Texto extraído do
livro "Mulher Perdigueira", de Fabrício Carpinejar.
Ela: - Você é um gay heterossexual.
Ela: - Você é um gay heterossexual.
Ele: - Eu?
Ela: - Sim. Um gay que gosta de
mulher e só de mulher. Essa é a diferença.
Ele: - Mas de onde você tá
tirando isso? Eu adoro futebol.
Ela: - Meu cabeleireiro também
adora.
Ele: - Eu gosto de lavar carro,
sofro com qualquer arranhãozinho ali no meu carro.
Ela: - Meu estilista também.
Ele: - Ah, meu Deus. Você não me
ama mais.
Ela: - Viu como é dramático?
Qualquer coisa é uma ópera gay!
Ele: - Não sou nada. Não uso
piteira pra tragar as palavras.
Ela: - Olha aí, humor refinado.
Seu humor é gay. Ninguém entenderia essas piadas.
Ele: - Não, para, você ta me
provocando à toa.
Ela: - Não, acho extremamente
viril um gay ser heterossexual.
Ele: - Tá bom! Me mostra que sou
gay!
Ela: - Lembra quando você fez um
strip na última semana?
Ele: - Lembro. E daí? Não
gostou?
Ela: - Vibrei! Sabemos, mas você
arrancou a camisa, a calça, jogava pro lustre, pela janela, mostrava um
desinteresse passional, furacão. E... no instante de retirar as meias, você
criou um novelo com as duas como se fosse guardar na gaveta!
Ele: - Não me diz que é gay!
Ela: - Sim, foi uma parada gay.
Ele: - Para de polinizar. Não
posso ser gentil, educado, afetuoso e já me rotula.
Ela: - Conversa de gay. Não
recordo de um marmanjo defendendo a sua ternura.
Ele: - Sou vaidoso no amor, e
daí?
Ela: - Pinta as unhas, corta o
cabelo uma vez por semana, seu guarda-roupa é duas vezes o meu! Adora loja,
disposto a debater duas horas se leva um charpe ou não.
Ele: - Não vejo a vida com
maniqueísmo, homo e hétero.
Ela: - Quanto tempo você suporta
uma mancha no tapete?
Ele: - Cinco minutos!
Ela: - É! É o tempo pra buscar
um desinfetante, né?
Ele: - Bom, tá tudo bem! Quer
uma prova de que sou inteiramente masculino?
Ela: - Inteiramente? Estranho...
um gay é que emprega muito esse tipo de advérbio.
Ele: - Não, não, deixe eu falar.
Ela: - Tá, tudo bem. Me diz qual
é a prova irrefutável.
Ele: - Eu tenho um poncho.
Ela: - Ué, e gay não usa poncho
?!
Ele: - Ah, eu vou mandá-la prum
analista de Pagé pra acabar com essa frescura.
Ela: - Tudo bem, é um homem.
Você é um homem. Um homem gay.
Ele: - Poderia arrumar seu
brinco? Tá caindo.
Ela: - Falei. Repara em tudo,
comenta qualquer pessoa que passa. O jeito que ela se veste, o jeito que ela
fala, tomado de uma maldade alegre.
Ele: - Ué, falando mal dos
outros que eu aprendi a me criticar.
Ela: - Nunca tem fim uma
discussão de um relacionamento. Emenda um problema no outro, não termina um
assunto...
Ele: - Acho que você está
acostumada com desprezo.
Ela: - Tá me ofendendo? Eu puxo
os seus cabelos.
Ele: - E se encontrar um nó,
desembaraça?
Ela: - Isso é um detalhe!
Observe agora a sua quebradinha de quadril pra afirmar que não é gay.
Ele: - Não, não, não. Isso não é
suficiente.
Ela: - Combina cueca com
camiseta. Homem não escolhe a cueca, pega a primeira que aparecer pela frente.
Ele: - Não me convenceu isso aí.
Isso aí é de suas histórias, não é capricho.
Ela: - Limpa a casa com
entusiasmo. Vocação Maternal.
Ele: - É uma vingança porque
canto ABBA na cozinha.
Ela: - Não me entenda mal. Acho
você um homem perfeito. Mas um super homem do Gil.
Ele: - Gilberto Gil? Pretende me
desmoronizar?
Ela: - É um elogio, porra!
Ele: - Parece um homem falando
agora.
Ela: - Ah, vá se danar!
Ele: - Descobri o que quer com
essa conversa. Já transou com um gay, acertei?
Ela: - Tudo bem, sua paranóia é
masculina
AI QUE CONFUSO... SERÁ QUE ENTENDI?
ResponderExcluirTÔ LENTO... ACHO QUE É ESTE TEMPO DE FÉRIAS.