segunda-feira, 14 de maio de 2012

Uma ninfa da esquina de cima



Ainda me lembro daquela linda ninfa.

Partes de seu corpo, com seus contornos que se comunicavam,

Participavam de um diálogo – aludiam-se.

Fraquejava frente a dores invisíveis como de um parto sem o nascimento.

Gritavam como se a treva a apertasse com seus longos braços vermelhos.

Mas toda chorosa e perfeita.

Falava do que não queria, mas que ao mesmo tempo buscava incansavelmente.

Envolta de sofrimento, a beleza era vivida em lágrimas.

Era uma mulher de olhar esmagador; fechado.

De um sorriso vazio – quase sem sorriso!

Uma vida anulada por questões que não poderiam ser ditas, pois incompreensível julgava ser.

Mas completamente repleta de afetos. Também não vividos.

Tinha grandes seios, como se fosse amamentar uma gama de famintos,

Cujos desejos sexuais armados em oralidades, a devorava desnuda.

Piedosa era ela, que parecia não ser assim, pela constituição mascarada de seu ser.

Quantos segredos ardentes trazia essa fêmea.

Tais rugas que feito sombras, escondiam sua sutiliza.

Amava calada na intimidade e escondia a  força propulsora de sua intuição cheia de carícias, de uma vil paisagem sarcástica – cheias de volúpias provocativas.

Uma veste moralmente profanada e sempre negra.

Que parecia a quem olhava, como uma mulher invadida por falos indesejados.

Cabelos sempre presos sobre a cabeça que permitia mostrar o busto que carregava uma sutil bijuteria que brilhava como uma lua repleta e cheia.

E por assim se fazia, cujo tempo não a perdoava e sacrificava a ninfa.

Mas sua alma virgem, de pele parda como a seda inundava a pureza incompreendida que trazia, Agia como uma colmeia derramando mel e lambuzava-se.

Com gestos cálidos e delicados, espalhado entre rumores inescrupulosos,

e terrivelmente parciais.

Mas da doçura de um espanto sem fim.

Voltava para si sem ao menos improvisar o impacto de  nenhuma surpresa.

E assim vivia ela não interpor-se à crueldade do ser que a menosprezava.


Reinildo de Souza.

5 comentários:

  1. QUE BELA INSPIRAÇAO!
    ACHO QUE ANUNCIAR O FIM TRAS O SENTIMENTO DE BELEZA QUE NOS ULTIMOS DIAS NOS BRINDAS NESTE BLOG.
    CHEIRO

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  2. Pois é.. não existe um FIM mas uma transformação daquilo que ja esta instalado... e assim caminhamos nessa estrada de desenvolvimento e transformação do "fim".
    Valeu

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  3. Quero compartilhar um rascunho de um grafite ainda fresco...

    CORAÇÃO INCANDESCENTE

    Coração incandescente,
    aquece meu peito,
    queima minha razão...
    atira para ti meu pensamento,
    tentando alcançar-te em outras terras
    Teu riso, olhar e voz me encantam,
    tua pele e teu corpo me chamam.
    Minha boca na tua quer atirar-se em brasa...
    me sinto boba, louca, insana!
    Não consigo apagar essa chama que me invade
    e que à tua chama se soma!
    Carrego um coração ardente,
    sedento por tua presença
    Chama que me deixa pequenina,
    provocando travessuras de menina

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