O simbolismo, aprendemos na escola, é uma das escolas literárias mais difíceis de se estudar.
Eu diria que os poemas simbolistas estão para a história da literatura como o livro do Apocalipse, na Bíblia, está para a história das exegeses bíblicas. É sempre possível que cada qual os interprete como pode e a sua maneira.
Não é fácil realmente descobrir o sentido original que o poeta simbolista teria dado aos seus versos, na maioria dos casos.
Um dos poetas mais difíceis que nós temos na Literatura Brasileira, nesse sentido, ao menos eu penso assim, é Cruz e Souza. Contudo, ele é também um dos mais delicados e um dos poucos, em toda a nossa literatura, capaz de falar do amor em termos profundamente espirituais.
Vejam se podem concordar comigo, lendo esse poema que sugiro como leitura de reflexão para abrirmos a semana:
To sleep, to dream
Dormir, sonhar – o poeta inglês o disse...
Ah! Mas se a gente nunca mais sonhasse
Ah! Mas se a gente nunca mais dormisse
E a ilusões não mais acalentasse?
E o que importava que o futuro risse
De um visionário que tal cousa ideasse;
Se não seria o único que abrisse
Uma exceção da vida humana à face?...
Se os imortais filósofos modernos
Que derrubaram todos os infernos,
Que destruíram toda a teogonia.
Orientando a triste humanidade,
Deixaram, mais e mais, a piedade
Inteiramente desolada e fria?
Vou dormir nesta madrugada fria
ResponderExcluirMeditando tal agonia
Pois tenho que dormir
Necessariamente tenho que sonhar.
Muito lindo Josafá
Acordo e abro o blog.
ResponderExcluirDepois de um sonho intrigante durante o dormir, sinto que o poema que postou tem muito a dizer pra mim...
Vou manter seu poster pertinho das ilusões que o sonho sinalizou pra mim...
Cheiro de criança dormindo...
Dormir, sonhar, acordar.
ResponderExcluirAcordar, dormir, sonhar.
Sonhava que acordava.
Acordei e continuei sonhando.
Acordar e sonhar sempre.
Eis o acordo.
Eis que acordo e sonho.
Cheiro de noite bem dormida...
Marli Pereira
Que lindos, vocês todos.
ResponderExcluirO comentário de Marli lembrou-me desse outro poema de Maneul Bandeira,
Tema e Variações
Sonhei ter sonhado
que havia sonhado
Em sonho lembrei-me
De um sonho passado
O de ter sonhado
Que estava sonhando
Sonhei ter sonhado
Ter sonhado o quê?
Que havia sonhado
Estar com você.
Estar? Ter estado
Que é tempo passado.
Um sonho presente
Um dia sonhei
Chorei de repente
Pois vi despertado
Que tinha sonhado.
Menino, isso é ciência da literatura pura, nos graus elevados, do prazer em se regojizar no que é dito, pois pensado e sentido, verdadeiro pois despertador do que há de em muitos dos verbos: sonhar e lembrar. Abraços
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