segunda-feira, 23 de novembro de 2015

LAMA

(Em memória das crianças mortas pelo homem através da lama...)




De tua lamas
Gritam vozes infantis
Mamãe! Mamãe! Tenho medo...
Gemem as dores enlameadas
Choros engolidos
E lágrimas endurecidas
De tuas lamas a navalha
Cortando a alma
Lama que me cobre a face
Arrasta de tuas infelizes infâncias
A  impureza dessas larvas frias
Arranca de teu ventre
As  dores dessa mãe que jaz, viva
Vomita de teu estômago hostil
Os dejetos mortos  que eu quero
Enterrar!!
Eu quero enterrar!
Eu quero enterrar!
Não deixeis jogados neste mar fedelho
As esperanças deleitosas dos agonizados
Nem expostos ao vento inerte
Os corpos ainda salivantes de desejos
Oh! Fé, transformada em fel
Fé simples, Simplesinha
Junta essas lágrimas enrijecidas
Ao sangue quarado de teus inocentes
E nos pôe no  colo...
E nos faz ninar...
E nos acalenta...
Nos acalenta...
Gilson Reis
                                                                         22.11.1

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