domingo, 26 de fevereiro de 2012

DEVIR...



















Há que se viver!

E viver é navegar pelas sendas mortais do tempo e do espaço.

É alardear a vida e sua inabalável fome de dias ensolarados

Ou suas nuances cinzentas,

Onde caminha lado a lado a ilusão, azulejada de sonhos etéreos,

E a crua realidade, encrustada no topo de sua aspereza.

Faz-se preciso o sopro de uma brisa, cuja suavidade revigora a alma,

Ou o turbilhão de suas tempestades,

Despejam raios crepusculares e ondas certeiras.

Necessário cobrir-se de mil tons

Ou esverdear-se para o deleite da mãe natureza,

Que, cruelmente, se arrisca, caça e mata e se sustenta em vida,

Onde não se exigem planos, contornos, adornos, preços ou postos,

Onde cada resquício de vida respira por si só e se deleita pulmões adentro,

Tendo como único centro o desejo de inocular novos e novos ares,

De remeter-se à linha de futuro que, embora duvidoso ou vacilante,

Enche-se de expectativas e voracidades.

O hoje morre junto ao amanhã e resplandece junto a outro amanhecer.

O tempo supõe mais que o extenuar-se ou murchar-se,

Mais que os sulcos que se cravam sobre a pele impiedosamente,

Firmando-se na mortalidade pura e simplesmente,

Nessa descomunal força de impelir-se rumo ao vazio, ao vácuo de viver,

E de descobrir-se cada vez mais em seu próprio devir...


25/02/2012 – 00:20
Chiquinho Silva

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