Num tempo, avistava-se dali uma pradaria.
Ao longe espaços vazios,
No entanto, intensos em sua liberdade e em cores sutis.
Os olhos guiavam-se pelas linhas que desenhavam aquele sitio.
A sinuosidade de suas curvas,
O verde que se erguia entre as alamedas recortadas.
Uma cerca acolá.
Um muro ali.
Casas.
Algumas...
Era assim.
A casa erguera-se sólida.
Cravada no barranco, mergulhava morro abaixo,
Esculpida à força.
Músculo a músculo.
Pá a pá.
Tudo compunha uma estética mutável e nova.
Algo que coubesse aquela idéia, aquela escultura.
Mistura obssecada de uma matemática nivelada pela matéria bruta.
Pedra a pedra, tijolo a tijolo.
Reboco embrutecido.
Perfil da ousadia arquitetônica de um sonho de vivenda.
Rua. Escadas.
Portas. Janelas.
Entranças delicadas.
Jardim florido.
Azulejos e pisos que desenhavam uma idéia.
O teto. O telhado acolhedor do tempo e de suas mazelas.
Pavimentos conquistados palmo a palmo.
Beleza projetada.
Foi assim.
O resto...
O jardim murchou.
As portas se fecharam entreabertas.
A escada feneceu torta, com seus degraus desgastados.
Ruíram-se suas retas.
Janelas aos pedaços.
Vidros acinzentados.
Destroços de um passado glorioso.
Falência da estética concebida.
Azulejos e pisos em formas antiquadas.
Estrutura decadente de construção torneada.
Dejetos e vestígios de uma saudade.
Pavimentos rejeitados palmo a palmo.
Beleza despojada.
Ruína inconcebível.
Degradação intolerada.
É assim.
17/09/2011 – 01:35
Chiquinho Silva
Chiquinho, junto da beleza de estar numa ruína é ler seus poemas, linha a linha, palavra por palavra. Gosto disso tudo que vc faz e escreve.
ResponderExcluirUma comunidade sem cultura está fadada à ruinas...
ResponderExcluirCheiro de uma nova paisagem para o Coletivo Pegando o Gancho