domingo, 28 de agosto de 2011

ALQUIMIA


Acalantado estou pelos meus olhos serrados.
Alquimia de um sabor brando e caseiro.
Aqui, daqui e dali, inteiro.
Afim de versos retintos, fatais.
Além de mim, eu prisioneiro.
Alma leve e instintos mortais.

Boca inundada em sobejos temperados.
Branca espuma beira esta ilusão e a refaz.
Boemia sóbria alenta a tediosa e solitária tarde.
Berço audaz das intempéries de manhã cinzenta.
Braços abertos, Cristos algemados.
Becos curvos e ventos entrincheirados.

Caso morra, sem demora, me admito mortal.
Claro que burlo a escuridão de tal destino.
Contando estrelas despedaçadas em céu divino.
Cosmos em atração fatal.
Crédulo do direito ao desatino.
Confio-me ao impulso espontâneo, ao animal.

Direi que disse apenas por dizer.
Darei aquilo que, como dádiva, me foi concebido.
Declinarei de meus tabus.
Dançarei ao ritmo que a mim mesmo impus.
Dentro de minhas vísceras me perderei aos poucos.
D’outro modo não o sou. Sou eco e oco.

25/08/2011 – 01:06
Chiquinho Silva

5 comentários:

  1. GRANDE CHICO!
    Intrigante tudo isso.

    ResponderExcluir
  2. O que dizer de Alquimia...Show!!!

    Me vejo...Fabiane no..."Dançarei ao ritmo que a mim mesmo impus.Dentro de minhas vísceras me perderei aos poucos.D’outro modo não o sou. Sou eco e oco."

    ResponderExcluir
  3. Chikito, muito mais ECO que OCO...
    Maravilhoso!!!!
    Marli Pereira

    ResponderExcluir
  4. Se és oco, é pra que caibamos em ti, alma acolhedora!obrigado por seus ecos!

    ResponderExcluir