segunda-feira, 2 de julho de 2012

A construção do perfil do negro brasileiro.

Olá pessoal aqui estamos novamente. Um pouco mais tarde é verdade, mais com um texto muito interessante, na minha opinião lógico. Espero que vocês gostem. Hoje explico o porque da  minha decisão de pesquisa o negro na sociedade brasileira e paulistana. Decidi falar sobre o negro na sociedade brasileira, por diversos motivos. Primeiro porque sou mulher e negra; depois porque além de negra sou consciente do intenso processo de discriminação e desvalorização que este povo e sua cultura, sofreram em nosso país ao longo da história. E também porque acredito que posso contribuir com a divulgação de uma das muitas lutas pelo resgate e valorização de sua cultura derrubando assim, com o mito, que existe até hoje, da passividade do negro frente à barbárie da escravidão no Brasil. Falo isto, porque ainda há pessoas que dizem que o trabalho escravo brasileiro, durou mais de 300 anos por causa da acomodação do próprio negro. Esta opinião de certa forma, é até compreensível, pelas seguintes razões: se considerarmos o trabalho dos poderes públicos, no período logo após a “libertação”, para apagar todo e qualquer vestígio desta “chaga” que foi a escravidão brasileira. Se considerarmos também que a literatura que trata dos vários métodos de resistência usado pelos negros escravizados é muito pequena, ou desconhecida da população; ficando restrita aos pesquisadores que buscam a verdadeira história do Brasil. Geralmente os livros didáticos e/ou os professores, quando tratam da escravidão, não apontam que as fugas, os suicídios, os abortos voluntários das mulheres, o assassinato de senhores e feitores, as constantes revoltas nas fazendas, o ingresso nas irmandades - que lhes davam respaldo nos casos de fugas e alforria - como forma de resistência. Na escola é comum aprendermos só uma versão, a de quem estava no poder, para quem tudo isto, não justifica a posição que a maioria da população negra ocupa em nossa sociedade. Muito menos a situação de discriminação vivida por eles diariamente. Estes são alguns motivos que dificultam tratar da negritude do povo brasileiro. Quando isto acontece, é mais comum numa perspectiva sociológica. O que não me parece muito fácil, uma vez que os sociólogos de uma maneira geral, preferem não se referir ao grande número de pessoas negras faveladas ou “residentes” nas penitenciárias, como sendo um resultado dos mais de 300 anos de escravidão no Brasil e exclusão social pós- abolição. Ao contrário, alguns deles preferem se referir à sua pobreza e miséria, como sendo conseqüência,  ontem, de sua “incapacidade intelectual”, e hoje, do capitalismo e de todo o sistema sócio-político que visa selecionar os aptos e capazes e banir do seio da sociedade os considerados menos capacitados. As irmandades e confrarias – associações leigas da Igreja Católica – terão um papel muito importante no processo de valorização do negro no Brasil. Este texto foi extraído da monografia que apresentei no final do curso de Geografia - PUC/SP. Boa semana para nós todas e todos.

2 comentários:

  1. Oi Conceição,
    Parabéns pelo texto, pela coragem como mulher negra, pela contribuição no processo de conscientização, de afirmação dos negros na sociedade.Realmente essa questão da responsabilização do negro pela condição desfavorecida em que se encontra na sociedade a meu ver é nojenta. Fico impressionado com alguns posicionamentos que desconsideram o processo histórico, partem das mentiras reproduzidas nos livros (ou pelo menos de uma verdade olhada apenas de um angulo, ou seja, do dominador).

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  2. Ceça Mulher!
    Que bom termos uma autora que aprseenta uma riquesa de informações sob uma perspectiva da negritude. Vou degustar seus textos como oportunidade de conhecimento e cultura.
    Cheiro negro

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