terça-feira, 1 de maio de 2012


“O QUE ME ASSUTA NÃO É O GRITO DOS MAUS. É O SILÊNCIO DOS BONS”

Hoje, 1º de Maio, Dia do Trabalhador, data oportuna para parabenizar todos aqueles que labutam cotidianamente para colocarem o pão de cada dia em suas mesas. Parabéns!!! O texto que se segue bem que poderia continuar falando sobre o trabalho, entretanto, outro acontecimento que se deu na semana passada, a constitucionalidade das cotas para negros nas universidades públicas, aprovada por unanimidade no Supremo Tribunal Federal, é o assunto desta postagem.
Desde que algumas Universidades Brasileiras adotaram a política de cotas raciais como um dos instrumentos de admissão dos seus alunos muitas discussões em torno da questão têm sido afloradas. Seria essa medida Constitucional ou Inconstitucional? É Justa ou não é Justa? Enfim, uma série de interrogações tem sido pauta desse debate que veio à tona com impulso. 
Em uma sociedade, historicamente racista, esperar que uma medida em favor dos negros consiga apoio geral da sociedade é uma ilusão. Há evidentemente posições favoráveis e contrárias. Assim foi em outros países, tais como, Estados Unidos, Inglaterra, Canadá, Índia, Alemanha, Austrália, Nova Zelândia e Malásia, entre outros, e assim tem sido no Brasil. Essa resistência passa não só por uma questão racial, mas também de classe social. “As elites brasileiras não aceitam medidas eficazes de combate à desigualdade educacional, econômica, social, etc. Há, inegavelmente, um agarramento aos privilégios seculares, protegidos por interesses corporativos.” GUIMARÃES (2002, p.70). Daí, em grande medida, a resistência para com qualquer medida que vise uma transformação significativa na ordem estabelecida da pirâmide social. A resistência do acesso se dá na esfera da educação, da terra, da moradia, da saúde, etc.
O discurso mascarado da suposta igualdade, tão intensamente defendido pela elite chega às massas como legítimos, através dos meios de comunicação, de seus aparelhos ideológicos mantenedores das desigualdades sociais, historicamente construídas. É comum deparar com pessoas pertencentes ao nível mais baixo da pirâmide social reproduzindo o discurso legitimador da manutenção dos privilégios da elite. Pessoas que nunca conseguiram entrar em uma universidade, qualquer que seja o curso, mas elas são contra as políticas de acesso à educação, inclusive as cotas; pessoas que nunca tiveram um pedacinho de terra, nem onde caírem mortas (como se diz no interior), acharem que a luta pela Reforma Agrária é um absurdo; pessoas que a vida inteira, gerações após gerações pagam aluguel, se posicionarem contra os movimentos de luta por moradia; pessoas que tiveram antepassados mortos em filas de hospitais públicos por falta de atendimento assumirem uma postura absolutamente passivas frente ao caos da saúde pública.
Vale lembrar que muitas pessoas que hoje levantam as vozes contrárias às cotas, pouco ou nada fizeram/disseram enquanto os negros estavam fora das universidades, décadas a fio em que esse espaço fora quase que exclusivo da “elite branca” do País. Enquanto os negros e outras minorias estavam fora do espaço de ensino superior essa realidade foi encarada com razoável ou absoluta naturalidade. O Ministro Luiz Fux, na última quinta-feira, ao votar favorável às cotas, lembrou: “A abolição da escravidão não seguida de políticas como a das cotas nas universidades acabou por atribuir ao negro a culpa pelos seus próprios problemas. Uma coisa é vedar a discriminação racial; outra coisa é implementar políticas que levem à integração social dos afrodescendentes”, na linha de que a verdadeira igualdade é tratar desigualmente os desiguais.

Um comentário:

  1. Muito boa esta conquista!
    Oxalá um dia esta luta - conquista nao seja mais necessária!

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