segunda-feira, 27 de maio de 2013

Liberdade e Resiliência no 13 de Maio

Nesta última segunda-feira do mês, faço uma reflexão acerca do dia 13 de maio, dia em que se celebra o fim do sistema escravista do Brasil, e consequentemente a libertação dos escravos. O fato de se celebrar ou não este dia já foi motivo de muitas discussões entre os negros brasileiros, pois sabemos que a libertação não devolveu aos que foram escravizados a dignidade, nem promoveu sua inserção na sociedade com direitos e o respeito que todo cidadão merece.  No entanto, é importante lembrar que, neste momento no Brasil, em situação de submissão, seja em âmbito doméstico ou nas fazendas, existia apenas 5% da população, visto que a maioria já havia sido alforriada ou estavam vivendo nos quilombos, que existiam na época, de modo que o fim da escravidão era previsto por ter se tornado insustentável em função da mudança de paradigma social das nações europeias. Logo, não houve nenhum ato beneplácito da parte da Princesa Isabel, que diante das pressões política interna e externa e a realidade da escravidão no Brasil, não lhe restava outra saída senão assinar a lei Área.  Pois bem, ainda assim a liberdade instituída oficialmente para todos os negros e negras foi muito bem vinda, pois a liberdade não tem preço. E, mesmo diante das várias formas e tentativas de destituir da pessoa negra, a característica original de todo ser humano, ou seja, o ser homem/mulher, muitos assimilaram esta negação - de não ser -, e se perderam – matando aqueles que os escravizava ou morrendo físico e/ou psicologicamente, quando não vislumbrava saídas para a vida – morte da usa existência. Muitos, no entanto, conseguiram dar a volta por cima e refazer sua vida. Podemos citar como exemplo os Irmãos da Irmandade do Rosário dos Pretos, que sendo resilientes, se reconstroem continuamente dentro deste mesmo processo de desconstrução do ser homem/mulher negra e de sua cultura, que se supõe uma consciência grupal operosa e operante que desentranha da vida presente os planos para o futuro. Eles desenvolvem alguns mecanismos de proteção como a autoestima elevada, determinação, confiança, sociabilidade, capacidade de abstrair sentidos positivos e reconhecer como efetivo o suporte do grupo. Além de poder contar com a possibilidade de estruturação de vínculos novos e reestruturar os antigos, o que favorece o desenvolvimento do espírito de mudança; de algo dinâmico, não estático. Nesta perspectiva, pertencer a esta irmandade, produziu nos negros e negras, resiliência. A fé em Nossa Senhora do Rosário, somada a outros valores sociais e culturais fazia com que não desistissem da luta por uma vida melhor e digna. A insistência em celebrar a vida, e vislumbrar um futuro melhor é proveniente da memória de seus antepassados, cuja lembrança renovava a esperança dos Irmãos, que naquele 13 de maio de 1888 celebrou a vitória da vida e da confiança que tinham em si e no grupo em que estavam inseridos. Assim, Salve 13 de maio!
 

Um comentário:

  1. Aprendi essa palavra (RESILIÊNCIA) com você Conceição, e toda vez que a ouço, leio ou me deparo com pessoas resilientes lembro de você.

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