sábado, 9 de julho de 2011

De todos os rostos
de todas as cores
haverá marcado
vielas de ternura
e o cansaço
de ser mãe
e das palavras
dos que te tratam
com desdém.
haverá um mundo
de homens
que te amam
de raiva estampada
no rosto
traços de histórias
arrancadas
nas veladas
do desgosto

De todos os rostos
de todas as cores
serás mulher
feita esp...iritualidade
serás o mundo
na descoberta
de uma nova
humanidade.

E serás luz
cor e verdade
mãe, mulher
amante
no mundo de homens
a luz
a liberdade.

Saozinha
Blog Lusopoesia

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Homenagem ao poeta morto




Na manhã do dia 03, o poeta Mário Chamie morreu, de parada cardíaca.




Nada mais natural para um peta que vive do coração, morrer pelo coração.




O escritor nascido em primeiro de abril, tinha a verdade como conduta.




Criativo e ativo, aos 78 anos trabalhava em poemas que reuniria em um livro, ainda sem data de publicação.




Advogado de formação, marido de designer e coreógrafa, pai de cineasta, só poderia ser um homem com crença absoluta na arte, em especial da poesia, sobre quem declarou ser a metaexpressão de todas as artes.




Como professosr da Escola Superior de Propaganda e Marketing(ESPM), Chamie cruzou o meu caminho em 1987, e com carinho, me inspirou o poema sobre São Paulo, que postarei na próxima semana.


Hoje, em meu espaço, publico o poema LIVRO ABERTO, inédito, de meu mestre, com carinho:


Livro aberto


A rua é um livro aberto,


o olho minúsculo de um pássaro é um livro aberto.


A porta fechada de um quarto é um livro deserto.


Tenho escrito palavras de muitos livros refeitos que, surdos e quietos, tecem límpidos e claros os seus herméticos enredos.


Na rua leio o que soletro.


No minúsculo olho de um pássaro não leio o que vejo, embora pássaros e ruas me ensinem o que percebo.


Me ensinam, por exemplo, o desterro aberto e refeito de todo livro reldo, se atrás da porta fechada, refaço o seu silêncio desfeito, releio o meu silêncio perdido.¨


O poeta está morto.


VIVA O POETA!!!

GRATIDAO AFETUOSA DE UM BEBÊ...

Alguns amigos acompanharam através de meus torpedos, o dilema da gestação de meu sobrinho Ilewá, filho do Vilde e da Ceça. Ele nasceu, apesar das tormentas, e este Rei Mago foi visitá-lo em Camaragibe – Recife, ocasião em que “cerimoniei” o sarau em sua homenagem. Foi belo! Minha mensagem de hoje, é uma carta “escrita” pelo Ilewá aos seus pais.

                                                    Eu, mamãe e Ilewá


Querida Mamãe!
Querido Papai!

“Primeiro do que tudo”... ainda sou bem pequenininho pra entender da beleza dos gestos. Por enquanto meu tio Gilson, como que psicografa o que este ser frágil, seu filho, está louco pra expressar. Sinto que, em breve, vou descobrir dos valores e das “maiomotas” dessa gente toda, por enquanto eu vou sentindo pelo cheiro, ou pelo olhar pequeno, ou pela quenturinha do corpo, que as pessoas, cada uma, tem a sua própria maneira de ser, ver e sentir.

E, portanto, cá estou eu papai, mamãe, pra dizer que com meus ouvidos miudinhos já ouvi alguém falar da grandeza do ato afetuoso que tiveram por mim quando eu apenas escutava no limite do meu pequeno território aquecido. Ouvi dizer dos meus irmãos que não puderam ver e sentir o quanto são belos! Sou um grande privilegiado? O que é ser privilegiado mamãe? O senhor é privilegiado papai?

Ouvi dizer que mamãe descansou muito antes de “descansar”. Hum! Afinal que palavra é descansar? Me intrigava os movimentos mínimos de tantos meses, mas, sem saber do mundo aqui fora, me contentei, no meu cantinho quente, em apenas me sentir aquecido e parado.

Acho mainha, que quando sentia a barriga mexer, nem imaginava que, de tanto descanso, talvez eu já quisesse um pouco de cansaço. O que dizia painho? Ouvi dizer que os painhos sempre dizem que os filhos vão ser um tal de jogador de futebol. O que é isso? Eu vou ser jogador de futebol? O papai é jogador de futebol?

Eu queria saber de que jeito é que uma figurinha miudinha como eu, pode expressar que tudo que fizeram por mim foi a “saudação da primavera”! De que jeito eu me movo pra expressar que, o que fizeram é a beleza na sua forma mais intensa! De que jeitinho uma criaturinha frágil pode expressar que o que fizeram, foi a primavera toda florindo o outono, fertilizada pelas chuvas invernais e os mais belos raios de sol..

Eu quero logo aprender como se ama quem dedicou meses de gestação a alguém que ainda nem sabia como ser recíproco. De uma coisa eu sei, e o tio me falou que isso é orgulho... eu sei, que eu tenho um papai e uma mamãe sensíveis, inteligentes, educados, companheiros, perseverantes, fortes... nem sei o que significa tudo isso, escutei num tal de chá de bebê, quando muitas vozes pareciam querer expressar sentimentos sobre vocês. Acho que é assim o jeito de gente adulto expressar como ama alguém que sabe cuidar.

O que é sarau mamãe? Quem é essa gente toda que vocês me apresentam como um presente? Eu nem sei o que dizer, as vezes sinto gotas se despedirem de meus olhos como daquela moça ali quando fala do amor por vocês, as vezes sinto minha boca se abrir no cantinho e até os olhos brilharem... desculpe, é assim que me sinto diante de todos.

Estou cansado! Acho que é hora de parar. Hum! Sinto que foi assim com a senhora não é mãe? Cansar... descansar ... descansar ... descansar... agora nem dorme direito, ouvi dizer.

Ah! Mamãe! Papai!
Eu queria saber de que jeito é que uma figurinha miudinha como eu, pode expressar que tudo que fizeram por mim foi a “saudação da primavera”! É a beleza na sua forma mais intensa! É a primavera toda florindo o outono, fertilizada pelas chuvas invernais e os mais belos raios de sol.. Eu quero logo aprender como se ama quem dedicou meses de gestação a alguém que ainda nem sabia como ser recíproco.

“Aqui termino só com a nossa vista” ...

Ilewá, por Gilson Reis, seu tio.
02 de Julho de 2011

terça-feira, 5 de julho de 2011

Tempos de Nostalgia


Tem hora que pega sentir saudades. Já dizia o Dominguinhos é gostoso demais!
Pode ser gostoso como também pode doer e dói mesmo.
Por outro lado, para sentir saudades é preciso gostar.
Gostar de alguém, amar alguém, ser para alguém.

Pensar na história da raposa contada Saint Exupéry do Livro Pequeno Príncipe, postada ontem por Laudecir, é bem isso.
Só sente saudades, quem cativa e se deixa cativar.

Olha o que diz a música GOSTOSO DEMAIS:

Composição: Nando Cordel/Dominguinhos

Tô com saudade de tu, meu desejo
Tô com saudade do beijo e do mel
Do teu olhar carinhoso
Do teu abraço gostoso
De passear no teu céu
É tão difícil ficar sem você
O teu amor é gostoso demais
Teu cheiro me dar prazer
Quando estou com você
Estou nos braços da paz
Pensamento viaja
E vai buscar meu bem-querer
Não dá prá ser feliz, assim
Tem dó de mim
O que eu posso fazer?

Para os apaixonados aproveite aí para curtir uma dorzinha, um friozinho na barriga, ou quem sabe não curtir nada disso e sim viver seu momento de amor.

“Os olhos do jardineiro é que abrem o botão da flor” (Zé Geraldo)

Pode parecer falta de modéstia. E talvez seja, assumo o risco! Mas o que quero é socializar com os meus amigos um sentimento de alegria que tive na semana passada, relacionado à educação, vez que, normalmente, partilho com vocês muitas situações conflituosas, desgastantes, desanimadoras, vivenciadas no ambiente escolar. Meus ex-alunos, que se formaram na última sexta feira, 01/07/11, me convidaram para ser o “paraninfo” da turma. Fiquei feliz, pois , conforme encontrei “a palavra paraninfo vem do grego e quer dizer padrinho. Escolher um paraninfo é uma tarefa muito difícil, mas também bastante compensadora para os alunos. Ser escolhido para paraninfo de uma turma, possivelmente, é um dos maiores orgulhos de um professor. Isso significa que, além de ser considerado um mestre exemplar, a turma toda possui um enorme carinho por esse profissional e, por isso, o escolheu para ser o padrinho dos formandos. Assim como os formandos homenageiam o paraninfo em seu discurso, o paraninfo pode retribuir a gentileza e prestar uma bela homenagem aos seus alunos, sempre exaltando os bons momentos que tiveram juntos, superando todas as dificuldades e obstáculos para chegar a conquista da vitória.”

Falta muito para eu ser um mestre exemplar, mas o tempo que tivemos juntos foi momento oportuno para nos cativarmos, conforme sugere este fragmento do Pequeno Príncipe: E foi então que apareceu a raposa:

- Bom dia, disse a raposa.

- Bom dia, respondeu polidamente o principezinho que se voltou, mas não viu nada.

- Eu estou aqui, disse a voz, debaixo da macieira...
- Quem és tu? perguntou o principezinho.
- Sou uma raposa.
- Vem brincar comigo, propôs o príncipe, estou tão triste...
- Eu não posso brincar contigo, disse a raposa.
Não me cativaram ainda.
- Ah! Desculpa, disse o principezinho.
Após uma reflexão, acrescentou:
- O que quer dizer cativar?

- Tu não és daqui, disse a raposa. Que procuras?
- Procuro amigos, disse. Que quer dizer cativar?
- É uma coisa muito esquecida, disse a raposa.
Significa criar laços...

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Dormir, Sonhar.


O simbolismo, aprendemos na escola, é uma das escolas literárias mais difíceis de se estudar.
Eu diria que os poemas simbolistas estão para a história da literatura como o livro do Apocalipse, na Bíblia, está para a história das exegeses bíblicas. É sempre possível que cada qual os interprete como pode e a sua maneira.
Não é fácil realmente descobrir o sentido original que o poeta simbolista teria dado aos seus versos, na maioria dos casos.
Um dos poetas mais difíceis que nós temos na Literatura Brasileira, nesse sentido, ao menos eu penso assim, é Cruz e Souza. Contudo, ele é também um dos mais delicados e um dos poucos, em toda a nossa literatura, capaz de falar do amor em termos profundamente espirituais.
Vejam se podem concordar comigo, lendo esse poema que sugiro como leitura de reflexão para abrirmos a semana:

To sleep, to dream

Dormir, sonhar – o poeta inglês o disse...
Ah! Mas se a gente nunca mais sonhasse
Ah! Mas se a gente nunca mais dormisse
E a ilusões não mais acalentasse?

E o que importava que o futuro risse
De um visionário que tal cousa ideasse;
Se não seria o único que abrisse
Uma exceção da vida humana à face?...

Se os imortais filósofos modernos
Que derrubaram todos os infernos,
Que destruíram toda a teogonia.

Orientando a triste humanidade,
Deixaram, mais e mais, a piedade
Inteiramente desolada e fria?

domingo, 3 de julho de 2011

PALAVRÓRIO














Difícil...

Às vezes incontrolável...

Diferente da poesia, da rima, da crônica e do texto.
Tinge-se ardil, teimosa, confusa, inesperada.
Faz-se, desse jeito, numa sintaxe conflitante entre verdades, meias verdades,
Mentiras, meias mentiras...
Conveniências humanas. Naturalmente.
Percalços de nossas ilusões doces e sombrias.

Amistosa, até que provocada.
Cuidadosa, até que instigada.
Permissiva, até que contida num psiu...

Espasmos de rápidos pensamentos,
Delírios hermeticamente escondidos,
Que nos escapam à censura.
Justamente àqueles que, por temor, ocultamos
Num olhar, num gesto, num desacato.

Um desalinho, um descuido e...
Escapa-nos num átimo.

Diferente...
Quando discursiva, provocadora, anacrônica.
Elegante...
Quando conquistadora, eloquente, acadêmica.
Estética...
Quando audaciosa na linguagem.
Mas isso nem sempre...
È preciso, sim, traduzir-lhe o óbvio, por vezes.
Está ali, entre um dito e outro.
Capaz de revelar ideias, inconsistências, preconceitos, fantasias...
Um turbilhão num tempo sem tempo definido.
Reflete e ignora.
Reduz a nada ou saboreia e legitima pensamentos ou apenas bobagens.
Tão vã quanto à agilidade de sua fonética.
Tão viva quanto a língua que balbucia...

Chiquinho Silva
29/06/11 – 22:37