quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

PENELOPE

Olá Leitores e Leitoras!

Aqui, de Buenos Aires, envio meu forte abraço e cheiro de bons fluídos!

Sinto que uma das delícias de viajar é conhecer os personagens do lugar. E há muitos! Bastam algumas poucas olhadas, até despretensiosas, pois eles estão por aí, para quem quiser apreciar, admirar, refletir, interagir...

Estou nesta grande capital argentina com meu amigo Naldo. Após nos deliciarmos com uma feira de diversidades em San Telmo, onde compramos alguns mimos, descansamos na sombra gostosa de uma grande árvore, localizada em frente à Casa Rosada, habitação da Presidente Cristina, quase vítima de câncer. Depois, ainda sem saber como chegar ao hotel onde estamos hospedados, decidimos perguntar a uma mulher que atravessava a rua em nossa direção. Ao terminar seu ato gentil de nos informar, perguntou-nos se éramos brasileiros. Tão logo afirmamos, disse-nos com entusiasmo: Zezé de Camargo e Luciano!!!!!!!!! É… tratava-se de uma pessoa apaixonada pela história da dupla, sobre quem fala com paixão.

Fomos conversando. Não sei ao certo qual sua direção, mas seguiu o mesmo caminho que nos indicara. No trajeto dialogamos sobre música, artistas brasileiros, cultura norte americana, a posição do Brasil como sexta potência econômica mundial e, dentre outras, a que mais me interessa nesta postagem, a sua visão sobre os povos peruanos em Buenos Aires. Neste momento instaurou-se um pequeno conflito, ela não sabia que estava diante de duas pessoas com algum senso crítico acerca da realidade escrava vivida por imigrantes, em especial, bolivianos e peruanos.

Impressionou-nos tamanha rejeição que expressava pelos peruanos e disse ser muito comum o desgosto dos argentinos por este povo, pois não se admitia que alguém saísse de sua terra para viver pedindo dinheiro, comida e se submetendo a qualquer condição inferior em outro país…

Pois é… não vou aqui descrever toda breve discussão que empreendemos com aquela boa pessoa que muito bem nos acolheu na rua ainda desconhecida por estes dois turistas. Vale aqui apenas o lamento de sentir que as culturas não dialogam no sentido de um convívio pacífico, pobres argentinos preferindo cuspir peruanos para fora de seu país. Tudo faz lembrar das realidades dos nordestinos frente a alguns sulistas e dos bolivianos que só servem enquanto escravos de senhores coreanos, e até mesmo bolivianos, bem sucedidos no Brasil.

Chegamos à rua do hotel. Ali descobrimos que seu nome era Penelope. Também revelou seu amor aos discos de vinil e seu desprezo ao ser humano…

Penelope é um homossexual que um dia sonhou um amor perfeito… de tão perfeito… nunca existiu.

De Gilson Reis


Um comentário:

  1. Gilson,
    Divirta-se. Diga ao Naldo que mando um abração.
    Quanto ao texto... estou pensando e associando ao filme O Menino do Pijama Listrado. Você deve conhecer.
    Quanto à pergunta que fez sobre meu interesse pela mitologia... por acaso estava lendo o assunto achei interessante pois não conhecia o mito, não sabia da origem do nome janeiro. Bom... como estamos em janeiro achei oportuno. Não pretendo escrever nenhum tratado sobre isso. kkkkk

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