segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Existem Pretos na História da Construção da Sociedade Paulistana?


Existem pretos na história da construção da sociedade

e da cidade de São Paulo?

 Sim. Entre eles, os Irmãos da Irmandade do Rosário de Nossa Senhora dos Homens Pretos. Mas infelizmente, apesar de suas famosas festas religiosas, dos imóveis que possuíam e da participação na vida social da cidade, eles ficaram limitados, nesta história a prestadores de serviços e ainda hoje, invisibilizado na cidade. A marca deixada pela escravidão relegou este povo a eterna condição de discriminação e inferioridade na cidade. Mesmo o Irmão do rosário, “que era negro social” como disse D. Cacilda, lendária irmã do Rosário. O fato de ser negro aliado à especulação imobiliária que “norteou o crescimento da cidade”, segundo Frugoli, expulsou os irmãos do chamado centro velho. Entretanto, com toda esta limitação, eles permaneceram firmes nos propósitos de seus ancestrais, que era a luta pela dignidade de ser homem – mulher negro/a e de valor. Apesar de não ter o respaldo dos poderes públicos para isto para o reconhecimento de sua ação enquanto cidadão da cidade, a fé em Nossa Senhora do Rosário e a identidade que estas pessoas têm com a cidade, fez com que, eles continuassem a defender seu espaço. Porque para eles, a igreja não é apenas um lugar religioso, é também e, principalmente um espaço de resistências. Ainda segundo Frugoli, “a cidade foi se expandindo sob a égide do investimento privado, dotando futuras áreas de moradias apenas de mínimas condições”. É para estes bairros que os irmãos do rosário irão se deslocar. Assim, São Paulo formará regiões que representam uma verdadeira segregação sócio-espacial imposta pelos poderes públicos e privados. À medida que o tempo passa a distribuição territorial dos Irmãos, será definida pelo poder aquisitivo de cada um. Os Irmãos do Rosário que conseguiram superar as barreiras de aceitação social foram residir nestes bairros, que ficavam na periferia do centro velho. Porém, outra grande parcela destes foi para regiões mais distantes, como a região leste. Muito mais desprovida de infraestrutura básica, mas que em função de sua distância era possível construir uma moradia e viver com dignidade apesar de continuar trabalhando na cidade. Através destes pequenos textos é possível percebermos que a cidade que acolhe milhões de pessoas de todas as partes do mundo e que as incentiva a preservarem sua cultura, não tem o mesmo olhar para os descendentes dos Irmãos do Rosário que aqui estão desde o século XVIII.

    

 

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