terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

“MAR ADENTRO”





O Filme Mar Adentro, de Alejandro Amenábar, tem como protagonista Javier Bardem (Ramón Sampedro). É um daqueles filmes que todas as pessoas deveriam assistir. O filme conta a vida de Ramón “um homem nascido numa pequena vila de pescadores da Galicia, que luta para ter o direito de pôr fim à sua própria vida. Na juventude ele sofreu um acidente, que o deixou tetraplégico e preso a uma cama por 28 anos. Lúcido e extremamente inteligente, Ramón decide lutar na justiça pelo direito de decidir sobre sua própria vida, o que lhe gera problemas com a justiça, a igreja e até mesmo seus familiares.” O filme é de uma beleza formidável e triste, sugere uma reflexão sobre a vida e a morte com delicadeza e inteligência apreciável.  Entre tantos momentos e frases que tiram o telespectador de sua zona de conforto e o traz para o campo dramático da vida, da ética, da moral, um deles se dá quando Ramón diz que “aceitar a cadeira de rodas é como aceitar migalhas da liberdade que já teve”, pois o mesmo não consegue executar as mais simples tarefas, como uma distância de dois metros.
Outro aspecto significativo a ser observado é a relação de amor e carinho de Ramón e seu sobrinho, Javier. Este, um adolescente aprendendo a árdua tarefa de convívio com um tetraplégico e ao mesmo tempo com o um idoso, o avô. Javier em diálogo com Ramón desvaloriza o avô com falas chocantes, como: “nós não precisamos dele”, “eu não preciso dele”.  Ao que Ramón repreende-o de forma carinhosa, dizendo: “um dia você vai se arrepender tanto do que disse que desejará que a terra o engula.”
O diálogo de Ramón com o Padre sobre a liberdade em decidir sobre a vida e a morte também é promissor . O Padre, seguro de suas convicções acerca da vida, concebida como Dom de Deus, afirma que “uma liberdade que elimina a vida não é liberdade”. Ao que Ramón responde de maneira enfática e filosófica “uma vida que elimina a liberdade também não é vida.” Ainda mais profundo dirá em outro momento que “a pessoa que me amar de verdade será aquela que me ajudará a morrer”. O pai de Ramón, contrário à decisão do filho em por fim em sua própria vida, exprime o amor incondicional de um pai dizendo: “só há uma coisa pior que a morte de um filho: é que ele queira morrer.” Todos da família de Ramón deixaram, em alguma medida, de viver suas vidas para cuidarem de Ramón. E, na fala do irmão mais velho do mesmo, que não admite a eutanásia e se opõe à saída de Ramón de sua casa, isso teria sido uma “escravidão” para todos.
Depois de muitos anos sem sair da cama, quando enfim Ramón consegue partir, um dos momentos mais intenso do filme, o sobrinho adolescente Javier externa de forma esplêndida o profundo sentimento de amor que sente pelo tio, Ramón. 

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