sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

De repente 60 e escreve

Amigos e amigas, enganchados e enganchadas, pego o gancho de Gilson e Rafael para tocar no assunto idade real versus idade ideal e transcrever parte de texto escrito por uma mulher que chega aos sessenta anos e faço minha a perplexidade dela, pois esta é a minha vida:

DE REPENTE 60 (ou 2x30)

Ao completar sessenta anos, lembrei do filme “De repente 30”, em que a adolescente, em seu aniversário, ansiosa por chegar logo à idade adulta, formula um desejo e se vê repentinamente com trinta anos, sem saber o que aconteceu nesse intervalo.

Meu sentimento é semelhante ao dela: perplexidade.

Pergunto a mim mesma: onde foram parar todos esses anos?

Ainda sou aquela mãe aflita com a primeira febre do filho que hoje tem mais de trinta anos.

Acho que é por isso que engordei, para caber tanta gente, é preciso espaço!

Passei batido pela tal crise dos trinta, pois estava ocupada demais lutando pela sobrevivência.

Os cinquenta me encontraram construindo uma nova vida, numa nova cidade, num novo posto de trabalho.

Agora, aos sessenta, me pergunto onde está a velhinha que eu esperava ser nesta idade e onde se escondeu a jovem que me olhava do espelho todas as manhãs.

Tive o privilégio de viver uma época de profundas e rápidas transformações em todas as áreas: de Elvis Presley e Sinatra a Michael Jackson, de Beatles e Rolling Stones a Madonna, de Chico e Caetano a Cazuza e Ana Carolina; dos anos de chumbo da ditadura militar às passeatas pelas diretas e empeachment do presidente a um novo país misto de decepções e esperanças; da invenção da pílula e liberação sexual ao bebê de proveta e o pesadelo da AIDS.

Testemunhei a conquista dos cinco títulos mundiais do futebol brasileiro (e alguns vexames históricos).

Nasci no ano em que a televisão chegou ao Brasil, mas minha família só conseguiu comprar um aparelho usado dez anos depois e, por meio de suas transmissões, vi a chegada do homem à lua, a queda do muro de Berlim e algumas guerras modernas.

Passei por três reformas ortográficas e tive de aprender a nova linguagem do computador e da internet.

A capacidade de fazer várias coisas ao mesmo tempo diminuiu, lembro de coisas que aconteceram há mais de cinquenta anos e esqueço as panelas no fogo.

Aliás, a memória (ou sua falta) merece um capítulo à parte: constantemente procuro determinada palavra ou quero lembrar o nome de alguém e começa a brincadeira de esconde-esconde. Tento fórmulas mnemônicas, recito o alfabeto mentalmente e nada! De repente, quando a conversa já mudou de rumo ou o interlocutor já se foi, eis que surge o nome ou palavra, como que zombando de mim...

Mas, do que é que eu estava falando mesmo?

Ah, sim, dos meus sessenta.


Claro que existem vantagens: pagar meia-entrada (idosos, crianças e estudantes têm essa prerrogativa, talvez porque não são considerados pessoas inteiras), atendimento prioritário em filas exclusivas, sentar sem culpa nos bancos reservados do metrô e a TPM passou a significar “Tranquilidade Pós-Menopausa”.

Certamente o saldo é positivo, com muitas dúvidas e apenas uma certeza: tenho mais passado que futuro e vivo o presente intensamente, em minha nova condição de mulher muito sex...agenária!



quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

FASES, IDADES, MATURIDADE ETC E TAL

Rafael Biazão é um jovem amigo da ONG onde trabalho. Admiro muito a personalidade, sensibilidade e inteligência que lhe é peculiar. É o meu convidado especial de hoje, no Blog do Pegando o Gancho. Apreciem e comentem. Abaixo segue alguns links do Rafael.


Você já quis ter uma idade que não fosse a sua? Sabe quando você tinha 8 anos e queria estar na 8º série, por que os alunos pareciam jovens independentes? Ou quando você tinha 14, mas desejava completar a maior idade, por que aí você poderia fazer o que quisesse? Então… eu nunca tive isso.

Esses dias participei de uma discussão com um grupo de amigos sobre algo que sempre achei estranho: O fato das pessoas desejarem ter uma outra idade. Quando muito novos, estes querem ser mais velhos, por acreditarem que a idade traz consigo sabedoria, respeito, independência. Quando velhos, morrem de saudades de épocas com menos responsabilidades, mais vitalidade e energia.
Tem um texto do Charles Chaplin que fala sobre isso. Acho meio clichê, de tanto que já vi as pessoas utilizando, mas não consigo deixar de achá-lo sensacional:

“A coisa mais injusta sobre a vida é a maneira como ela termina. Eu acho que o verdadeiro ciclo da vida está todo de trás pra frente. Nós deverí­amos morrer primeiro, nos livrar logo disso. Daí­ viver num asilo, até ser chutado pra fora de lá por estar muito novo. Ganhar um relógio de ouro e ir trabalhar. Então você trabalha 40 anos até ficar novo o bastante pra poder aproveitar sua aposentadoria. Aí­ você curte tudo, bebe bastante álcool, faz festas e se prepara para a faculdade.

Você vai para colégio, tem várias namoradas, vira criança, não tem nenhuma responsabilidade, se torna um bebezinho de colo, volta pro útero da mãe, passa seus últimos nove meses de vida flutuando. E termina tudo com um ótimo orgasmo! Não seria perfeito?”

Adorei minha infância sem desejar ser adolescente. Aproveitei minha adolescência sem fingir ser um jovem. Hoje sou jovem e tento viver como tal. Mas obviamente que imagino coisas maravilhosas a serem vividas com 30, 40, 50… 80 anos. Mas até
lá, pretendo ir curtindo cada momento.


Você já reparou que as crianças não são mais crianças? É verdade! O que você sente ao ver meninas de 10 anos usando sainhas curtas, calçados com salto, fazendo escova progressiva, com as unhas todas pintadas, lápis no olho, blush, baton, anel, pulseira, colar, perfumes caros, bolsas de luxo, celular iphone, etc, etc, etc? Eu acho horrível! Para a estudante de psicologia Viviane Santos não existe mais um padrão de comportamento em relação a idade: “Essa questão é complexa, varia inclusive de acordo com a regionalidade. Hoje os jovens são mais expostos ao mundo, começam a ir para a balada mais cedo, os papéis da família não são tão definidos e isso implica no comportamento. A indústria do consumo faz com que a criança percebe sua sexualidade precocemente e passa a ter comportamentos que não condizem com a infância”.

Algo que vai muito além da questão da idade é a maturidade. Na adolescência há uma diferença interessante entre as meninas e os meninos. Normalmente as mulheres amadurecem primeiro. Quando chegamos a juventude somos cobrados no trabalho, estudos, namoros, etc. Diversos momentos exigem certa maturidade, mas nem sempre os jovens estão “prontos”. Você vê pessoas de 18 anos sendo tratadas como se tivessem 14, e muitas vezes agindo como tal, ou sendo cobrada como se tivessem 30.

Mas até onde é saudável agirmos de forma não condizente com nossa idade? Ou será que não existe isso de idade? Cada um é cada um e a idade é um mero detalhe?

Por mais difícil que seja um momento da vida, existem outras milhares de coisas positivas lhe cercando. A vida é como um dia, tem começo, meio e fim. E você precisa aproveitar da melhor forma sua manhã, sua tarde e sua noite.

Dê você também sua opinião sobre idades desejadas, comportamento, maturidade, etc e tal.
Escrito ao som de Epitáfio – Titãs

Rafael Biazão

Valeu Y!

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

O AMIGO É COMO UMA CASA DE DIAMANTE

O espírito natalino nos envolve com tanta intensidade que parece que todas as coisas são belas, todas as pessoas estão e são mais lindas. É um tempo em que buscamos estar mais com aqueles que gostamos. Agendamos confraternizações das mais variadas; com os amigos, com os colegas de trabalho, com aqueles amigos que não víamos a tanto tempo, enfim estamos sempre procurando estar, estar com os outros.
Sexta feira última estive com os amigos de uma unidade que trabalhei em 2008, 2009 e 2010, uma equipe de trabalho que deixou saudades e todo o tempo ficamos dando um jeito de nos ver, nos encontrar, trocarmos novidades. É muito prazeroso.
Podia classificar este tempo de natal como o tempo da prática da amizade, em que nos precisamos mais uns dos outros para declarar o quanto nos sentimos amigos.

"O amigo é como uma casa de diamante: por dentro brilha uma luz resplandescente de grande beleza. Mas não se penetra aí sem quebrar a parede exterior: tarefa difícil também para quem a quebra, porque nisto ele também fere-se a si mesmo. Mas uma vez destruída a primeira parede, a luz interior de um vermelho vivo brilha com nova intensidade.
Ele destruirá, pois, progressivamente, várias paredes, ferindo-se de modo sempre mais profundo. Entretanto, não age como alguém que por imprudência quebra um belo vaso e depois se afasta sem maiores preocupações.
Suas feridas tornam-se cada vez mais profundas, até o momento em que se encontra diante da última parede: já percebe, através dela, a própria luz, parecendo-lhe que, se a quebrar, a própria luz se apagará.
Entretanto, precisa também destruir essa última parede: só a esse preço é que achará a intimidade mais profunda do amigo, a Trindade divina.
Meu amigo é como a amável aurora do eterno amor de Deus.
Nisso consistirá toda a felicidade do céu." (BROECKHOVEN, 1959, Diário da Amizade)

Este livro fazia parte de minha coleção de meditações, quando estava noviça, acho que foi ai que comecei a dar valor às verdadeiras amizades. Uma das razões do meu existir.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

MANJEDOURA

Avenida Paulista, Ibirapuera e muitos outros locais da cidade de São Paulo estão repletos de luzes e presentes. Tudo faz lembrar que é Natal. Papai Noel está em toda parte!
É pensando um pouco nisso tudo que começo a escrever esse texto, fazendo memória dos natais que vivi, especialmente na infância. Tudo era muito diferente. Papai Noel não levou presente. Tinha pouca luz.
O legal daqueles momentos era que nos reuníamos para rezar a novena de Natal, o que chamávamos de Natal em Família. Todos os momentos que antecediam a chegada do Messias eram relembrados intensivamente pelas famílias participantes. Era levada uma Manjedoura vazia, que simbolizava, exatamente, o que estava por acontecer: O Nascimento do Menino Jesus. E as pessoas iam se engravidando - de emoção, de sentido, de esperança, de vida nova... Recordo de maneira especial de três Hinos que cantávamos intensamente e nos ajudavam a viver esse momento. O primeiro dizia:
“... Natal é vida que nasce!/ Natal é Cristo que vem! Nós somos o seu presépio,/ e a nossa casa é Belém!...” o segundo: “...da cepa brotou a rama, da rama brotou a flor, da flor nasceu Maria e de Maria o Salvador...” e o último: “...Natal é tempo de rever, da gente amar e renascer, Natal é tempo de pensar em Deus que só nos quer Salvar...”
Após nove dias de oração, da manjedoura vazia passando de casa em casa, dava-se o encerramento com uma Celebração toda especial, em que O Menino Jesus era colocado na Manjedoura. Às vezes, O Menino Jesus era representado por um recém nascido da própria comunidade. A alegria estava completa. As famílias traziam um pratinho de bolo, de salgado, etc., para ser partilhado. E a comunhão acontecia.
É..., pensando bem... Papai Noel levou alguns presentes e havia muita luz !!!!!!!

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

ADVENTO: Dia da Alegria no Senhor



Estamos chegando cada vez mais próximos da chegada do Cristo. Ele nascerá para salvar o seu povo. Com a chegada do natal, os corações se alegrarão por isso esse domingo é chamado de Alegria do Senhor. Neste último domingo, a liturgia nos leva à mística do nascimento, para tanto o texto escolhido para nossa reflexão será o de João 1,6-8.19-28. A sugestão é que se faça essa leitura que será contextualizada em paralelo ao texto do profeta Isaias do capítulo 61 onde ele diz que “o Espirito do Senhor está sobre mim” de um texto escrito num período de pós-exílio quando o profeta exercia seu ministério em Jerusalém, após o povo ter regressado da Babilônia, num momento de dificuldade e incerteza para o povo. O evangelho segundo João, trata-se provavelmente, de um primitivo hino cristão conhecido da comunidade joânica. Aqui é anunciada a fé expressa em Cristo e João Batista é o encarregado de anunciar “oficialmente” a vinda de Cristo e para tanto, ele dá o seu testemunho sobre Jesus diante dos enviados da comunidade judaica. A parte central dessa perícope é o primeiro testemunho que João dá sobre o Cristo.














Diante de um cenário politico, religioso repleto de rituais legalistas e pela dominação romana, com impostos absurdos que assolava a população de Jerusalém é que o povo necessitava de esperança para continuar a batalha em seu processo histórico. O povo israelita se punha a aproveitar qualquer promessa de liberdade, essa situação os tornava pressa fácil das ideologias religiosas que apresentavam qualquer promessa de libertação. (não parece um pouco com os nossos dias?).
Diante de tal situação, Deus, o personagem principal, apresenta João Batista como profeta, para abrir os caminhos a seu Filho. Deus confia-lhe uma missão e através dele intervém no mundo. João não é a luz, nem foi enviado para eliminar os problemas do mundo. A pergunta que fazem a João nessa perícope: “quem és tu?”, João rejeita a hipótese de ser o profeta e tampouco o messias, que significava nessa época o “segundo Moisés”, mas João abdica de qualquer título que coloca sua pessoa em destaque, mas João é a voz que grita no deserto. João é aquele que vem para batizar na água e anuncia que virá outro que batizará no Espírito, esse “alguém” que tornará livre e instalará a justiça entre os homens. João é o responsável em dar testemunho da luz.
Assim como João, temos tomado consciência em dar testemunho da luz?

Reinildo de Souza.

domingo, 11 de dezembro de 2011

CICLO



Quantos...

Tantos...

Quantos?


Dezembros juntados, nascidos ou mortos,

Novembros vencidos, vividos, apostos,

Outubros fadados, medrados e dúbios,

Setembros lembrados, pálidos ou esquecidos,

Agostos gostosos, desgostos, sem gosto,

Julhos juntados ao meio ou aos pedaços

Junhos sonhados, pulsados e seus longínquos instantes,

Maios maiores que tudo ou menores que um ínfimo,

Abris escancarados ou ensimesmados em vãs tolices,

Marços marcados por flores, sabores, pudores, ardores, temores,

Fevereiros fantasiados em fuga, em delícia e em folias... Fúteis nostalgias,

Janeiros que findam... Que principiam... Ou que adormecem...


Tantos...

Quantos...

Quantos?


09/12/2011 – 22:34
Chiquinho Silva

Obs.: Esta poesia, pensada sem fim ou início, buscando um ciclo contínuo, pode ser lida e interpretada de seu inicío ao fim ou, se preferir, de seu fim ao início.

Nota: Imagem - O calendário dos Maias prevê o fim do mundo em 2012. A civilização que habitou o sul do México entre 2000 a.C. e o século 17 dominava astronomia e criou um calendário de 365 dias. Está tudo gravado em uma pedra circular que marca os dias até 21 de dezembro de 2012. Aí não tem saída: o mundo acaba junto com o calendário desse povo que foi dizimado pelos espanhóis.