Hoje postarei um poema de Silvania Silveira, poeta das mais sensíveis que já cruzaram o meu caminho. Silvania, como presente de seu aniversário, permita-me brindar nossos leitores com biscoito fino.
Tempo do vento
O que me consola
ao passo que desola
é saber que passa o tempo;
pai do vento
amigo do senso
carrasco do lento.
O que me consola
ao tempo que desola
é saber que o tempo passa;
tempo leal
tempo real
tempo fatal.
Magnânimo tempo!
Silvania Silveira
Dezembro/1999
Gente, não ficou um gosto de quero mais???
sexta-feira, 4 de maio de 2012
quinta-feira, 3 de maio de 2012
O QUE TRAGO NA MALA
proximasferias.com.br
Sou
Esta incompletude histórica
Trago na mala
O que me constituii
Sou
Esta histórica incompletude
Que constitui a mala-vida
Com sabores de travessia
É histórica esta incompletude
Por vezes leve
Outras vezes leviana
É incompleta esta história
No peso de sua mala
Uma certeza de “vazio” inquietante
Folha em branco
Pincelada
A colorir...
Gilson Reis
03.05.12
quarta-feira, 2 de maio de 2012
UM GRITO PELO RESPEITO
Para que as crianças e adolescentes cheguem com saúde na idade adulta,
que haja respeito.
Para que não haja tantos loucos e loucas pelas ruas,
que haja respeito.
Para que não haja caos no trânsito,
que haja respeito..
Para que os jovens não desistam de viver,
que haja respeito.
Para que os namorados se preparem para o amor a dois,
que haja respeito.
Para que nas famílias a convivência seja feliz,
que haja respeito.
Para que o trabalho também seja de prazer,
que haja respeito.
Para que as chuvas cumpram suas funções,
que haja respeito.
Para que no futuro haja mais paz...
que haja respeito.
Que cada um reconheça onde e em que precisa respeitar...
que haja respeito.
Para que não haja tantos loucos e loucas pelas ruas,
que haja respeito.
Para que não haja caos no trânsito,
que haja respeito..
Para que os jovens não desistam de viver,
que haja respeito.
Para que os namorados se preparem para o amor a dois,
que haja respeito.
Para que nas famílias a convivência seja feliz,
que haja respeito.
Para que o trabalho também seja de prazer,
que haja respeito.
Para que as chuvas cumpram suas funções,
que haja respeito.
Para que no futuro haja mais paz...
que haja respeito.
Que cada um reconheça onde e em que precisa respeitar...
terça-feira, 1 de maio de 2012
“O QUE ME ASSUTA NÃO É O GRITO DOS MAUS. É O
SILÊNCIO DOS BONS”
Hoje, 1º de Maio, Dia do Trabalhador, data oportuna para parabenizar
todos aqueles que labutam cotidianamente para colocarem o pão de cada dia em
suas mesas. Parabéns!!! O texto que se segue bem que poderia continuar falando
sobre o trabalho, entretanto, outro acontecimento que se deu na semana passada,
a constitucionalidade das cotas para negros nas universidades públicas,
aprovada por unanimidade no Supremo Tribunal Federal, é o assunto desta postagem.
Desde que algumas Universidades Brasileiras adotaram a política de
cotas raciais como um dos instrumentos de admissão dos seus alunos muitas
discussões em torno da questão têm sido afloradas. Seria essa medida
Constitucional ou Inconstitucional? É Justa ou não é Justa? Enfim, uma série de
interrogações tem sido pauta desse debate que veio à tona com impulso.
Em uma sociedade, historicamente racista, esperar que uma medida em
favor dos negros consiga apoio geral da sociedade é uma ilusão. Há evidentemente
posições favoráveis e contrárias. Assim foi em outros países, tais como, Estados
Unidos, Inglaterra, Canadá, Índia, Alemanha, Austrália, Nova Zelândia e
Malásia, entre outros, e assim tem sido no Brasil. Essa resistência passa não
só por uma questão racial, mas também de classe social. “As elites brasileiras
não aceitam medidas eficazes de combate à desigualdade educacional, econômica, social,
etc. Há, inegavelmente, um agarramento aos privilégios seculares, protegidos
por interesses corporativos.” GUIMARÃES (2002, p.70). Daí, em grande medida, a
resistência para com qualquer medida que vise uma transformação significativa na
ordem estabelecida da pirâmide social. A resistência do acesso se dá na esfera
da educação, da terra, da moradia, da saúde, etc.
O discurso mascarado da suposta igualdade, tão intensamente
defendido pela elite chega às massas como legítimos, através dos meios de
comunicação, de seus aparelhos ideológicos mantenedores das desigualdades sociais,
historicamente construídas. É comum deparar com pessoas pertencentes ao nível
mais baixo da pirâmide social reproduzindo o discurso legitimador da manutenção
dos privilégios da elite. Pessoas que nunca conseguiram entrar em uma
universidade, qualquer que seja o curso, mas elas são contra as políticas de
acesso à educação, inclusive as cotas; pessoas que nunca tiveram um pedacinho
de terra, nem onde caírem mortas (como se diz no interior), acharem que a luta
pela Reforma Agrária é um absurdo; pessoas que a vida inteira, gerações após gerações
pagam aluguel, se posicionarem contra os movimentos de luta por moradia;
pessoas que tiveram antepassados mortos em filas de hospitais públicos por
falta de atendimento assumirem uma postura absolutamente passivas frente ao
caos da saúde pública.
Vale lembrar que muitas pessoas que hoje levantam as vozes
contrárias às cotas, pouco ou nada fizeram/disseram enquanto os negros estavam
fora das universidades, décadas a fio em que esse espaço fora quase que
exclusivo da “elite branca” do País. Enquanto os negros e outras minorias estavam
fora do espaço de ensino superior essa realidade foi encarada com razoável ou
absoluta naturalidade. O Ministro Luiz Fux, na última quinta-feira, ao votar
favorável às cotas, lembrou: “A abolição
da escravidão não seguida de políticas como a das cotas nas universidades
acabou por atribuir ao negro a culpa pelos seus próprios problemas. Uma coisa é
vedar a discriminação racial; outra coisa é implementar políticas que levem à
integração social dos afrodescendentes”, na linha de que a verdadeira igualdade
é tratar desigualmente os desiguais.
segunda-feira, 30 de abril de 2012
Despeço-me de vos sem que estejais
Despeço-me de
vos sem que estejais.
Assim te deixo querida minha, alma
renegada
Na sua ausência vou a caminhar pelos
campos,
Perdido procurando o amanhecer que se
tarda a chegar,
Nuvens escuras que cobrem o
encantamento de vislumbrar-te
Lembrando o luar que outrora nos uniu
em gestos oblíquos.
Despeço-me de
vós sem que estejais.
Para não olhar o desencanto do olhar a
desviar do meu.
Ocultando-me das lágrimas que insistem
a romper o obstáculo que não às contém,
Fugindo dos infortúnios e de palavras
que gritam e ecoam no céu da boca,
Transformadas em agressões pela
indelicadeza da incompreensão deveras exaltada.
Despeço-me de
vós sem que estejais.
Deixando o traço dos restos mortais que
em mim sem querer secam,
Como folhas que no outono caem,
abandonando para trás o que mais lhe brandia,
Assim como água que debaixo da ponte
passa, sem que lhe digam o destino a cumprir,
Feito aves que no atordoamento de uma
tempestade, voam de olhos serrados para os proteger.
Despeço-me de
vós sem que estejais.
Na casa vazia que o eco anuncia o vácuo
do interior meu (e seu),
Numa gota que cai soando como sinos das
mais elevadas catedrais,
Anunciando o momento futuro que a de
vir e partir sem me esperar,
Não importando-se com as consequências
difusas da nova vida de desventura.
Da repetição dos passos que para a
saída me levam sem que um esforço sequer eu faça.
Despeço-me de
vós sem que estejais.
Na imagem de seu sorriso de alegria
quando te entregava ramalhetes de margaridas.
Lembrando-se das palavras cálidas
sussurradas no ouvido, ditas só para ti.
Brigando com um mundo que a fazia
atracar-se pelos melhores desejos de humanidade.
Silenciando o tempo que parava para
ouvir sua respiração, ofegante e linda.
Despeço-me de vós sem que estejais para
enfim poder partir
Para buscar a vida que quase não queria
viver
Mas para abraça-la da forma inteira com
a intensidade do universo e,
Perder-me-ei dentro dela em busca da
felicidade a mim prometida.
Seja como for, agora, decidido,
despeço-me de vós.
Quando chegares, sabes que não mais estarei.
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