quarta-feira, 27 de julho de 2011

Que madrugada ... !!!

Antes de postar meu tema deste dia devo pedir desculpas aos seguidores por não tê-lo postado a tempo para suas leituras na quarta feira, mas antes que passe da quarta para a quinta tomo essa liberdade, eis o que foi tema caloroso na madrugada de terça para quarta entre pensadores da área do direito, da religião e da filosofia e quero compartilhar com vocês.
A ética e a moral são temas complexos para tratarmos aqui, mas quero usar esta introdução sobre ela para então postar o poema a seguir de Elisa Lucinda.
"O homem vive em sociedade, convive com outros homens e, portanto, cabe-lhe pensar e responder à seguinte pergunta:
“Como devo agir perante os outros?”.
Trata-se de uma pergunta fácil de ser formulada, mas difícil de ser respondida.
Ora, esta é a questão central da Ética.
Como doutrina filosófica, a ética é essencialmente especulativa e, a não ser quanto ao seu método analítico, jamais será normativa, característica esta exclusiva da moral. Portanto, a ética mostra o que era moralmente aceito na Grécia Antiga possibilitando uma comparação com o que é moralmente aceito hoje na Europa, por exemplo, indicando através da comparação, mudanças no comportamento humano e nas regras sociais e suas conseqüências, podendo daí, detectar problemas e/ou indicar caminhos. Nesse sentido, a ética e a moral, corroboram para formar subjetividades, ou seja, o modo como cada pessoa se constrói (pensa, age, fala, etc.).
Eugênio Bucci, em seu livro Sobre Ética e Imprensa, descreve a ética como um saber escolher entre "o bem" e "o bem" (ou entre "o mal" e o mal"), levando em conta o interesse da maioria da sociedade. Ao contrário da moral, que delimita o que é bom e o que é ruim no comportamento dos indivíduos para uma convivência civilizada, a ética é o indicativo do que é mais justo ou menos injusto diante de possíveis escolhas que afetam terceiros."

Elisa Lucinda oferece de presente para nossa reflexão este poema instigante.

Só de Sacanagem
Composição: Elisa Lucinda

Meu coração está aos pulos!
Quantas vezes minha esperança será posta à prova?
Por quantas provas terá ela que passar?
Tudo isso que está aí no ar, malas, cuecas que voam
entupidas de dinheiro, do meu dinheiro, que reservo
duramente para educar os meninos mais pobres que eu,
para cuidar gratuitamente da saúde deles e dos seus
pais, esse dinheiro viaja na bagagem da impunidade e
eu não posso mais.
Quantas vezes, meu amigo, meu rapaz, minha confiança
vai ser posta à prova? Quantas vezes minha esperança
vai esperar no cais?
É certo que tempos difíceis existem para aperfeiçoar o
aprendiz, mas não é certo que a mentira dos maus
brasileiros venha quebrar no nosso nariz.
Meu coração está no escuro, a luz é simples, regada ao
conselho simples de meu pai, minha mãe, minha avó e
dos justos que os precederam: "Não roubarás", "Devolva
o lápis do coleguinha",
" Esse apontador não é seu, minha filhinha".
Ao invés disso, tanta coisa nojenta e torpe tenho tido
que escutar.
Até habeas corpus preventivo, coisa da qual nunca
tinha visto falar e sobre a qual minha pobre lógica
ainda insiste: esse é o tipo de benefício que só ao
culpado interessará.
Pois bem, se mexeram comigo, com a velha e fiel fé do
meu povo sofrido, então agora eu vou sacanear:
mais honesta ainda vou ficar.
Só de sacanagem!
Dirão: "Deixa de ser boba, desde Cabral que aqui todo
o mundo rouba" e eu vou dizer: Não importa, será esse
o meu carnaval, vou confiar mais e outra vez. Eu, meu
irmão, meu filho e meus amigos, vamos pagar limpo a
quem a gente deve e receber limpo do nosso freguês.
Com o tempo a gente consegue ser livre, ético e o
escambau.
Dirão: "É inútil, todo o mundo aqui é corrupto, desde
o primeiro homem que veio de Portugal".
Eu direi: Não admito, minha esperança é imortal.
Eu repito, ouviram? IMORTAL!
Sei que não dá para mudar o começo mas, se a gente
quiser, vai dá para mudar o final!


3 comentários:

  1. É isso Luiza! Foi ótima nossa conversa sobre moral e ética. Como disse Gilson, vamos ruminando os conceitos até os mesmos tornem-se claros quanto ao seu significado ao longo da História, nas diferentes culturas, na concepção de diferentes pensadores, etc

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  2. Tem razão Laudecir, como diria o Gilson, é de bom tom que façamos outras rodas como aquela e com vinho do bom para que no dia seguinte não haja nenhuma ressaca, senão o prazer de lembrar de tudo.

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  3. Foi uma despedida digna do Lindomar.
    Sensível, reflexivo. Vamos ruminando, é de bom tom.

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