O descaso com
relação à saúde da população negra já vem desde a Travessia do Atlântico quando
muitos africanos, acometidos por moléstias eram atirados ao mar. Ao longo da
história, os afro-brasileiros tornaram-se vítimas da negligência da saúde
pública tornando-se, assim, os que menos têm possibilidades de prolongar a sua
vida, nos diz Antônio Aparecido da Silva, mestre em Teologia pela Universidade
Alfonssiana de Roma, professor da Faculdade N. Senhora da Assunção, do
Instituto Teológico São Paulo; é membro de grupos e movimentos sociais no
Brasil e na América latina, tais como Centro Atabaque de Cultura Negra e
Teologia e Celam. Sobre a saúde do brasileiro, de acordo com o noticiário
diário constatamos que a saúde no Brasil há muito tempo está na UTI. É comum ouvimos
notícia de pessoas que morreram em frente aos hospitais sem atendimento; que ficam
horas ou até anos, aguardando por uma consulta médica ou que morrem em função
da demora. Isto é uma vergonha porque temos o melhor sistema público de saúde
do mundo; porém ele precisa funcionar. A saúde e a educação são bens
primordiais para a população. Diante
disto, a saúde passa a ser mais uma das muitas dívidas do Estado Brasileiro para
com a população pobre, que na sua maioria é negra, logo as que mais sofrem com
a falta de atendimento médico. Aparecido da Silva lembra que vivendo à margem
da sociedade, nas periferias menos ou sem assistência, nas favelas, nos
alagados onde não chega qualquer tipo de infraestrutura, a população negra foi
sempre vítima primeira das epidemias, até mesmo daquelas consideradas mais
simples de serem combatidas: sarampo, gripes, varíola, (dengue). Como hoje não
se busca mais as causas das mazelas que atinge a população negra e pobre, é comum
na sociedade consumista em que vivemos, onde impera a lei do mais forte condenar
esta população à própria sorte; ou seja, morreu na fila do hospital por cauda
da sua incompetência; é pobre porque quer, a oportunidade é igual para todos...
é mesmo? O fato é que no Brasil ainda falta uma política de saúde pública que
possa prevenir este tipo de situação. A saúde, ou seja, um sistema público de
saúde que atenda a todos indistintamente é direito de todos e dever da nação. O Brasil tem esta dívida com o povo negro e pobre.
Só seremos uma nação melhor quando todas as pessoas tiverem condições de vida
plena, com educação, moradia e saúde para todos.
Só a falta de vontade política justifica a precariedade da saúde no Brasil. Mas é uma forma de exclusão, pior que esta não exclui deixando-nos vivos para contestar, pois trata-se de uma forma de exclusão que desemboca na morte!
ResponderExcluirAh se os mortos escolhessem a quem atentar!!!
Hoje com a morte de Emílio Santiago, lembrei que ano passado quando fui levar meu pai pra fazer fisioterapia (vítima de AVC), observei que das 7 pessoas que estavam na sala 5 eram negras. Fiquei incomodado e externei essa percepção a enfermeira. Ela me deu uma aula rápida, dizia que essa doença afeta em maior proporção a população negra.... e que devia haver uma política pública específica focada na população negra em se tratando de AVC
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