quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

“KASSAB, VAI TOMAR NO CÚ!!”

Foto: Tiago Queiroz/AE

Muitas vezes para expressar a complexidade de algo, fala-se de uma relação de amor e ódio ao mesmo tempo. Com a cidade de São Paulo é assim com muitos de meus poucos amigos. O amor se expressa em cores culturais, acadêmicas, arquitetônicas... menos em vinculos de amizade, na previsibilidade dos amores...”na cidade de São Paulo o amor é imprevisível, como você”. Odeia-se por diferentes condições que a cidade nao oferece, tais como transporte, saude, educação e condições de dignidade à população mais vulnerável ao uso e morte em decorrância das drogas.

Este último aspecto é o meu ponto crucial neste postagem. Tal inspiração da-se pelas imagens vistas em dias recentes, veiculadas pelos meios de comunicação, mas especialmente, a televisão e a internet. Mas trago aos leitores uma imagem que vi nesta quarta feira, dia do aniversário de 458 anos da cidade de São Paulo. Estava na Praça Princesa Isabel tomando uma cervejinha com o Laudecir, Jonas e Naldo, quando avistamos um expressivo grupo de “zumbis” infectados pelo virus do crack, sendo conduzidos por diversos policiais com seus cacetetes em punho. Para onde são levados? Quase que em uníssono, perguntamos.

Ultimamente muito se tem falado nesta cidade sobre a forma em que o governo Kassab, mas tambem o governo estadual, está conduzindo a problemática das drogas e da condição sub-humana dos usuários e dependêntes quimicos. “Varredura” é uma palavra muito comum, “limpeza para os jogos da copa” é uma expressao usual. Quais estratégias ainda serão utilizadas para se instaurar máscaras, farsas, encouraçamentos que encobrirão a realidade que nao quer ser enfrentada de forma mais preventiva, respeitosa e humanizada. Qual dos políciais ali, repressivos, está entendendo a situação destes seres humanos com sensibilidade e vontade de solidariedade?
 
Um sentimento de fragilidade como que invade a nossa vida, esperamos atitude das instâncias de poder, até por que precisam administrar melhor o dinheiro arrecadado com os impostos que pagamos... mas a resolução ou minimização de tal realidade só depende do poder municipal, estadual e federal? Diante da força desta máquina poderosa, as ações de alguns grupos de defesa, prevenção, que os escutam, investem em redução de danos e outras ações, soam expressivas e condutoras de algum tipo de solução? Há uma dependência da sociedade civil frente aos orgãos públicos? A quem interessa nao resolver esta chaga que afeta as mais diferentes cidades do Brasil.

A fragilidade é assim... nos enche de perguntas tão difíceis de serem respondidas...

Minha querida São Paulo, onde vivo desde 1998...
Quero-te mais iluminada! Sem que as luzes impliquem na escuridão do que há de mais precioso em ti... os seres humanos.

Numa relação de amor e ódio talvez os que nutrem amor possam te dar parabéns! Os que nutrem ódio gritam, como no final do Show do Nei Matogrosso na Praça da República: “Kassab, vai tomar no Cú!!!!”

Cheiro de drogas...
Gilson Reis
26.01.2012

2 comentários:

  1. Pois é querido Gilson. Nunca na história da cracolândia se viu manitação como essa. De um lado os que apoiam pela angustia de viver em um local "infectado" pelo virus do crack, por outro lado os mais sencíveis, com olhar mais humano àqueles vulneráveis os quais o "progresso não adotou". O que fazer? Que medidas tomar? Como disse pe Julio "A medida foi necessária, porém deveriam ter pensado algo mais inteligênte". Devo confessar que fico dividido. Quando vejo aqueles jovens no estado em que estão (zumbis que infernizam a todos), corta-me o coração, quando vejo a policia conduzindo-os como gado no pasto (porque é o que fazem) fico pior ainda. A "limpeza social" proposta pelas esferas de governo não vai adiantar nada(para onde irão afinal?). Pelo visto, nós que habitamos nas proximidades, percebemos que essa ação se trata apenas para agradar olhos ingleses. Enquanto isso acontece, possibilidades de surgimento de "melissas", com cara de segurança particular vão surgindo. Que Deus nos ajude!!!

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  2. Querido Reinildo.
    Soube que estava assistindo ao show d Nei, mas como saiu mais cedo, nao presenciou a cena bizarra do desejo do publico em ver a desgraça do Kassab. Indignações devem nos levar a alguma atitude! No caso das drogas, parace haver um investimento na sua permanencia e afetação da população. Lutar contra isso é de uma batalha que nao estou preparado pra enfrentar. Por ora vou fazendo um trabalho pedagógico mais preventivo com crianas e adolescentes. Continua prevalecendo a expressao "cada um faz a sua parte", até que se encontre um todo mais digno.
    Cheiro

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