segunda-feira, 5 de março de 2012

O ócio produtivo

Foto: Casa de artesanato - Tiradentes MG

Caros leitores, como são boas as férias.
Depois de um largo final de semana de carnaval, descontando os excessos, aproveitei para relaxar na casa de minha mãe. Relaxar? Alguém consegue relaxar na casa de sua família? Bem, deixando
detalhes de lado, como não havia muito que fazer, além de cuidar da mamãe, do telhado, ir ao mercado, ouvir lamúrias, lidar com stress do irmão, do sobrinho folgado e outras coisas mais e lógico assistir muita televisão, deu para perceber muitas coisas no mundo televisivo que a vida cotidiana não me permite olhar.
Para variar o controle da TV estava quebrado, o calor de rachar e a preguiça tomando conta do meu corpo. Sentia-me mais preguiçoso que um baiano na rede com a de coco ao lado, era um paulista jogado no sofá da sala e olha, não queria nem ouvir chamar meu nome. POR FAVOR,
HEM. Agora entendo a ritmo dos que habitam terras “calientes”, não é preguiça, mas sim um largar-se apenas.
Então, quanto a televisão. Na verdade eu não havia dado conta de quantas besteiras são emitidas minuto a minuto repetidamente nessa pequena tela alienadora. Como o controle estava
quebrado, eu deixava só em uma emissora porque a preguiça não me consentia
levantar para trocar de canal mesmo que desejasse. As programações da noite já
eram anunciadas desde as primeiras horas do dia. Que tortura!!! O dia todo a
mesma vinheta, que falta de criatividade. Em uma emissora, aquela que passa um
programa de três letras sabe qual é? Como é mesmo o nome? Bem, eles passavam a
propaganda do imbecil programa perguntando a alguns expectadores quem deveria
ser eliminado.
Nossa como ouvi essa história, e o pior é que as pessoas seguem mesmo isso cegamente e eu não queria acreditar e pensava: Não, isso é montagem, lógico. Com raiva eu respondia ao pobre reporte: Eu eliminaria os dois, a voce, o apresentador e tudo mais que poderia eliminar e
vão todos pra... Nossa como eu queria fazer isso. Eliminar a todos apertando um botão ou apenas com um telefonema ou talvez enviasse um “torpedinho” daqueles da marinha para explodir
tudo. Ufa que alivio! Os telejornais, meu Deus! A mesma noticia a todo momento,
não acontece tantas coisas nesse pais ou nessa cidade? Entendo que as pessoas
veem tv em horários diferentes, mas estava demais a repetição.
Continuando os deliciosos dias com a família. Um amigo me disse que família só muda de endereço. Meu Deus eu pensei. Será que são todas realmente iguais? Caramba porque então vivemos em família? Que loucura. Depois de tantos anos vivendo fora de minha “casa mãe”,
percebi que já perdi o jeito de morar com esse pequeno núcleo simbioticamente
neurótico, ou será que as neuras são minhas e eles os “normais”? Lembrei-me de
um haicai que li em um dos livros de Rubem Alves:
Na velha casa
Que abandonei
As cerejeiras floresceram
O tempo que passei de férias deu para perceber que esse ócio foi bem produtivo. Deixando de lado o corpo domado pelo calor e a preguiça, muitas coisas foram produtivas, além da convivência louca em família que, embora sejam todas iguais, me parece que ainda vale a
pena, perceber esse mundo nos ajuda a refletir nossa postura diante das coisas da
vida. Logo deixarei esse convívio e voltarei ao cotidiano normal do trabalho.
Reinildo.






3 comentários:

  1. Sublime!
    Eu tambem estou com o controle REMOTO descontrolado. Será esta a solução para vermos cada vez menos a TV?

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  2. kkkkkkkkkkkkkkkk. Não pude aguentar, tive uma crise de riso quase meia noite... olha que não estou pra risos ultimamente, o cansaço não deixa kkkk... Eu sei bem do que você falou em relação à família... sei o que é "esse pequeno núcleo simbiótico". Você participou dele alguns dias, inclusive. kkkk não queira entender tudo que morrerá louco, eu te falei. Mas tem hora que não dá. Aí já chega decidindo kkkkk

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  3. Mas que delícia é a família com tudo isso. Olha nós correndo pra ela todo momento que podemos! O lance é este mesmo, correr quando preciso e quando temos saudades. Valeu o desabafo Rey.

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