segunda-feira, 13 de agosto de 2012


Ei-los em pé

 É...  a poesia contagia. Lendo Gilson Reis, no dia 10/08 em nosso blog fui contagiada. Desde cedo venho pensando em expressar a lutar dos Irmãos do Rosário dos Pretos pelo seu lugar sagrado na cidade de São Paulo, de forma poética, mais leve e porque não mais bonita, pois foi uma luta em que os Irmãos, em detrimento das dificuldades que enfrentarem, saíram vencedores. Ontem, arrumando meus livros encontrei algo que, de imediato, me remeteu a eles. É um pequeno texto de Sartre, porém com uma mensagem profunda sobre a presença e a inserção do negro na sociedade após a conquista de sua liberdade e, no caso dos Irmãos do Rosário, a conquista do novo espaço para construção de sua igreja.

Ei-los em pé

Jean-Paul Sartre



O que vocês esperavam que acontecesse quando

 tiraram a mordaça que tapava essas bocas negras?

Esperavam que elas lhes lançassem louvores?

E essas cabeças que seus avós e seus pais haviam dobrado à força até o chão?

O que esperavam? Que se reerguessem com adoração nos olhos?

Ei-los em pé. Homens que nos olham.

Ei-los em pé.

Faço votos para que vocês sintam como eu a comoção de ser visto.

Hoje, esses homens pretos nos miram e nosso olhar reentra em nossos olhos.

Tochas negras iluminam o mundo

e nossas cabeças brancas não passam de

pequenas luminárias balançadas pelo vento.


2 comentários:

  1. Que expressivo!
    O LAU trabalha esta questao da invisibilidade retratada neste poema.
    Começou bem com os poemas heim negra Ceça!!!
    Cheiro visivel!

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  2. Esse texto traz uma visceralidade em cada palavra. Adoro!

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