Nesta última segunda-feira
do mês, faço uma reflexão acerca do dia 13 de maio, dia em que se celebra o fim
do sistema escravista do Brasil, e consequentemente a libertação dos escravos. O
fato de se celebrar ou não este dia já foi motivo de muitas discussões entre os
negros brasileiros, pois sabemos que a libertação não devolveu aos que foram
escravizados a dignidade, nem promoveu sua inserção na sociedade com direitos e
o respeito que todo cidadão merece. No
entanto, é importante lembrar que, neste momento no Brasil, em situação de
submissão, seja em âmbito doméstico ou nas fazendas, existia apenas 5% da
população, visto que a maioria já havia sido alforriada ou estavam vivendo nos quilombos,
que existiam na época, de modo que o fim da escravidão era previsto por ter se
tornado insustentável em função da mudança de paradigma social das nações europeias.
Logo, não houve nenhum ato beneplácito da parte da Princesa Isabel, que diante
das pressões política interna e externa e a realidade da escravidão no Brasil,
não lhe restava outra saída senão assinar a lei Área. Pois bem, ainda assim a liberdade instituída oficialmente
para todos os negros e negras foi muito bem vinda, pois a liberdade não tem
preço. E, mesmo diante das várias formas e tentativas de destituir da pessoa
negra, a característica original de todo ser humano, ou seja, o ser
homem/mulher, muitos assimilaram esta negação - de não ser -, e se perderam – matando aqueles que os escravizava ou
morrendo físico e/ou psicologicamente, quando não vislumbrava saídas para a
vida – morte da usa existência. Muitos, no entanto, conseguiram dar a volta por
cima e refazer sua vida. Podemos citar como exemplo os Irmãos da Irmandade do
Rosário dos Pretos, que sendo resilientes, se reconstroem continuamente dentro
deste mesmo processo de desconstrução do ser homem/mulher negra e de sua
cultura, que se supõe uma consciência grupal operosa e operante que desentranha
da vida presente os planos para o futuro. Eles desenvolvem alguns mecanismos de
proteção como a autoestima elevada, determinação, confiança, sociabilidade,
capacidade de abstrair sentidos positivos e reconhecer como efetivo o suporte
do grupo. Além de poder contar com a possibilidade de estruturação de vínculos
novos e reestruturar os antigos, o que favorece o desenvolvimento do espírito
de mudança; de algo dinâmico, não estático. Nesta perspectiva, pertencer a esta
irmandade, produziu nos negros e negras, resiliência. A fé em Nossa Senhora do
Rosário, somada a outros valores sociais e culturais fazia com que não
desistissem da luta por uma vida melhor e digna. A insistência em celebrar a
vida, e vislumbrar um futuro melhor é proveniente da memória de seus
antepassados, cuja lembrança renovava a esperança dos Irmãos, que naquele 13 de
maio de 1888 celebrou a vitória da vida e da confiança que tinham em si e no
grupo em que estavam inseridos. Assim, Salve 13 de maio!
Aprendi essa palavra (RESILIÊNCIA) com você Conceição, e toda vez que a ouço, leio ou me deparo com pessoas resilientes lembro de você.
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