segunda-feira, 16 de julho de 2012


A Irmandade do Rosário e sua Relação com a Cidade de São Paulo

A Irmandade do Rosário dos Homens Pretos era formada por negros forros e livres que viviam ao lado da igreja de N. Sra. do Rosário, que se localizava no Largo do Rosário. Os irmãos viviam do comércio informal de frutas, legumes, bem como da produção de batata doce, mandioca e pinhão, que eles mesmos plantavam, além da prestação de pequenos serviços domésticos. No mesmo local em que moravam, havia um cemitério onde enterravam seus mortos com rituais da cultura herdada de seus ancestrais. A presença deste cemitério contíguo ao templo sempre foi motivo de cuidados da parte dos pretos, tanto escravos como libertos. A irmandade do Rosário é uma associação de caráter religioso, cujo objetivo é reunir as pessoas devotas de Nossa Senhora do Rosário, bem como está a serviço para ajudá-la em todas as suas necessidades, materiais e espirituais. Enquanto instituição tem característica organizacional própria. É dirigida por um juiz, uma juíza, um rei, uma rainha e outros membros de menor categoria. Estes dirigentes promovem os eventos religiosos e sociais, tais como as procissões, missas, e danças: Congadas, Batuques e Moçambiques. No dia da Santa, havia festejos em sua homenagem. Estes festejos que aconteciam no Pátio do Rosário ficaram famosos e foram conservados até o início do século XX. Ao final da festa, os africanos e seus descendentes acompanhavam o cortejo, tocando instrumentos, cantando e seguindo o Rei e a Rainha até a casa onde seriam servidos brindes aos convivas. Em seguida, ao som dos mesmos instrumentos, voltavam à igreja para participarem da procissão de Nossa Senhora do Rosário. Outra atividade da irmandade que impressionava, eram as cerimônias de sepultamento dos membros da irmandade. Quando enterravam seus mortos, os pretos costumavam socar a terra com um pilão sobre o morto, enquanto cantavam em coro. Este ritual durava a noite inteira.  Porém à medida que a cidade se expandia, estas cerimônias foram rareando até desaparecer. Segundo Leandro Arroyo, “os pretos mantinham o culto desse cerimonial mesmo nos cemitérios, como é o caso desse campo santo que havia ao lado da igreja de Nossa Senhora do Rosário”. É importante frisar que estas atividades aconteciam onde hoje está a Praça Antônio Prado, que se localiza próxima a Ruas 15 de Novembro e início da Av. São João.


Um comentário:

  1. São lindas essas Histórias... e ela não estão nos livros oficiais de História utilizados nas escolas.

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