Olá pessoal aqui estamos novamente. Um pouco mais tarde é verdade, mais com um texto muito interessante, na minha opinião lógico. Espero que vocês gostem. Hoje explico o porque da minha decisão de pesquisa o negro na sociedade brasileira
e paulistana. Decidi falar sobre o negro na sociedade brasileira,
por diversos motivos. Primeiro porque sou mulher e negra; depois porque além de
negra sou consciente do intenso processo de discriminação e desvalorização que
este povo e sua cultura, sofreram em nosso país ao longo da história. E também
porque acredito que posso contribuir com a divulgação de uma das muitas lutas
pelo resgate e valorização de sua cultura derrubando assim, com o mito, que
existe até hoje, da passividade do negro frente à barbárie da escravidão no
Brasil. Falo isto, porque ainda há pessoas que dizem que o trabalho escravo
brasileiro, durou mais de 300 anos por causa da acomodação do próprio negro. Esta
opinião de certa forma, é até compreensível, pelas seguintes razões: se considerarmos
o trabalho dos poderes públicos, no período logo após a “libertação”, para
apagar todo e qualquer vestígio desta “chaga” que foi a escravidão brasileira.
Se considerarmos também que a literatura que trata dos vários métodos de
resistência usado pelos negros escravizados é muito pequena, ou desconhecida da
população; ficando restrita aos pesquisadores que buscam a verdadeira história
do Brasil. Geralmente os livros didáticos e/ou os professores, quando tratam da
escravidão, não apontam que as fugas, os suicídios, os abortos voluntários das
mulheres, o assassinato de senhores e feitores, as constantes revoltas nas
fazendas, o ingresso nas irmandades - que lhes davam respaldo nos casos de
fugas e alforria - como forma de resistência. Na escola é comum aprendermos só
uma versão, a de quem estava no poder, para quem tudo isto, não justifica a
posição que a maioria da população negra ocupa em nossa sociedade. Muito menos
a situação de discriminação vivida por eles diariamente. Estes são alguns motivos que dificultam
tratar da negritude do povo brasileiro. Quando isto acontece, é mais comum numa
perspectiva sociológica. O que não me parece muito fácil, uma vez que os
sociólogos de uma maneira geral, preferem não se referir ao grande número de
pessoas negras faveladas ou “residentes” nas penitenciárias, como sendo um
resultado dos mais de 300 anos de escravidão no Brasil e exclusão social pós-
abolição. Ao contrário, alguns deles preferem se referir à sua pobreza e
miséria, como sendo conseqüência, ontem,
de sua “incapacidade intelectual”, e hoje, do capitalismo e de todo o sistema
sócio-político que visa selecionar os aptos e capazes e banir do seio da sociedade
os considerados menos capacitados. As irmandades e confrarias – associações
leigas da Igreja Católica – terão um papel muito importante no processo de
valorização do negro no Brasil. Este texto foi extraído da monografia que apresentei no final do curso de Geografia - PUC/SP. Boa semana para nós todas e todos.
Oi Conceição,
ResponderExcluirParabéns pelo texto, pela coragem como mulher negra, pela contribuição no processo de conscientização, de afirmação dos negros na sociedade.Realmente essa questão da responsabilização do negro pela condição desfavorecida em que se encontra na sociedade a meu ver é nojenta. Fico impressionado com alguns posicionamentos que desconsideram o processo histórico, partem das mentiras reproduzidas nos livros (ou pelo menos de uma verdade olhada apenas de um angulo, ou seja, do dominador).
Ceça Mulher!
ResponderExcluirQue bom termos uma autora que aprseenta uma riquesa de informações sob uma perspectiva da negritude. Vou degustar seus textos como oportunidade de conhecimento e cultura.
Cheiro negro