segunda-feira, 26 de agosto de 2013

O algoz do homem é ele mesmo

Lendo o livro Vovó leu Nietzsche, de Antônio Stélio, um desses livros que você começa a ler despretensiosamente, e quando vê ele se tornou livro de cabeceira. Stélio é um escritor do Acre, cujo livro chegou às minhas mãos, nas férias de janeiro, através de uma pessoa muito querida. Pois bem, lendo este livro na página 34 ele cita um pensamento de Nietzsche, sobre o qual farei minha reflexão desta semana.  O homem procura um princípio em nome do qual possa desprezar o homem. Inventa outro mundo para poder caluniar e sujar este; de fato só capta o nada e faz desse nada um deus, uma verdade, chamados a julgar e condenar esta existência, diz Nietzsche. Para Stélio este ensinamento, ilustra que não interessa o mundo em que vivamos, sempre vamos procurar botar defeito nele, criar deuses, inventar verdades, julgar e condenar pessoas. Somente enxergamos neste mundo aquilo que desejamos enxergar, aquilo que nos interessa. Estas duas citações é para refletirmos sobre, como em nosso cotidiano muitas vezes manifestamos esta postura desprezível, mesmo quando estamos convictos que estamos politicamente corretos em relação ao convívio com o diferente, sejam pessoas ou situações, e pensar, em que medidas posso ser melhor, se busco de modo crítico enxergar muito mais do que aquilo que me interessa e valorizo. Ainda à luz do pensamento de Nietzsche e da reflexão de Stélio chego à conclusão que, mesmo quando atingimos um nível altíssimo de desenvolvimento tecnológico, onde o ser humano, a natureza, o bem público está supervalorizado, isto se dá em detrimento das mazelas de outros, que a partir do olhar de quem dita o modismo do momento passa a ser o vilão da história, que pode ser destruído, assassinado, julgado e condenado, mesmo sem provas, deposto do poder, invadido, se for uma nação, e sua população dizimada, como estamos vendo nas ações políticas do Norte da África, nos conflitos no Oriente Médio, ou na Fundação Casa em São Paulo, onde jovens infratores, vítimas da sociedade que o incrimina, julga e condena por ser pobre e negro, estão sendo espancados no corpo e na alma por pessoas que os desprezam. È disse que falam Nietzsche e Stélio.

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