Caro e amigo leitor!
Hoje me disponho a entrelaçar palavras-sentimentos acerca da inocência. Mas, jamais, a partir do que vivi, apenas na sua dimensão conceitual. Não. Algumas experiencias somente servem para que abandonemos teorias e nos agarremos às práticas que, de tao verdadeiras e intensas, nos deslumbram!
No romance regionalista do brasileiro Alfredo d'Escragnolle Taunay (Nome pouco conhecido, diria!) Inocência (Romance muito famoso, digo!) é uma moça sertaneja simples, carinhosa, meiga e bela. Está prometida a se casar com um homem escolhido pelo pai (Manecão), embora seja apaixonada por Cirino.
Bem, das relações de paixão e de suas aspirações mais sensuais e libidinosas, eu nao saberia aqui descrever “nadica de nada”. Da simplicidade, do carinho, da meiguice e da beleza, acho que vou me arriscar neste entrelaçamento de sentimentos-palavras, ainda que eu não venha a dizer tudo o que a representa.
No Sarau Afropoetico do dia 26 de novembro tive o prazer de conhecer uma mulher! Como venho escrevendo, neste Blog, sobre a velhice, esta mulher, grande homenageada da noite, entrou na minha vida como um alimento que, de tão saudável, renova a alma e o sentimento de sentir-se velho. Conceitos podem ser modificados a partir do que vivenciamos. E quem há de nos impedir. Por isso, esta mulher, na sua velhice, nos apresenta uma face sublime de sua fase, no alto de seus 87 anos.
Inocência, seu nome, chegou discreta no terreiro afropoético. No ritual de abertura dos caminhos ela se manifestou como uma entidade afetuosa, mãe das mães, diante da qual seus netos e filhos se debruçaram para ouvi-la contar pequenas histórias.
Quando Inocência expressou seu desejo de viver, e viver muito ainda, eu vibrei! Para quem, como eu, nem almeja morrer, tal afirmação de uma mulher de 87 anos soa como preciosidade vital! Lembro de uma vózinha que aos 96 anos, numa cidade de Pernambuco, recitou pra mim o poema de seu primeiro namorado adolescente. Ao ouvi-la, em estado de graça lhe disse: Mas a senhora nao esqueceu! E ela me respondeu assim: Quando eu envelhecer eu esqueço! Ainda não estava velha. A vida, assim, lhe seria eterna! Viveria ainda mais para conservar em sua alma, a memória de um amor inesquecivel!
A minha querida Marli, no final do Sarau, se aproximou e disse-me: Eu acho que a pessoa que convive com a literatura e arte fica assim... como Inocência. Pois é Marli. A velhice bem vivida. É vida em sua plenitude.
Termino minha mensagem de hoje, com um texto extraido do anonimato.. e que diz: “Quanto mais você se torna simples e inocente, mais você se abre ao aprendizado, mas infelizmente inocência hoje tem sido confundida com algum tipo de ignorância, mas existe uma diferença fundamental nisso. O ignorante é um insatisfeito por não estar côncio, o inocente tambem não está côncio, mas ele tambem nunca desejou estar, sua vida está completa como está, então ele vive contente.”
Querida Inocência tão madura! Obrigado por sua presença na vida!
Cheiro de inocência
Gilson Reis
30.11.2011
Querido Gilson,
ResponderExcluirSua identificação com essa personagem me fez pensar muitas coisas na área da gerontologia. Muitas pessoas ao envelhecer ficam assim como INOCÊNCIA, Ruben Alves é um grande exemplo. Acho que sua identificação se deu porque penso que na sua velhice voce também ficará assim... INOCENTE
Meigo, gentil, poético... Tenho pensado muito em Inocência, a mulher, ultimamente...Recordo-me de sua expressão doce... você, Gilson, me fez recordar tudo isso com este relato.
ResponderExcluirMarli Pereira
Gilson,
ResponderExcluirFiquei encantado com dona Inocência. Aquela História da Nuvem foi demais... Que mulher é aquela? Acho que a Roseli tinha razão quando disse logo no início quando ela precisa que Inocência precisa ser conhecida.
Caro Reinildo
ResponderExcluirEstou aprendendo muito com Rubem Alves. No inicio da juventude ele me encantou com o poder das palavras, agora volto a me encantar com ele, ensaiando a velhice
Cheiro
MARLI querida!
ResponderExcluirEu queria estar mais perto dela. Inocência me é necessária pra entender de uma velhice acesa!!
POIS É LAU!
ResponderExcluirVamos levar a experiencia de Inocência como possibilidade de viver a vida de forma mais intensa.
Depois de conhece-la, daria pra pensar em viver um ano a mais do que você planeja?
Eu acho que o Gilson já está INOCENTE de tanto que ele se sente velho. Mas nunca um nome se pareceu tanto como sua dona como o de Inocência. Lembrei de Adélia Prado, embora conheça pouco sobre ela. Estamos bem cada vez melhor, com as pessoas que tem comparecido ao Sarau. Lindo seu texto Gilson.
ResponderExcluirGilon,
ResponderExcluirAgradeço ao convite em pensar em viver um ano a mais, mas minha resposta é NÃO! KKKKKKK