segunda-feira, 4 de julho de 2011

Dormir, Sonhar.


O simbolismo, aprendemos na escola, é uma das escolas literárias mais difíceis de se estudar.
Eu diria que os poemas simbolistas estão para a história da literatura como o livro do Apocalipse, na Bíblia, está para a história das exegeses bíblicas. É sempre possível que cada qual os interprete como pode e a sua maneira.
Não é fácil realmente descobrir o sentido original que o poeta simbolista teria dado aos seus versos, na maioria dos casos.
Um dos poetas mais difíceis que nós temos na Literatura Brasileira, nesse sentido, ao menos eu penso assim, é Cruz e Souza. Contudo, ele é também um dos mais delicados e um dos poucos, em toda a nossa literatura, capaz de falar do amor em termos profundamente espirituais.
Vejam se podem concordar comigo, lendo esse poema que sugiro como leitura de reflexão para abrirmos a semana:

To sleep, to dream

Dormir, sonhar – o poeta inglês o disse...
Ah! Mas se a gente nunca mais sonhasse
Ah! Mas se a gente nunca mais dormisse
E a ilusões não mais acalentasse?

E o que importava que o futuro risse
De um visionário que tal cousa ideasse;
Se não seria o único que abrisse
Uma exceção da vida humana à face?...

Se os imortais filósofos modernos
Que derrubaram todos os infernos,
Que destruíram toda a teogonia.

Orientando a triste humanidade,
Deixaram, mais e mais, a piedade
Inteiramente desolada e fria?

5 comentários:

  1. Vou dormir nesta madrugada fria
    Meditando tal agonia
    Pois tenho que dormir
    Necessariamente tenho que sonhar.

    Muito lindo Josafá

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  2. Acordo e abro o blog.
    Depois de um sonho intrigante durante o dormir, sinto que o poema que postou tem muito a dizer pra mim...
    Vou manter seu poster pertinho das ilusões que o sonho sinalizou pra mim...
    Cheiro de criança dormindo...

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  3. Dormir, sonhar, acordar.
    Acordar, dormir, sonhar.
    Sonhava que acordava.
    Acordei e continuei sonhando.
    Acordar e sonhar sempre.
    Eis o acordo.
    Eis que acordo e sonho.
    Cheiro de noite bem dormida...
    Marli Pereira

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  4. Que lindos, vocês todos.
    O comentário de Marli lembrou-me desse outro poema de Maneul Bandeira,
    Tema e Variações

    Sonhei ter sonhado
    que havia sonhado
    Em sonho lembrei-me
    De um sonho passado
    O de ter sonhado
    Que estava sonhando
    Sonhei ter sonhado
    Ter sonhado o quê?
    Que havia sonhado
    Estar com você.
    Estar? Ter estado
    Que é tempo passado.
    Um sonho presente
    Um dia sonhei
    Chorei de repente
    Pois vi despertado
    Que tinha sonhado.

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  5. Menino, isso é ciência da literatura pura, nos graus elevados, do prazer em se regojizar no que é dito, pois pensado e sentido, verdadeiro pois despertador do que há de em muitos dos verbos: sonhar e lembrar. Abraços

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