GILSON REIS

Meus Amados e minhas Amadas amantes da poesia!

Iniciar é ato de coragem!

Todo início requer a experiência com as sensações...

Permitam-me a passagem para este novo que se vislumbra como encantamento poético!

Entrei!

Obrigado caro leitor! 

Não há mais como regressar!

Não poderia deixar de me apresentar ao leitor que me deu passagem. Sou Gilson Reis, nascido em 1970, em Camaragibe – Recife – PE. Vivo em São Paulo desde 1998. Antes de chegar na terra que desperta saudade da garoa, vivi, em 1995, experiências intensas na Guatemala com as comunidades situadas em aldeias indígenas, depois, em 1996, vivi intensas experiencias com os indígenas brasileiros da região norte, mais precisamente, em Belém do Pará onde fui recebido com o calor característico da gente Paraense. Dois anos depois migrei para Sampa, terra que me deu a vida profissional! inspirações poéticas! amigos!... encontros, despedidas... é  onde vivo mais intensamente a saudade dos que, nas travessias, acenei um até logo...

Em Recife vivi desde a fecundação do sêmen que me gerou até as bodas de bronze...foram 25 anos intensos, por eles sobrepassaram lágrimas engravidadas de emoções sempre desorganizadas! Regadas à uma desarmonia baquiana! Sim! Por que era a vida pulsante! Flor de pétalas multicoloridas, cheiros diversificados, paladares inusitados, ritmos em movimentos alterados... sim, era a vida pulsante!

Como vamos continuar dialogando através deste Blog, quero sugerir que nossas pulsações se encontrem!  Vamos combinar?. Eu deslizo palavras férteis sob a tela e o caro amante da poesia lança seu olhar e suas palavras na gestação do que construí...

Bem... ao entrar no recinto de seu dia-a-dia, quero fazer parte de suas sensações. Que os versos e as prosas poéticas sejam respirações aliviadas no movimento intenso de nosso cotidiano!

Logo perceberiam, mas vou confessar de imediato que cada pôster acompanhará um cheiro diferente...assim...

Cheiro de janelas abertas para o deleite do poeta!

LAUDECIR DA SILVA

Acordamos que nesta primeira postagem do blog Coletivo Cultural Pegando o Gancho, cada autor falaria um pouco de si, uma espécie de apresentação. Pois bem, vou dizer, de maneira simples.

            Chamo sua atenção, caro leitor, para a música Disparada, de Geraldo Vandré e Theo de Barros, que de alguma forma diz um pouco sobre minhas andanças, travessias e travessuras por esse mundo. “Prepare seu coração/prás coisas que eu vou contar/eu venho lá do sertão/eu venho lá do sertão/e posso não lhe agradar/aprendi a dizer não/ver a morte sem chorar...”. Entendeu, leitor? Eu não sou do sertão. Mas bem poderia ter nascido por aquelas bandas. Aliás, as pessoas, normalmente acham que sou nordestino. Então, de alguma forma, sou do nordeste. Não no sentido geográfico.

            Meu nome é Laudecir da Silva, mas poderia ser Raimundo, Severino, Chico... Eu sou um pouco de todos eles. Nasci no Sul do Brasil, no Estado do Paraná, na cidade de Ivaiporã, no dia 23 de junho de 1973.  Faça as contas. Já passou muita água embaixo dessa ponte.

            Minha família e eu moramos por lá até 1989, quando eu contava com 15 anos de idade. Lembro bem da pobreza em que vivíamos. Sim, lembro! Isso a gente não esquece. Impregna no corpo. Espécies de cicatrizes. Todos trabalhávamos no campo, ou melhor, na roça. Campo suaviza demais o que estou a lhe dizer. Afinal, estou me apresentando. Falando das minhas experiências da vida. Era na roça mesmo. Com o peso, a crueza e a frieza do que isso significa. Você já ouviu a expressão bóia-fria?É isso!

            Chegamos ao Estado de São Paulo. Interior. Rincão. Região em que predomina o cultivo de cana-de-açúcar e laranja. Fomos morar em uma área de fazenda e trabalhar no cultivo de canaviais. Experiência dolorosa. É sentir o corpo e a alma sendo sugadas. Não estou fazendo metáforas, leitor.

            Em meio a essas experiências pesadas, havia a escola e a igreja onde podíamos, às vezes, sonhar, esperançar. É..., às vezes. A escola e a igreja também tinham seu peso. Não foi fácil conciliar a vida árdua de trabalho x estudos x catolicismo.

De 1994 a 2001 morei com os Religiosos da Congregação dos Missionários do Verbo Divino”. Estudei Filosofia, na Universidade São Francisco, no Bairro do Pari/SP, onde aprendi a parir novas idéias. Tive professores exemplares, dos quais guardo profundo apreço; cursei Ciências da Religião, com os Claretianos, no Bairro Santa Cecília/SP. A experiência com os missionários foi especial em minha vida. Guardo boas recordações.

Desde 2001 até o momento tenho trabalhado com Educação de Crianças e Adolescentes em Situação de Risco Social, em conflito com as Leis e, concomitantemente, lecionei Filosofia em Escola Pública Estadual. Atualmente, apenas leciono. Com o intuito de abraçar o Magistério, melhor preparado, fiz um curso de pós-graduação/Lato Sensu, em Magistério do Ensino Superior, na PUC/SP, em 2009 e 2010.

Leitor, aí está um pouquinho do que fiz e do que o sou... por hoje chega não é? Falaremos-nos através do blog e em nossos encontros poéticos, férteis.

FRANCISCO DA SILVA

Nomearam-me Francisco.

Poderia ter sido Neto, não fosse o Silva de meu pai

sobrepor-se ao Medeiros de minha mãe.

Meu avô materno era outro Francisco nordestino,

talvez assim nomeado na inspiração do imenso rio que, contraditoriamente, corta caatingas e

dá uma sensação de mar ao clima desértico daquele sítio.

Fiz-me, desse jeito, Francisco José e, ainda, Silva

para me confirmar brasileiro e filho de gente de poucas posses. Sou a continuidade dos Franciscos retirantes;

dos Chicos sem herança; dos Chiquinhos pés descalços;

dos homens livres que vieram de terras francesas,

segundo os latinos.

Sou, de fato, o Chiquinho,

 filho caçula de dona Antonia e de seu Antonio;

o Chiquito de outras vozes;

o Fran dos que temem que me sinta mais macaco que na origem;

o Kiko de carinho certo;

o Chi do mínino esforço.

Algumas interpretações me dizem pessoa “de caráter firme e audaz, mas que encontra problemas no relacionamento social porque quer que sua opinião sempre prevaleça”, uma vez mais reafirmando minha teimosia e minha mania de perfeição,

embora conscientemente imperfeito.

Sou Francisco. Sou o que sou.

São Paulo – Dezembro de 2008

M. Malquebedeche

Nasci no dia da mulher peixe, e peixinho me tornei

Ela, esguia, minha mãe não se tornou, no trato...

Mas outra de fato me engoliu como a  Jonas,

E  me amamentou como baleia filhote, vomitando-me

Às margens do mar de  Tamandaré e das águas turvas do panelas,

Aonde virei anfíbio...

Conheci as terras pernambucanas, dela comi e nela pisei

E me enterrei de vez em quando, procurando criar raízes...

Senti seu sol, enxerguei seu céu e confirmei o azul,

De sua flâmula.

Aí já era planta crescendo, criada e cana-brava, caiana e bruta...

Mas não tinha flor bela...

Aprendi  a copiá-las nos panos que enxugavam os pratos,

E não as lágrimas dos prantos, geladas e fartas daquele povo, que era gente sofrida,

Que queria ser agora.. bicho que voa.

Coisa que eu ainda não podia

Por ter flor desenhada no papel e raiz estrangeira, mas raiz.

Suguei a seiva terrena, absorvi a luz e cresci.

Agora tinha tronco, galhos, folhas e frutos doces e amargos...

Mas ninguém os comeu, pois já estava alto demais,

Pra que me alcançassem nos meus desejos de voar, agora.

De tanto sonhar, eles, os sonhos, me arrancaram daquelas terras,

E levado  pelo vento, e, não pelas asas que eu ainda não tinha,

Tombei pesadamente.

 Nessas terras comuns aos nossos pés, de mim e de vocês.

As asas tão sonhadas de ave ainda não consegui...

Mas tenho as escamas de peixes e sou liso como tal.

Tenho as madeiras de quando planta, tornadas pincéis e penso conseguir iludir poucamente, aos sonhadores e amantes da beleza.

Sei o segredo do barro, das cores nas tintas terrenas e fabris,

Manejo bruxamente as ferramentas ferrosas e prateadas,

Nos veios dos muitos tipos de paus brasis.

São essas as penas do meu veículo voador...

E garanto! Por tantas terras e gentes,

Pelos tantos palcos, telas cines e gráficas,

Por muitos ortis, frutis e desfrutes,

De tanto calor  de amor de todos por mim

Tenho um coração aerado.

Suficientemente leve e capaz de planar e ver de cima pra baixo,

O sonho de ser, querer e ter quase tudo na e da  vida...

Ela, que cabe direitinho entre o mar e o céu,

De ser eu, Marcelo. 

MARLI PEREIRA

Meu nome:

Marli Pereira, humilde escrava da poesia
Formada na ESPM, que era berço da burguesia,
A justiça social é minha luta no dia a dia.
Minha mãe, uma rainha,

Regina é o nome dela
O meu pai era José,

Sujeito bom e honrado, trabalhou a vida toda
sem concorrer ao Senado.
Fui estudante aplicada, auxiliar de escritório, bancária tempo integral,
minha vida curso a curso, mudou quando ingressei 
na Prefeitura

por concurso.
Ali me aposentei e comecei a viver
Cansada de tanto emprego, fui procurar o que fazer,
Mergulhei em um trabalho que me trouxesse prazer.
Teatro, dramaturgia, não sei por onde começar,
Fui fazer dramaturgia com o competente Bivar, 
Logo após por experiência, com pessoa de alta estima,
Fui fazer da direção assistência, na escola Macunaima.
Integro o Pegando o Gancho, o seu nome de nativo,
Que com tanta gente boa, já virou um coletivo,
Posso citar cem pessoas, que tornaram meu coração cativo.
Sou sangue bom, positivo, não tenho alergia a nada,
Já pari uns quatro filhos, nada tendo a reclamar,
Amamentei todos eles, e para o meu bom deleite,
Sempre tem um a mamar, o meu restinho de leite.
Tenho e-mail, telefone, e também um celular,
Ombro 24 horas, prum  bom amigo amparar,
Amo morar em São Paulo, que me inspira poemas,
Que transcreverei muito em breve, inaugurando o meu dia
de escrever neste blog, uma série de poesias.
E assim me apresentei,
espero não cair no ridículo,
Mas não pude resistir
Ao meu poema currículo.

Soltemos nossas asas! Sejam elas quais for, as que garantem a todos nós sermos todos vivos... E demais, para nos constrangermos nas selvas densas das palavras que não são sentidas... Sintamos a área fresca...

Carreguemo-nos de ofertas, Janaína espera... Tudo é uma coisa só...

Distintíssimos! Partamos! Cada um com a sua dita, nessa aventura que se inicia, os primeiros puxam e dá para vencer a praia. Buscamos o mar, ele é bravil. Precisamos agora, da labuta de todos, compoesiamente. Vem conosco, muitos oceanos nos aguardam...

Perfil de Marcelo

Olá?! Sou Marcelo, 38 anos, casado, pedagogo. Nasci paulistano/paulista, meus pais estavam por aqui, procurando atestar a condição de brasileiros, minimamente. Em 1982, conheci outras terras, agora estava pernambucando. Lá tive a educação instrutiva básica e dos meus tios a educação familiar e social. Dos católicos e dos protestantes aprendi sobre acreditar por se ter fé, depois, pela ciências, acreditar nas hipóteses, nas provas, nos métodos e nos fins. Cresci entre gente artista musical: saxofone,clarinete e tuba. No meio de gente artista plástica: bordados, rendas, pinturas, capelagem, escultura, desenho. Ente gente artista teatral e expressiva corporal: peças, contos nordestinos orais e gestuais, danças, ritmos e toques. Me satisfiz e queria mais, reconhecer meu pai, mãe e irmãos para além do traço de sangue, consegui.

Retornei e agora paulistaneio, muito, estou do lado, na frente, atrás, dentro e fora, de gente homem/mulher que é avechada... Em viver uma grande história, amo muito tudo isso, continuo inchirido. Como e gosto de tudo que é comida, a gastronômica, a espiritual, a visual, a auditiva, a tactual, a olfativa, a auditiva em tudo que é sentido. O de direção: Pra onde vai isso ? O de (ir)racionalidade: Isso faz sentido?E o de significado: Eu me senti...

Hoje pinto, esculpo, modelo, copio, crio, xilografo, gravo, ouço, aprendo, ensino, troco, dou, recebo, origameio, reciclo, uso de novo, gasto, economizo. Conjugo uma infinidade de verbos, procurando no gerundismo estar aprendendo. Como um caminho que só terminará quando eu estiver sozinho, de volta no ventre da terra fria e funda, mas até lá...Evoé todos os artistas de todas as artes...

Luiza Odete

Estou chegando por volta dos anos 50, nossa faz tempo!

É isso mesmo anos 50, chegando a Pindamonhangaba numa família de mineiro com paulista, Seu Sebastião (minha lembrança saudosa) e dona Maria, casal exótico, ele negro, ela branca, mas isso só era problema pro meu avô, descendente de italiano, que mesmo assim deixou minha mãe se casar.

Deste casal nasceram 11 filhos e filhas (para que as feministas não briguem comigo). Eu sou a terceira entre eles, linda mulata!

Tantos anos depois estou eu aqui já na idade adulta, mais pra velhice como não cansa de me lembrar à psicóloga, coisa chata. Nossa deixemos de tantos, poréns.

Começando de novo. Sou Luiza, nascida em Pinda, fiquei lá até meus 19 anos quando fui para campinas fazer o noviciado na congregação das mensageiras do Amor Divino. Depois de fazer um compromisso de obediência, castidade e pobreza (loucuras da vida, ninguém é normal) não posso deixar de dizer que foram esses anos de consagrada que fizeram a diferença na minha vida.

Porque lá tinha tempo pra tudo principalmente para aprender a ser gente de verdade. Obrigada Irmãs Mensageiras, vocês me ensinaram isso e não tenho modéstia em reconhecer que aprendi.

Em São Paulo morei por três anos, indo depois para Jacarezinho no Paraná, lugar gostoso de morar, até hoje tenho contatos com pessoas de lá de tanto que valeu.

De volta a São Paulo em 1985, comecei a viver como os comuns dos mortais. Não tinha mais a proteção e segurança da Congregação. Comecei a trabalhar registrada. Meu primeiro registro em carteira aos 26 anos de idade, como isso faz diferença, pois até agora não consegui me aposentar! (reclamações a parte) pagar aluguel, gostei dessa nova etapa mais um aprendizado.

Em 1987 olha quem chega Filipe, garotinho que tomou conta de mim de certo jeito, que até hoje não fiz outra coisa a não ser viver para ele e para seu irmão César que chegou oito anos depois dele. Os pais deles? É um detalhe, mas somaram comigo momentos inesquecíveis.

Para acalentar a vida e não deixá-la monótona com os afazeres de profissional, sou educadora e dona de casa, conheci um grupo o qual faço parte e comecei a poetizar a vida.

Não me esqueço do dia em que fui convidada a participar do grupo de poesia que estava nascendo nesta cidade tão corrida, tão cheia de contratempos. Na Rua João Teodoro aconteceu minha primeira participação no sarau pegando o gancho. Outro momento de minha vida que grudou em mim como também grudei nele porque me refrigera me acalenta, me faz feliz.

Os componentes deste grupo são “pessoas da melhor qualidade” faço minha as palavras da Odê e eu faço parte dele.