe, mamãe
Tu és a razão dos meus dias
Tu és feita de amor e de esperança
Ai, ai, ai, mamãe
Eu cresci, o caminho perdi
Volto a ti e me sinto criança
Mamãe, mamãe, mamãe
Eu te lembro o chinelo na mão
O avental todo sujo de ovo
Se eu pudesse
Eu queria, outra vez, mamãe
Começar tudo, tudo de novo
Ela é a dona de tudo
Ela é a rainha do lar
Ela vale mais para mim
Que o céu, que a terra, que o mar
Ela é a palavra mais linda
Que um dia o poeta escreveu
Ela é o tesouro que o pobre
Das mãos do Senhor recebeu
Mamãe, mamãe, mamãe
Tu és a razão dos meus dias
Tu és feita de amor e de esperança
Ai, ai, ai, mamãe
Eu cresci, o caminho perdi
Volto a ti e me sinto criança
Mamãe, mamãe, mamãe
Eu te lembro o chinelo na mão
O avental todo sujo de ovo
Se eu pudesse
Eu queria, outra vez, mamãe
Começar tudo, tudo de novo"
Herivelto Martins...
Costumamos cantar esta canção no dia das mães todo ano na casa da minha mãe. Neste ano não cantamos, não deu tempo, muita festa, muita gente, muita criança, bebês recém-nascidos e ainda não nascidos, chá de bebê. Nesta mistura toda comemoramos não só o dia das mães mas o aniversário de minha mãe. Por isso tanta emoção. Cada um do seu jeito. Filhos, filhas, netos, netas, bisnetos, bisnetas, genros, noras, amigos, amigas, todos com suas diferenças harmoniosas conseguimos viver um final de semana indescritível. Minha mãe, baixinha, simples, no entanto poderosa. Ela consegue manter os filhos reunidos em sua volta.
À todas as mães, merecedoras de aplausos por cumprirem com tanta grandeza a missão da criação, do cuidado, do amor incondicional. Assim são as mães. 

terça-feira, 15 de maio de 2012


DE RITA LEE A EMICIDA

No início do ano a cantora Rita Lee foi presa depois de realizar um show em Aracajú/Festival Verão Sergipe. Segundo os meios de comunicação, alguns membros do fã clube de Rita teria sido agredidos pelos policiais antes do show, mas a gota que faltava “foi quando os policiais fizeram uma corrente na frente do palco”.  Rita então disparou: “vocês são legais, vão lá fumar um baseadinho”, e ainda uma torrente de impropérios “cachorros”, “cavalos”, “filhos da...”. Algumas autoridades, o governador Marcelo Déda, a ex-senadora Heloísa Helena, se manifestaram sobre o ocorrido. Para Deda a cantora teve uma atitude equivocada e desnecessária. Já Heloísa Helena foi favorável à cantora dizendo que sua reação deu-se devido à “truculência policial.”

No último domingo algo semelhante aconteceu com o Rapper Emicida, em Belo Horizonte, que também foi detido após o show. As letras das músicas de Emicida são em grande parte um grito de protesto, provocação, denúncia, etc., em relação às bandalheiras, roubos, falcatruas... cometidas por gente de “colarinho branco”, que conta com o aparato da justiça, do estado, em situações que por ventura possam haver alguns deslizes. O que não faltam são episódios ilustrativos, pauta diária dos veículos de comunição, assistidos pela população brasileira, muitas vezes em estado de letargia. O Rapper teria manifestado apoio ao Movimento Sem-Teto durante o show, referindo-se especificamente a uma Ocupação realizada na mesma região onde o show acontecia, cujo despejo havia sido realizado na sexta-feira, “com muita brutalidade, 350 famílias foram despejadas por um forte aparato policial, cerca de 400 homens”. Somado a isso, a música “Dedo na ferida” foi, também, a gota que faltava. “Na versão da Polícia Militar, o Rapper teria incitado o público a fazer gestos obscenos para os PMs e para os políticos.”

Segue a música Dedo Na Ferida e um vídeo, bastante ilustrativo.

Scratchs (pimenta nos zóio dos políticos)
Foda-se vocês, foda-se suas leis!
Scratchs (a fúria negra ressuscita outra vez)
Foda-se vocês, foda-se suas leis!
Scratchs (anota meu recado)
Foda-se vocês, foda-se suas leis!
Scratchs (primeiro eu quero que se foda)
Renan samam, emicida, o rap ainda é o dedo na ferida

Vi condomínios rasgarem mananciais
A mando de quem fala de deus e age como satanás.
(uma lei) quem pode menos, chora mais,
Corre do gás, luta, morre, enquanto o sangue escorre
É nosso sangue nobre, que a pele cobre,
Tamo no corre, dias melhores, sem lobby.
Hei, pequenina, não chore.
Tv cancerigena,
Aplaude prédio em cemitério indígena.
Auschwitz ou gueto? índio ou preto?
Mesmo jeito, extermínio,
Reportagem de um tempo mau, tipo plínio.
Alphaville foi invasão, incrimine-os
Grito como fuzis, uzis, por brasis
Que vem de baixo, igual machado de assis.
Ainda vivemos como nossos pais elis
Quanto vale uma vida humana, me diz?

É só um pensamento, bote no orçamento
Nosso sofrimento, mortes e lamentos,
Forte esquecimento de gente em nosso tempo
Visto como lixo, soterrado nos desabamento
Em favela, disse marighella. elo
Contra porcos em castelo
O povo tem que cobrar com os parabelo
Porque a justiça deles, só vai em cima de quem usa chinelo
E é vítima, agressão de farda é legítima.
Barracos no chão, enquanto chove.
Meus heróis também morreram de overdose,
De violência, sob coturnos de quem dita decência.
Homens de farda são maus, era do caos,
Frios como halls, engatilha e plau!
Carniceiros ganham prêmios,
Na terra onde bebês, respiram gás lacrimogênio.


segunda-feira, 14 de maio de 2012

Uma ninfa da esquina de cima



Ainda me lembro daquela linda ninfa.

Partes de seu corpo, com seus contornos que se comunicavam,

Participavam de um diálogo – aludiam-se.

Fraquejava frente a dores invisíveis como de um parto sem o nascimento.

Gritavam como se a treva a apertasse com seus longos braços vermelhos.

Mas toda chorosa e perfeita.

Falava do que não queria, mas que ao mesmo tempo buscava incansavelmente.

Envolta de sofrimento, a beleza era vivida em lágrimas.

Era uma mulher de olhar esmagador; fechado.

De um sorriso vazio – quase sem sorriso!

Uma vida anulada por questões que não poderiam ser ditas, pois incompreensível julgava ser.

Mas completamente repleta de afetos. Também não vividos.

Tinha grandes seios, como se fosse amamentar uma gama de famintos,

Cujos desejos sexuais armados em oralidades, a devorava desnuda.

Piedosa era ela, que parecia não ser assim, pela constituição mascarada de seu ser.

Quantos segredos ardentes trazia essa fêmea.

Tais rugas que feito sombras, escondiam sua sutiliza.

Amava calada na intimidade e escondia a  força propulsora de sua intuição cheia de carícias, de uma vil paisagem sarcástica – cheias de volúpias provocativas.

Uma veste moralmente profanada e sempre negra.

Que parecia a quem olhava, como uma mulher invadida por falos indesejados.

Cabelos sempre presos sobre a cabeça que permitia mostrar o busto que carregava uma sutil bijuteria que brilhava como uma lua repleta e cheia.

E por assim se fazia, cujo tempo não a perdoava e sacrificava a ninfa.

Mas sua alma virgem, de pele parda como a seda inundava a pureza incompreendida que trazia, Agia como uma colmeia derramando mel e lambuzava-se.

Com gestos cálidos e delicados, espalhado entre rumores inescrupulosos,

e terrivelmente parciais.

Mas da doçura de um espanto sem fim.

Voltava para si sem ao menos improvisar o impacto de  nenhuma surpresa.

E assim vivia ela não interpor-se à crueldade do ser que a menosprezava.


Reinildo de Souza.