“O QUE ME ASSUTA NÃO É O GRITO DOS MAUS. É O
SILÊNCIO DOS BONS”
Hoje, 1º de Maio, Dia do Trabalhador, data oportuna para parabenizar
todos aqueles que labutam cotidianamente para colocarem o pão de cada dia em
suas mesas. Parabéns!!! O texto que se segue bem que poderia continuar falando
sobre o trabalho, entretanto, outro acontecimento que se deu na semana passada,
a constitucionalidade das cotas para negros nas universidades públicas,
aprovada por unanimidade no Supremo Tribunal Federal, é o assunto desta postagem.
Desde que algumas Universidades Brasileiras adotaram a política de
cotas raciais como um dos instrumentos de admissão dos seus alunos muitas
discussões em torno da questão têm sido afloradas. Seria essa medida
Constitucional ou Inconstitucional? É Justa ou não é Justa? Enfim, uma série de
interrogações tem sido pauta desse debate que veio à tona com impulso.
Em uma sociedade, historicamente racista, esperar que uma medida em
favor dos negros consiga apoio geral da sociedade é uma ilusão. Há evidentemente
posições favoráveis e contrárias. Assim foi em outros países, tais como, Estados
Unidos, Inglaterra, Canadá, Índia, Alemanha, Austrália, Nova Zelândia e
Malásia, entre outros, e assim tem sido no Brasil. Essa resistência passa não
só por uma questão racial, mas também de classe social. “As elites brasileiras
não aceitam medidas eficazes de combate à desigualdade educacional, econômica, social,
etc. Há, inegavelmente, um agarramento aos privilégios seculares, protegidos
por interesses corporativos.” GUIMARÃES (2002, p.70). Daí, em grande medida, a
resistência para com qualquer medida que vise uma transformação significativa na
ordem estabelecida da pirâmide social. A resistência do acesso se dá na esfera
da educação, da terra, da moradia, da saúde, etc.
O discurso mascarado da suposta igualdade, tão intensamente
defendido pela elite chega às massas como legítimos, através dos meios de
comunicação, de seus aparelhos ideológicos mantenedores das desigualdades sociais,
historicamente construídas. É comum deparar com pessoas pertencentes ao nível
mais baixo da pirâmide social reproduzindo o discurso legitimador da manutenção
dos privilégios da elite. Pessoas que nunca conseguiram entrar em uma
universidade, qualquer que seja o curso, mas elas são contra as políticas de
acesso à educação, inclusive as cotas; pessoas que nunca tiveram um pedacinho
de terra, nem onde caírem mortas (como se diz no interior), acharem que a luta
pela Reforma Agrária é um absurdo; pessoas que a vida inteira, gerações após gerações
pagam aluguel, se posicionarem contra os movimentos de luta por moradia;
pessoas que tiveram antepassados mortos em filas de hospitais públicos por
falta de atendimento assumirem uma postura absolutamente passivas frente ao
caos da saúde pública.
Vale lembrar que muitas pessoas que hoje levantam as vozes
contrárias às cotas, pouco ou nada fizeram/disseram enquanto os negros estavam
fora das universidades, décadas a fio em que esse espaço fora quase que
exclusivo da “elite branca” do País. Enquanto os negros e outras minorias estavam
fora do espaço de ensino superior essa realidade foi encarada com razoável ou
absoluta naturalidade. O Ministro Luiz Fux, na última quinta-feira, ao votar
favorável às cotas, lembrou: “A abolição
da escravidão não seguida de políticas como a das cotas nas universidades
acabou por atribuir ao negro a culpa pelos seus próprios problemas. Uma coisa é
vedar a discriminação racial; outra coisa é implementar políticas que levem à
integração social dos afrodescendentes”, na linha de que a verdadeira igualdade
é tratar desigualmente os desiguais.
Muito boa esta conquista!
ResponderExcluirOxalá um dia esta luta - conquista nao seja mais necessária!