terça-feira, 2 de abril de 2013

FOLCLORE


Dando continuando ao que escrevi na última terça-feira sobre o livro “Festa dá trabalho”, de Alvatir Carolino da Silva, vale ressaltar o olhar do autor para a Gênese dos Grupos Folclóricos de Manaus. “Muitas vezes se tem uma noção idealizada a respeito do surgimento dos grupos folclóricos como se eles brotassem repentinamente da terra, como uma simples decorrência do gênio popular em que aspectos organizacionais parecem não combinar muito bem com a ‘singeleza e espontaneidade’ exibidas. Outras vezes não se consegue imaginar que o povo, justamente por ser povo, possa apresentar algo que se assente em qualquer base de organização mais sofisticada.” (Prado, 2007, p.95). Logo após esta bela e crítica citação, Silva expõe sua interpretação dizendo que o texto “nos proporciona a possibilidade de compreender que, para além da ‘brincadeira’, um grupo folclórico é uma organização sofisticada. Por se tratar de uma sociabilidade em que as redes de relações atravessam a sociedade os mantêm ao longo do tempo, através de relações de parentesco, comunitárias e com o poder público, implicando no desenvolvimento de estratégias de sobrevivência.” (SILVA, 2012, p. 66s). Os grupos folclóricos de Manaus surgiram como uma espécie de rede, em que os vínculos se deram a partir de elementos fundamentais que constitui um grupo, ou seja, a relação de parentesco que se dá através do sangue, vizinhança, a afinidade com as ideias e o que se propõe a fazer enquanto membros da comunidade. Trata-se, portanto, de uma rede construída com fios resistentes, da concretização de um processo de pertencimento, legitimação e reconhecimento do Outro. Em tempos de individualismo exacerbado, os grupos folclóricos dão uma lição de companheirismo, trabalho em equipe, valorização do comunitário, etc., mostrando que a festa, dança, música, arte, alimentam e dão sentido à vida daqueles que participam direta e/ou indiretamente das comemorações dos Grupos Folclóricos de Manaus.     
Festival Folclórico do Amazonas difunde a cultura popular do Estado (Foto: Divulgação/SEC)

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