sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Bruxa

A noite me disse que bruxa tu és.
Que és livre, prudente, sensível, altaneira,
que tu és mulher altiva e serena,
não usa viseira e diz o que quer.

Nas noites de lua, tu teces teus sonhos de linhas tão tênues,
de mil arcabouços,
mas forte o bastante para o mundo conter.

As fadas te abraçam, os duendes te beijam.
Tu voas e cantas canções divinais, que contam histórias imemoriais.

Tu tens o poder, a força e vontade,
tu és a senhora da grande verdade.

O mundo te enjeita, faz que não te vê...
tem medo de ti, da tua ciência, porque, na verdade,
és franca e sincera,
és contra a mentira, que grassa e impera.

Tu tens aliados de grande valor,
como a natureza, no seu esplendor:
no verde das matas, no céu, minerais,
nos mares, nos rios
e nos animais.
Na chama que aquece, na planta que nasce, na água que jorra,
na luz do luar.
No vento que sopra, no sol que ilumina,
na ave que canta, no rio que corre, na chuva que cai,
no ar, nas florestas, nos campos florais.

E tu, só,
caminhas sabendo de tudo:
do triste destino dos pobres mortais.

J.R. Cônsoli

5 comentários:

  1. "E tu, só,
    caminhas sabendo de tudo:
    do triste destino dos pobres mortais."

    É incrível como nossa finitude incontestável nos impulsiona, apesar de todos os disas abrirmos os olhos para, naturalmente, um pouco mais de morte...
    Valeu!
    Xikito

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  2. Bruxa me faz lembrar do
    nosso inesquecível Spel. Não sei por quê?
    Vale Marly.

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  3. Nossa bruxa madrinha do Coletivo!!
    "Tu tes aliados de grande valor..."
    Cheiro de vassoura

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  4. Marli, adorei......e me identifique..rsrsrs

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  5. Não sei se foi coincidência ou fato, mas falar de bruxa não parece simples, eu tive que apagar várias vezes as palavras por tê-las digitado errado, ao escrever este texto e percebi que em todos os comentários faltou uma letra.
    Mas o poema é lindo!

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