Que delicado é cuidar...
Que pedaço de pão melhor alimenta aquela fragilidade?
Que olhar mais sereno aconchega aquela carência?
Que toque melhor acenderia aquela pele?
O amante da poesia pintou o portal da tarde com versos de
uma tristeza engravidada de esperança...
“digam-lhe que estou tristíssimo. Contem-lhe que há
milhões de corpos a enterrar... contem-lhe que há uma Criança chorando em
alguma parte do mundo... contem-lhe que a vergonha, a desonra e o suicídio
rondam os lares e que é preciso reconquistar a vida...”
É preciso reconquistar a vida!
Reintegrar a vida!
Desafio? Sim!
Mas educador é aquele que gosta “dos que tem fome”!
“Dos que morrem de vontade”!
“Dos que se cercam de desejo”!
“Dos que ardem”!
Desafios? Sim!
Pois educador é vento que sopra por entre a paisagem seca,
esvoaçando folhas verdes e instrumentalizando folhas em estado de abandono. É
preciso sacudir a terra onde o asfalto esconde fertilidade.
O ser humano não é uma ilha...
O ser humano não é uma ilha?
O ser humano ilha-se!
Os ventos e as águas estão em comunhão coexistente, por
isso somos ilhas em sintonia. O que é preciso ser com o próximo, que o seja!
Pois é na alteridade que as veias de todas as ilhas pulsam!
É chegada hora de lançar sementes e cuidá-las nesta terra
nem sempre adubada. Não vamos esperar pela colheita. O lampião está aceso desde
seu princípio-semente, pois quem espera nunca alcança. E se a chuva não cair
pra molhar o vasto campo onde todos lançaram sementes... Haveremos de encharcar
a terra com o suor de nosso corpo... mas
tem que ser como Dom Luciano, Zilda Arns, Mandela, Irmã Dulce, Dom Helder,
Margarida Alves, Chico Mendes...
Apenas os que têm fome!
Os que morrem de vontade!
Os que se cercam de desejo!
Os que ardem!